terça-feira, 20 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2

Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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continuação do post anterior: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1



Em 1296, o famoso William Wallace iniciou um levante popular e Bruce uniu-se a ele. Os ingleses revidaram tomando vários castelos importantes como Edimburgo e Berwick, e Wallace acabou sendo executado.

Robert Bruce tinha um temperamento duro, estava convencido que sua família tinha sido privada da coroa escocesa e era o campeão natural da nação escocesa. Fez-se coroar em 27 de março de 1306 em Scone.

Mas logo foi derrotado por uma pequena tropa inglesa em Methven, nos arredores de Perth. Ele fugiu e com um pequeno número de homens resolutos enfrentou as forças inglesas que o perseguiam, obtendo vitórias e sofrendo derrotas.
Bruce não se intimidou com os fracassos porque encarnou o espírito escocês que diz: “combater é uma grande coisa, realizar uma grande vida é ter participado de uma grande guerra. O homem alcança a plenitude quando ele é um herói e expõe a sua vida por uma causa justa. Ainda que seja ferido, que fique inválido, ainda que morra, em lutar e em ter sido corajoso eu me realizei”.

A guerra de independência durou de 1306 a 1314 e Bruce de chefe da guerrilha passou a líder nacional.

A situação de início não lhe foi favorável, pois o reino era assaltado pelas tropas inglesas e o norte da Escócia lhe era hostil.

Robert Bruce, medalha comemorativa
Robert Bruce, medalha comemorativa
Mas em 1307 Bruce desembarcou perto de seu castelo de Turnberry, encontrando a área coberta de tropas inglesas. Porém, na colina de Loudon em Lanarkshire, ele os venceu tomando cavalos, e armas.

O rei inglês estava doente e tinha ordenado vencer Bruce, mas o exército não chegou à Escócia, porque o monarca morreu nos arredores do rio Solway amaldiçoando os escoceses.

Bruce foi recuperando castelo a castelo e em 1324 tinha todos os castelos da Escócia em suas mãos, exceto o de Stirling, último bastião inglês ao Norte.

Ele reuniu seu primeiro Parlamento e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 teve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh.

Bruce teve o apoio da Igreja e afinal derrotou em 1314 em Bannockburn o exército de Eduardo II que tentava perfurar o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling.

A vitória foi espetacular. O exército inglês contava com 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes, três vezes mais que Bruce.

A “Declaração de Arbroath” em 1320, reafirmou a independência da Escócia e o controvertido papa João XXII de Avignon reconheceu-o como rei da Escócia em 1322.

Robert invadiu ainda duas vezes a Inglaterra e fez guerras contra o rei Eduardo II e seu filho Eduardo III. Em 1328, os dois países assinaram o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que tinha Bruce de nomear herdeiro ao trono.

Túmulo do rei Robert Bruce na abadia de Dunfermline
O herói morreu pouco depois. Ele fez mais pelo seu reino do que numerosos outros reis anteriores, pois uniu a Escócia constantemente dividida em guerras internas entre seus poderosos clãs familiares.

A partir dele, até chegar a desgraça do protestantismo, cessaram os conflitos de lealdade com o vizinho do Sul.

Foi graças a Bruce que a Escócia não desapareceu da história. Se Bruce não tivesse se empenhado na independência, muito provavelmente a Escócia não existiria hoje como país.

Correspondeu às seitas presbiteriana e anglicana entre outras, a péssima tarefa de rachar o país, prostra-lo moral e animicamente e entregar a coroa a uma rainha herética do sul.

Sinal do fundo do espírito do herói escocês: Bruce sempre quis partir em Cruzada contra os muçulmanos.

Quando morreu seu coração foi posto num cofre de prata e levado por Sir James Douglas, que se uniu às tropas do rei de Castela e morreu em luta contra os mouros.

Antes de morrer, jogou o cofrezinho com o coração de Robert Bruce no meio do alvoroço da batalha e gritou: “Vá adiante, coração valente, como sempre fez e eu o seguirei ou morrerei!” O cofre foi recuperado e voltou à Escócia. De alguma maneira seu catolicíssimo sonho se realizou!

Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Bruce é lembrado como o Bom Rei Roberto e seu legado foi confirmar a Escócia não apenas como um reino mas uma nação.

Deixou o reino mais forte do que nunca, com Parlamentos regularmente convocados, impostos recolhidos, havia paz entre os magnatas e o serviço devido ao rei pelos barões regularizado e em ordem.

Mais ainda do que sua gloriosa participação na história escocesa, Bruce deixou – entre mil misérias pessoais – um ensinamento para seu povo:

“Se Deus existe, a gente enfrenta tudo por amor de Deus, por amor da causa católica, do país, e quando o país está empenhado na guerra a gente deve defende-lo com virtude católica. Então sim, a gente pode dizer: que beleza e que magnífica realização!”




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terça-feira, 6 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1

Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Luis Dufaur
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Robert Bruce VII, ou Robert I, rei da Escócia, nasceu nas terras ancestrais, provavelmente no castelo de Turnberry, em Ayrshire, em 11 de julho de 1274 e morreu em 7 de junho de 1329.

Ele foi conde de Carrick, tinha ascendência real, e foi coroado rei da Escócia em 1306 e está sepultado na Abadia de Dunfermline.

Ele foi um dos mais famosos e corajosos guerreiros de sua geração. Comandou os escoceses durante as Guerras de Independência Escocesa contra a Inglaterra.

Malgrado um temperamento difícil, Bruce encarnou a Escócia brumosa, montanhosa, dos aguardentes como o gin e o whisky, a Escócia dos lagos que mantém suas tradições, lendas e mitos no norte da Europa e da ilha britânica, um pouco longe dos grandes ventos da civilização.

Sua educação foi típica dos jovens nobres e cavaleiros da época, treinado nas artes cavalheirescas, na espada e na luta corporal.

Eles eram preparados para fazer a guerra num ambiente de proeza e de façanha. A façanha valia mais do que as temidas frechas e as incipientes armas de fogo.

De ali a importância para os guerreiros escoceses da gaita-de-fole que incute heroísmo se expondo às balas e mandando avançar.

Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Nele convergiam a velha cultura gaélica e a nova anglo-normanda, que com raízes na França, vinha por meio da Inglaterra.

As casas reais da Escócia e da Inglaterra tinham um longo passado de parentesco.

Porém, a Escócia era vista como a irmã pobre da ilha, mais atrasada e rural do que a Inglaterra.

De jovem, Robert viajou muito entre as terras e castelos da família, Lochmaben em Annandale e Turnberry e Loch Doon em Carrick.

Mas, também passou temporadas nas terras inglesas, o que era comum, pois muitos lordes possuíam terras na nação vizinha.

Robert frequentou a corte de Eduardo I da Inglaterra desde muito jovem e lhe jurou fidelidade em 1296 enquanto conde de Carrick, seguindo o estilo feudal.

Era letrado e falava o latim, língua da Igreja Católica, o francês, falado na Corte da Inglaterra, e o gaélico escocês.

A Escócia foi um reino independente até 1286 quando morreu o rei Alexandre III deixando o trono vago.

Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Houve disputas pela sucessão e, para preservar o trono e a ordem, os nobres escoceses e a Igreja Católica procuraram um sucessor e encontraram candidatos nas famílias dos Balliol e dos Bruces.

Então teve início uma longa briga pela sucessão.

A 17 de novembro de 1292, Eduardo I da Inglaterra favoreceu John Balliol que foi coroado com ampla pompa e falta de apoio dos Bruces.

Os conflitos entre os aliados dos Balliol e dos Bruces acenderam o pavio da guerra pela independência.

Eduardo I se viu obrigado a combater os Balliol, e os Bruces apoiaram, pois se recusavam a lutar pelo rei que julgavam ilegítimo.

A guerra pela independência ia começar.


continua no próximo post: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2


Vídeo: Marcha dos arqueiros de Robert Bruce executada na entrada de Santa Joana d'Arco em Orléans





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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Saladino foge de Jaffa humilhado por Ricardo Coração de Leão

Luis Dufaur
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Após a conquista de Jaffa, o sentimento unanime do exército pedia empreender logo o sitio de Jerusalém.

