terça-feira, 20 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2

Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1



Em 1296, o famoso William Wallace iniciou um levante popular e Bruce uniu-se a ele. Os ingleses revidaram tomando vários castelos importantes como Edimburgo e Berwick, e Wallace acabou sendo executado.

Robert Bruce tinha um temperamento duro, estava convencido que sua família tinha sido privada da coroa escocesa e era o campeão natural da nação escocesa. Fez-se coroar em 27 de março de 1306 em Scone.

Mas logo foi derrotado por uma pequena tropa inglesa em Methven, nos arredores de Perth. Ele fugiu e com um pequeno número de homens resolutos enfrentou as forças inglesas que o perseguiam, obtendo vitórias e sofrendo derrotas.
Bruce não se intimidou com os fracassos porque encarnou o espírito escocês que diz: “combater é uma grande coisa, realizar uma grande vida é ter participado de uma grande guerra. O homem alcança a plenitude quando ele é um herói e expõe a sua vida por uma causa justa. Ainda que seja ferido, que fique inválido, ainda que morra, em lutar e em ter sido corajoso eu me realizei”.

A guerra de independência durou de 1306 a 1314 e Bruce de chefe da guerrilha passou a líder nacional.

A situação de início não lhe foi favorável, pois o reino era assaltado pelas tropas inglesas e o norte da Escócia lhe era hostil.

Robert Bruce, medalha comemorativa
Robert Bruce, medalha comemorativa
Mas em 1307 Bruce desembarcou perto de seu castelo de Turnberry, encontrando a área coberta de tropas inglesas. Porém, na colina de Loudon em Lanarkshire, ele os venceu tomando cavalos, e armas.

O rei inglês estava doente e tinha ordenado vencer Bruce, mas o exército não chegou à Escócia, porque o monarca morreu nos arredores do rio Solway amaldiçoando os escoceses.

Bruce foi recuperando castelo a castelo e em 1324 tinha todos os castelos da Escócia em suas mãos, exceto o de Stirling, último bastião inglês ao Norte.

Ele reuniu seu primeiro Parlamento e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 teve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh.

Bruce teve o apoio da Igreja e afinal derrotou em 1314 em Bannockburn o exército de Eduardo II que tentava perfurar o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling.

A vitória foi espetacular. O exército inglês contava com 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes, três vezes mais que Bruce.

A “Declaração de Arbroath” em 1320, reafirmou a independência da Escócia e o controvertido papa João XXII de Avignon reconheceu-o como rei da Escócia em 1322.

Robert invadiu ainda duas vezes a Inglaterra e fez guerras contra o rei Eduardo II e seu filho Eduardo III. Em 1328, os dois países assinaram o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que tinha Bruce de nomear herdeiro ao trono.

Túmulo do rei Robert Bruce na abadia de Dunfermline
O herói morreu pouco depois. Ele fez mais pelo seu reino do que numerosos outros reis anteriores, pois uniu a Escócia constantemente dividida em guerras internas entre seus poderosos clãs familiares.

A partir dele, até chegar a desgraça do protestantismo, cessaram os conflitos de lealdade com o vizinho do Sul.

Foi graças a Bruce que a Escócia não desapareceu da história. Se Bruce não tivesse se empenhado na independência, muito provavelmente a Escócia não existiria hoje como país.

Correspondeu às seitas presbiteriana e anglicana entre outras, a péssima tarefa de rachar o país, prostra-lo moral e animicamente e entregar a coroa a uma rainha herética do sul.

Sinal do fundo do espírito do herói escocês: Bruce sempre quis partir em Cruzada contra os muçulmanos.

Quando morreu seu coração foi posto num cofre de prata e levado por Sir James Douglas, que se uniu às tropas do rei de Castela e morreu em luta contra os mouros.

Antes de morrer, jogou o cofrezinho com o coração de Robert Bruce no meio do alvoroço da batalha e gritou: “Vá adiante, coração valente, como sempre fez e eu o seguirei ou morrerei!” O cofre foi recuperado e voltou à Escócia. De alguma maneira seu catolicíssimo sonho se realizou!

Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Bruce é lembrado como o Bom Rei Roberto e seu legado foi confirmar a Escócia não apenas como um reino mas uma nação.

Deixou o reino mais forte do que nunca, com Parlamentos regularmente convocados, impostos recolhidos, havia paz entre os magnatas e o serviço devido ao rei pelos barões regularizado e em ordem.

Mais ainda do que sua gloriosa participação na história escocesa, Bruce deixou – entre mil misérias pessoais – um ensinamento para seu povo:

“Se Deus existe, a gente enfrenta tudo por amor de Deus, por amor da causa católica, do país, e quando o país está empenhado na guerra a gente deve defende-lo com virtude católica. Então sim, a gente pode dizer: que beleza e que magnífica realização!”




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terça-feira, 6 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1

Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Robert Bruce VII, ou Robert I, rei da Escócia, nasceu nas terras ancestrais, provavelmente no castelo de Turnberry, em Ayrshire, em 11 de julho de 1274 e morreu em 7 de junho de 1329.

Ele foi conde de Carrick, tinha ascendência real, e foi coroado rei da Escócia em 1306 e está sepultado na Abadia de Dunfermline.

Ele foi um dos mais famosos e corajosos guerreiros de sua geração. Comandou os escoceses durante as Guerras de Independência Escocesa contra a Inglaterra.

Malgrado um temperamento difícil, Bruce encarnou a Escócia brumosa, montanhosa, dos aguardentes como o gin e o whisky, a Escócia dos lagos que mantém suas tradições, lendas e mitos no norte da Europa e da ilha britânica, um pouco longe dos grandes ventos da civilização.

Sua educação foi típica dos jovens nobres e cavaleiros da época, treinado nas artes cavalheirescas, na espada e na luta corporal.

Eles eram preparados para fazer a guerra num ambiente de proeza e de façanha. A façanha valia mais do que as temidas frechas e as incipientes armas de fogo.

De ali a importância para os guerreiros escoceses da gaita-de-fole que incute heroísmo se expondo às balas e mandando avançar.

Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Nele convergiam a velha cultura gaélica e a nova anglo-normanda, que com raízes na França, vinha por meio da Inglaterra.

As casas reais da Escócia e da Inglaterra tinham um longo passado de parentesco.

Porém, a Escócia era vista como a irmã pobre da ilha, mais atrasada e rural do que a Inglaterra.

De jovem, Robert viajou muito entre as terras e castelos da família, Lochmaben em Annandale e Turnberry e Loch Doon em Carrick.

Mas, também passou temporadas nas terras inglesas, o que era comum, pois muitos lordes possuíam terras na nação vizinha.

Robert frequentou a corte de Eduardo I da Inglaterra desde muito jovem e lhe jurou fidelidade em 1296 enquanto conde de Carrick, seguindo o estilo feudal.

Era letrado e falava o latim, língua da Igreja Católica, o francês, falado na Corte da Inglaterra, e o gaélico escocês.

A Escócia foi um reino independente até 1286 quando morreu o rei Alexandre III deixando o trono vago.

Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Houve disputas pela sucessão e, para preservar o trono e a ordem, os nobres escoceses e a Igreja Católica procuraram um sucessor e encontraram candidatos nas famílias dos Balliol e dos Bruces.

Então teve início uma longa briga pela sucessão.

A 17 de novembro de 1292, Eduardo I da Inglaterra favoreceu John Balliol que foi coroado com ampla pompa e falta de apoio dos Bruces.

Os conflitos entre os aliados dos Balliol e dos Bruces acenderam o pavio da guerra pela independência.

Eduardo I se viu obrigado a combater os Balliol, e os Bruces apoiaram, pois se recusavam a lutar pelo rei que julgavam ilegítimo.

A guerra pela independência ia começar.


continua no próximo post: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2


Vídeo: Marcha dos arqueiros de Robert Bruce executada na entrada de Santa Joana d'Arco em Orléans





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