Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Dom Nuno Álvares Pereira reuniu em si o conjunto de virtudes e predicados que fazem dele o arquétipo de qualquer cristão.
Frei Nuno de Santa Maria — seu nome religioso — é um personagem indivisível, e como tal deve ser visto.
Sobre este homem pousou, desde cedo, a mão da Providência. A sua vida foi uma sucessão contínua de prodígios e de lutas; e as suas ações, quer como condestável dos exércitos, quer como grande esmoler, foram aureoladas pela glória e humildade.
Corria o ano de 1360. Na festa de São João Batista, a 24 de junho, nasceu ele em Cernache do Bonjardim (140 quilômetros a norte de Lisboa), recebendo no Batismo o nome de Nuno. Descendia por ambos os lados da mais alta nobreza de Portugal.
Com tenra idade, como era hábito naquele tempo, foi viver entre cavaleiros e escudeiros. Os grandes feitos da cavalaria medieval povoavam os horizontes dos jovens da época. A Crônica do Condestável está repleta desses relatos.
Recebera em casa uma esmerada educação e sólida formação cristã. Ambas, aliadas à retidão de alma de Nuno, produziram efeitos duradouros que hoje nimbam a imagem do Condestável, cujo culto universal a Igreja Católica legitimará com a sua canonização.
Aos 13 anos acompanha o pai à Corte, que se achava em Santarém, uma vez que Henrique II de Castela invadira Portugal e marchava sobre Lisboa.
Ele e o irmão Diogo recebem do Rei Dom Fernando de Portugal a ordem de colher informações sobre os invasores.