Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1
Em 1296, o famoso William Wallace iniciou um levante popular e Bruce uniu-se a ele. Os ingleses revidaram tomando vários castelos importantes como Edimburgo e Berwick, e Wallace acabou sendo executado.
Robert Bruce tinha um temperamento duro, estava convencido que sua família tinha sido privada da coroa escocesa e era o campeão natural da nação escocesa. Fez-se coroar em 27 de março de 1306 em Scone.
Mas logo foi derrotado por uma pequena tropa inglesa em Methven, nos arredores de Perth. Ele fugiu e com um pequeno número de homens resolutos enfrentou as forças inglesas que o perseguiam, obtendo vitórias e sofrendo derrotas.
Bruce não se intimidou com os fracassos porque encarnou o espírito escocês que diz: “combater é uma grande coisa, realizar uma grande vida é ter participado de uma grande guerra. O homem alcança a plenitude quando ele é um herói e expõe a sua vida por uma causa justa. Ainda que seja ferido, que fique inválido, ainda que morra, em lutar e em ter sido corajoso eu me realizei”.
A guerra de independência durou de 1306 a 1314 e Bruce de chefe da guerrilha passou a líder nacional.
A situação de início não lhe foi favorável, pois o reino era assaltado pelas tropas inglesas e o norte da Escócia lhe era hostil.
Robert Bruce, medalha comemorativa |
O rei inglês estava doente e tinha ordenado vencer Bruce, mas o exército não chegou à Escócia, porque o monarca morreu nos arredores do rio Solway amaldiçoando os escoceses.
Bruce foi recuperando castelo a castelo e em 1324 tinha todos os castelos da Escócia em suas mãos, exceto o de Stirling, último bastião inglês ao Norte.
Ele reuniu seu primeiro Parlamento e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 teve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh.
Bruce teve o apoio da Igreja e afinal derrotou em 1314 em Bannockburn o exército de Eduardo II que tentava perfurar o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling.
A vitória foi espetacular. O exército inglês contava com 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes, três vezes mais que Bruce.
A “Declaração de Arbroath” em 1320, reafirmou a independência da Escócia e o controvertido papa João XXII de Avignon reconheceu-o como rei da Escócia em 1322.
Robert invadiu ainda duas vezes a Inglaterra e fez guerras contra o rei Eduardo II e seu filho Eduardo III. Em 1328, os dois países assinaram o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que tinha Bruce de nomear herdeiro ao trono.
Túmulo do rei Robert Bruce na abadia de Dunfermline |
A partir dele, até chegar a desgraça do protestantismo, cessaram os conflitos de lealdade com o vizinho do Sul.
Foi graças a Bruce que a Escócia não desapareceu da história. Se Bruce não tivesse se empenhado na independência, muito provavelmente a Escócia não existiria hoje como país.
Correspondeu às seitas presbiteriana e anglicana entre outras, a péssima tarefa de rachar o país, prostra-lo moral e animicamente e entregar a coroa a uma rainha herética do sul.
Sinal do fundo do espírito do herói escocês: Bruce sempre quis partir em Cruzada contra os muçulmanos.
Quando morreu seu coração foi posto num cofre de prata e levado por Sir James Douglas, que se uniu às tropas do rei de Castela e morreu em luta contra os mouros.
Antes de morrer, jogou o cofrezinho com o coração de Robert Bruce no meio do alvoroço da batalha e gritou: “Vá adiante, coração valente, como sempre fez e eu o seguirei ou morrerei!” O cofre foi recuperado e voltou à Escócia. De alguma maneira seu catolicíssimo sonho se realizou!
Robert Bruce, estátua en Bannockburn |
Deixou o reino mais forte do que nunca, com Parlamentos regularmente convocados, impostos recolhidos, havia paz entre os magnatas e o serviço devido ao rei pelos barões regularizado e em ordem.
Mais ainda do que sua gloriosa participação na história escocesa, Bruce deixou – entre mil misérias pessoais – um ensinamento para seu povo:
“Se Deus existe, a gente enfrenta tudo por amor de Deus, por amor da causa católica, do país, e quando o país está empenhado na guerra a gente deve defende-lo com virtude católica. Então sim, a gente pode dizer: que beleza e que magnífica realização!”
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