Em três ocasiões o rei Ricardo chegou tão perto da Cidade Santa que acreditou-se terem voltado as horas maravilhosas de julho de 1099 quando os cruzados tomaram Jerusalém.

No dia de Natal de 1191 eles estavam a só vinte quilômetros da cidade sagrada. Naquele momento, relata Ambrósio, os soldados lustravam alegremente seus elmos, os doentes diziam-se sarados para ver eles também, a cúpula do Templo.

Porém para surpresa de todos, Ricardo deu meia volta. É que do ponto de vista estratégico as circunstancias não eram as mesmas da primeira cruzada.

Godofredo de Bouillon pôde iniciar com toda tranqüilidade o sítio de Jerusalém porque nenhum exército muçulmano viria a perturbar sua tarefa. Mas, para Ricardo as coisas não estavam no mesmo pé.

Saladino com um exército superior em número era dono das redondezas. Ele acompanhava de perto os movimentos de Ricardo e as tropas turcas dominavam o topo dos morros prestes a cair sobre a retaguarda da coluna franca se ela empreendia o assalto das muralhas de Jerusalém.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Ricardo I de Inglaterra, Coração de Leão, quebrou Saladino

Ricardo Coração de Leão, estátua em Londres
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Na terceira Cruzada, Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, empreendeu a reconquista do litoral palestino desde São João de Acre até Ascalão.

A coluna franca, descendo de norte a sul, progredia ao longo da costa. 

Ela era reabastecida em cada etapa pela frota cristã que tinha ficado senhora do mar.

O exército de Saladino fazia um movimento paralelo, mas do lado das colinas, procurando aproveitar a menor falha para acossar ou surpreender a Ricardo.

“A cavalaria e a infantaria dos Francos, escreve o cronista turco el-Imad, avançava pela praia, tendo o mar à sua direita e nosso exército à sua esquerda.

“A infantaria formava como que uma muralha em volta dos cavalos.

“Os homens estavam revestidos de casacos de feltro e cotas de malha de tal maneira fechadas que as flechas não podiam perfurá-los.

“Equipados com poderosas bestas, eles mantinham nossos cavaleiros à distância”.

O caid Behâ ed-Din conta ter visto um soldado franco que carregava até dez flechas encravadas nas costas de seu casaco sem ligar a mínima para o fato.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Imperador Rodolfo de Habsburgo: em lugar de cetro, um crucifixo

Imperador Rodofo I, prefeitura de Olomuc, Rep. Checa
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No ano de 1273, o arcebispo de Colônia sagrava na catedral de Aquisgrana o imperador Rodolfo I de Habsburgo (1218-1291).

Terminada a cerimônia, o imperador, de cetro em punho, devia dar aos príncipes a investidura de seus domínios.

Como não foi possível encontrar logo o cetro, Rodolfo, tomando o crucifixo de prata do altar, disse:

“Esta é a bandeira d’Aquele que derramou todo o seu Sangue por nós; é o sinal da Redenção, fonte de paz e de todo o direito.

“Este será também o meu cetro contra os inimigos meus e os do império.”

Esta confissão de fé causou em todos grande impressão, aumentando a veneração pelo imperador, a quem Deus concedeu um reinado próspero e afortunado sob a proteção da Cruz.

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Tropa de heróis: a Guarda Suiça Pontificia

Guarda Suiça Pontificia
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Carlos VII rei da França, em 1453, fez aliança com o povo helvético. O acordo foi renovado em 1474 por Luís XI, que tinha ficado admirado em Basiléia pela resistência da Suíça contra um adversário vinte vezes superior.

Luís XI alistou suíços como instrutores para o exército francês. O rei da Espanha fez a mesma coisa. Os suíços foram descritos por Guicciardini como “o nervo e a esperança de um exército”. Em 1495 o rei francês teve a vida salva graças à firmeza inabalável de sua infantaria suíça.

Os guardas suíços continuavam, entretanto, submissos às autoridades de seus cantões natais, verdadeiros proprietários destas tropas que se reservavam o direito de recolhê-las quando bem entendessem.

Os regimentos suíços eram corpos armados totalmente independentes. Tinham suas próprias regras, seus juízes e seus chefes.

terça-feira, 14 de julho de 2020

O mistério do 'cavaleiro verde'

Batalha de Tiro, 1187. 'Les Passages d'Outremer'. Foto Wikipedia
O 'Cavaleiro Verde' na batalha de Tiro, 1187. 'Les Passages d'Outremer'. Foto Wikipedia
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Mais de 900 anos atrás, lutou na Terra Santa um cavaleiro espanhol de nome Sancho Martín.

Pelos seus atos corajosos e suas roupas de cor marcante, os turcos o apelidaram de O Cavaleiro Verde.

A não confundir com o personagem fictício “Green Knight” do poema do Rei Arturo.

Agora, o livro “El Caballero Verde” com sua curta história, ganhou o Prêmio Narrativo da Cidade de Logroño, segundo noticiou o jornal espanhol “El Mundo”.

E aí começa o mistério. Fonte histórica de época alguma sabe dizer quem foi Sancho Martín.

Tal vez foi aragonês, navarro ou castelhano, pelo nome Sancho. As fontes árabes lhe atribuem origem em Castela, mas não se pode ter certeza.

Apareceu em Terra Santa, no início da Terceira Cruzada, após a perda de Jerusalém (1187) e quando só ficavam poucos enclaves cristãos na costa da Síria.

Tudo parecia perdido para os seguidores de Cristo, quando desceu de um navio um cavaleiro de bravura e liderança inigualada. Ele vestia todo de verde e ostentava uma cornadura de cervo em seu capacete.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Santiago Matamouros, modelo dos hérois cruzados

Busto do Apóstolo Santiago, catedral de Compostela
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As proporções que a devoção a Santiago de Compostela tomou em toda a Espanha medieval somente pode ser entendidas no contexto da invasão muçulmana.

Tudo começou pelo ano de 813, quanto um eremita de nome Pelayo acompanhado por alguns pastores, deparou-se com uma estranha luminosidade.

Ela se espalhava sobre um pequeno bosque nas proximidades de um morro do interior da Galícia chamado Libredón.

A paisagem, em certos momentos, ficava tão clara que parecia um campo estrelado (Campus Stellae = Compostela).

Teodomiro, o bispo local, informado do estranho fenômeno, soube que a luz focara no chão uma antiga arca de mármore.

Ela conteria os restos humanos atribuídos ao Apostolo Santiago (isto é, São Iago, São Jacó, o filho de Zebedeu, irmão de João Evangelista).

terça-feira, 2 de junho de 2020

Beata Francisca de Amboise, duquesa soberana da Bretanha, símbolo da santidade do feudalismo

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A Bem-aventurada Francisca de Amboise, viúva, foi filha dos príncipes de Talmont e viscondes de Thouars.

Ao lado de seu esposo, foi coroada duquesa de Bretanha.

Depois de viúva, professou na ordem do Carmo. (29 de maio de 1427 ‒ 4 de novembro de 1485).

Fundadora do primeiro convento de carmelitas da França. Morreu em Nantes no convento carmelita que também ela tinha fundado.

Foi beatificada pelo Papa Pio IX em 1863.

À medida que correm os tempos, o número de sacerdotes e clérigos santos vai diminuindo.

Mas diminui muito mais o número de príncipes e princesas santos.

Na Idade Média havia uma multidão de imperatrizes, reis, príncipes e princesas santos. Nos tempos modernos, nenhum foi canonizado. Nos tempos contemporâneos, um ou outro; muito raro.

terça-feira, 5 de maio de 2020

O conde de Ostrevent: cruzado chamado ao Paraíso

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Anselmo II conde de Ostrevent, dito de Ribemont, e também Barbatus, possuia feudos que se estendiam pela Picardia (França) e Flandres (Bélgica).

Foi o porta-estandarte de Godofredo de Bouillon, e embaixador dos cruzados diante do Imperador de Bizâncio Alexis Comneno que fazia um jogo duplo com os turcos.

Quando os muçulmanos sitiaram os cruzados na cidade de Antioquia, Anselmo fez uma saída memorável de rara audácia que rompeu o cerco e permitiu aos francos montar a ofensiva que deu na derrota dos inimigos de Deus.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Santo Anselmo de Cantuária: herói na defesa da ortodoxia católica e da legitimidade face aos reis

Santo Anselmo de Cantuaria, Cambridge

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Anselmo nasceu em Aosta, Itália, filho do nobre Gondulfo e da piedosa Ermenberga. Entregou-se cedo à virtude, tendo muito sucesso nos estudos.

Aos 15 anos já se preocupava com altas questões metafísicas e teológicas, e quis entrar num mosteiro. Mas os monges negaram-lhe a entrada, por medo de desagradar seu pai.

Não podendo ingressar na vida religiosa, Anselmo entregou-se gradualmente aos prazeres mundanos.

Com o falecimento de sua genitora seu pai tornou-se mal-humorado e violento.

Anselmo fugiu de casa. Vagou pela Itália e pela França, conheceu a fome e a fadiga, e chegou ao mosteiro de Bec, na França, onde havia a escola mais afamada do século XI, dirigida por seu famoso conterrâneo, Lanfranco.

Discípulo suplanta o mestre


Anselmo entregou-se então vorazmente ao estudo, esquecendo-se às vezes até das refeições e recreação.

“Seus progressos eram tão admiráveis quanto sua amabilidade, e logo foi tido como um prodígio de saber e seus condiscípulos creram que fazia milagres, por sua piedade e virtude”.

Apesar de todos seus sucessos, Anselmo tinha uma grande perplexidade: “Estou resolvido a fazer-me monge; mas, onde? Pois bem, far-me-ei monge onde possa pisotear minhas ambições, onde seja estimado menos que os demais, onde seja pisoteado por todos”.

Em Bec foi ordenado sacerdote em 1060. Em 1066 foi eleito Abade. Seu primeiro biógrafo, Eadmer, conta comovente cena ocorrida nessa ocasião, típica da Idade Média: o eleito abade prosterna-se diante de seus irmãos, pedindo-lhes com lágrimas que não o onerassem com aquele fardo, enquanto os irmãos, também prosternados, insistem com ele para que aceite o ofício.

terça-feira, 7 de abril de 2020

O martírio de Reinaldo e dos cavaleiros cristãos em Antioquia (1098)

Luis Dufaur
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O Pe. Peter Tudebode, testemunha ocular do fato, deixou escrito que durante o cerco de Antioquia na I Cruzada, precisamente o dia 3 de abril de 1098, os muçulmanos conduziram ao topo das muralhas da cidade o nobre cavaleiro Reinaldo Porchet [também lembrado como Reynaud Porquet], que eles tinham acabado de prender numa emboscada.

Daquela ‘tribuna’, ele deveria perguntar aos peregrinos cristãos quanto eles pagariam pela sua libertação a fim de impedir que os turcos lhe cortassem a cabeça.

Segundo descreve o livro de Yvonne Friedman “Choques entre inimigos: Captura e no Reino Latino de Jerusalém” (“Encounter Between Enemies: Captivity and Ransom in the Latin Kingdom of Jerusalem”) mercadejar prisioneiros para obter resgate era uma prática frequente, quando se tratava de pessoas de boa condição.

Era, aliás, segundo o autor “um método diplomático para um encontro pacífico com o inimigo num interlúdio das batalhas”.

terça-feira, 10 de março de 2020

São Gregório Magno: o leão vigilante que acordava os bispos moles

São Gregório Magno, Menlo Park, Califórnia.
São Gregório Magno, Menlo Park, Califórnia.
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São Gregório Magno foi papa entre 3 de setembro de 590 e sua morte, em 12 de março de 604. Também ficou conhecido como Gregório, o Dialogador na Ortodoxia por causa de seus “Diálogos” muito diversos dos atuais que procuram o relativismo e o meio termo.

Ele foi um herói da ortodoxia, quer dizer do ensinamento reto, no qual foi um leão. Tal foi a força de seu pensamento que até o heresiarca João Calvino no século XVI teve que se render diante de seus feitos e declarar em seus péssimos escritos antipapistas ou “Institutos” que São Gregório teria sido o “último bom papa”.

São Gregório Magno é Doutor e Padre da Igreja.

Foi o primeiro papa a ter sido monge antes do pontificado e sua obra no Papado, contrariamente à crise atual, foi de um rigor e de uma mansidão que corrigiu todos os abusos ou fraquezas que encontrou.

Nasceu por volta do ano 540 em Roma e seus pais o batizaram Gregorius, que em grego significa “vigilante”, em inglês 'watchful'. O nome deriva de outro semelhante que significa “despertado do sono” ou “acordar alguém”.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Guilherme Marechal, da Inglaterra,
o melhor cavaleiro do mundo

Guilherme, marechal da Inglaterra, Temple Church, Londres
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O rei Felipe Augusto da França tinha a Corte reunida na região do Gâtinais quando lhe chegou a nova da morte de Guilherme, a quem muito apreciava.

Em companhia de seus parentes e dos principais barões, acabava de jantar.

Os senhores de posição inferior, que haviam servido a mesa, começavam a comer. Entre eles se encontrava Ricardo, o segundo filho do Marechal.

O Rei teve a gentileza de esperá-lo terminar a refeição. E depois, perante a assembleia atenta, voltou-se para Guilherme de Barres, seu amigo:

“‒ Ouviste o que me disseram?
‒ O que disseram a Vossa Alteza?
‒ Por minha Fé, vieram-me dizer que o Marechal, que foi tão leal, está enterrado.
‒ Que Marechal?
– O da Inglaterra, Guilherme, valoroso que foi, e sábio. Em nosso tempo não houve em lugar algum melhor cavaleiro e que melhor soubesse manejar as armas.
– O que dizes?
– “Afirmo, e Deus me seja testemunha, que jamais conheci melhor cavaleiro que ele em toda a minha vida”.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Fernán González, conde de Castela, herói de legenda

Don Fernán González, conde de Castela
Don Fernán González, conde de Castela
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Estava o conde Fernán González caçando com os seus cavaleiros na vila de Lara. De repente, um feroz javali saiu disparado de um matagal.

O conde, desejoso de caçar tão boa presa, sem esperar por seus companheiros, saiu a cavalo em perseguição ao animal, que corria velozmente.

Por fim chegou a uma ermida desconhecida, onde o javali se meteu pela porta.

Então o conde, pegando a espada, se dirigiu à ermida, onde a fera tinha entrado.

O javali havia se refugiado atrás do altar. O conde se ajoelhou diante do altar e começou a rezar.

Neste momento saiu da sacristia um monge de venerável aspecto e avançada idade, apoiado num rude e retorcido cajado.

Aproximou-se do conde e saudou-o, dizendo:

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Fernão Antolínes, o herói que uma vez não chegou ao combate

Fernán Antolinez, Heróis medievais
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Fernán Gonzalez, primeiro conde de Castela, guerreava continuamente contra os mouros, fazendo tal número de mortos que não podiam ser contados.

Derramou o sangue de vários reis muçulmanos, cujos reinos ele ia incorporando ao reino de Castela.

O bom conde foi em busca dos exércitos muçulmanos que, saindo de Gormas, na província de Soria, acamparam no vale de Cascavajes.

Aí os enfrentou Fernán Gonzalez, acompanhado de seu valoroso exército formado pelos mais nobres cavaleiros castelhanos.

Entre estes estava Fernán Antolinez, cavaleiro profundamente religioso, que tinha o costume de ir à igreja todos os dias, ao romper da aurora, e aí permanecer rezando enquanto não tivesse terminado a última missa.

Existia ali perto um magnífico santuário, que o conde Garcia Fernandez havia fundado perto do castelo de Santo Estêvão.

Fernán Gonzalez fez grandes doações a este mosteiro, e trouxe para ali habitar oito monges do mosteiro de São Pedro de Arlanza.