terça-feira, 30 de novembro de 2021

Pedro Álvares Cabral, herói de nobre estirpe, até hoje atrai o ódio revolucionário

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Portugal é um país pequeno em dimensões, mas enorme quanto a tradições históricas e valor humano.

Era uma nação de pouco mais de 1 milhão de habitantes quando se lançou na proeza de expandir a Fé e o Império por um mundo até então desconhecido.

Nesse novo mundo, misterioso e fascinante para os europeus da época, inseria-se o nosso Brasil.

Hoje, transcorridos cinco séculos, permanecem ignorados da grande maioria dos brasileiros, fatos relativos à figura do protagonista desse marcante evento histórico – Pedro Álvares Cabral. Assim, é por nós pouco conhecido aquele que tornou o Brasil conhecido.

De elevada linhagem


Quem, afinal, foi o homem que a história menciona como aquele que descobriu a Ilha de Vera Cruz, posteriormente chamada de Terra de Santa Cruz e, finalmente, Brasil?

Sua história ainda não foi por completo estudada (e talvez nunca o venha a ser), embora muitos pormenores sejam conhecidos dos historiadores.

No ano de 1468,(1) no Castelo de Belmonte, propriedade da família Cabral, nascia um menino de nome Pedro, filho de Fernão Cabral e de Dona Isabel de Gouveia. Fernão Cabral lutou ao lado de D. João I e os três Infantes, na famosa conquista de Ceuta, em 1415, junto com seu pai, Luís Álvares Cabral.

A genealogia e a origem do nome Cabral perdem-se nas brumas da história portuguesa. O Visconde de Sanchez de Baêna assim escreve:
“A família Cabral demarca a sua existência desde tempos imemoráveis .... Nenhuma outra a sobrepuja em sólida antigüidade de nobreza e feitos de edificante e variada lição.

“O seu aparecimento, embora a princípio não se possa coordenar numa série genealógica, que nos leve, indivíduo por indivíduo, a estabelecer a sua continuidade desde os primeiros tempos da monarquia, remonta-se todavia bem longe, vendo nós brilhar de espaço a espaço nas lutas de Portugal nascente, alguns indivíduos do apelido Cabral”.(2)

Criminoso atentado contra estátua de Pedro Álvares Cabral na zona sul do Rio, no contexo do 'marco temporal' prova a importância de seu feito
Criminoso atentado contra estátua de Pedro Álvares Cabral na zona sul do Rio,
por indigenistas opostos ao 'marco temporal' prova o ódio satânico contra sua façanha
A elevada linhagem da família e o seu prestígio, permitiram a Pedro Álvares Cabral contrair matrimônio com Dona Isabel de Castro, dama pertencente à mais alta nobreza do Reino, como terceira neta dos Reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela, sobrinha do célebre herói da Índia, Afonso de Albuquerque.

Qualidades pessoais: critério para a escolha de Cabral


Nessa época, Portugal, cheio dos “cristãos atrevimentos” de que nos fala Camões, estava preparando armada a ser enviada às “Índias”. Para organizar a expedição, o Rei Dom Manuel, o Venturoso, convocou seu Conselho:

“E não somente se assentou no conselho o número de naus e gente que havia de ir nesta armada, mais ainda o capitão-mor dela, que por ‘calidades’ de sua pessoa, foi escolhido Pedralvares Cabral, filho de Fernam Cabral”.(3)

Pedro Álvares Cabral fora escolhido, por suas “qualidades pessoais”, para chefiar a esquadra que, no dia 9 de março de 1500, após a Santa Missa celebrada pelo Bispo D. Diogo Ortiz, Bispo de Cepta, rumaria para as Índias, passando pelo Brasil.

Dessa expedição, que trataremos em artigo posterior, participaram 13 navios, tendo apenas quatro deles conseguido retornar a Portugal.

Os demais perderam-se todos, tragados pelo mar, juntamente com sua tripulação.

No dia 23 de junho de 1501 – ou seja, um ano, três meses e 14 dias depois de sua partida, totalizando 470 dias de viagem – volta Pedro Álvares Cabral ao Tejo.

Pôde, desse modo, Dom Manuel, o Venturoso, acrescentar ao seu título de “Rei de Portugal e dos Algarves Daquém e de Além Mar em África, e Senhor da Guiné” o de “Senhor da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e da Índia”.

Não percebera ele ainda, a essa altura, que Cabral havia enriquecido sua coroa com um florão incomparavelmente mais suntuoso e, mais do que isso, levantara o Estandarte da Cruz na terra que estava destinada a ser o país de maior população católica do mundo.(4)

Incompreensões e afastamento da Corte


Pedro Álvares Cabral retorna a Portugal e, como frequentemente acontece na vida dos homens escolhidos pela Providência Divina para realizarem grandes obras, sofreu incompreensões e dissabores, tendo se retirado da Corte e nunca mais recebido qualquer encargo público.

Não sabemos o motivo que levou o descobridor do Brasil a se afastar da vida pública.(5) Sabemos que ele se manteve retirado e, depois dos sucessos referidos, recolheu-se em suas terras de Santarém, tendo falecido em 1520 ou 1528, divergem os autores sobre a data.

Sua sepultura esteve perdida durante os séculos XVII e XVIII, tendo sido encontrada em 1839 pelo historiador brasileiro Francisco Adolpho de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Santarém.

Nossa Senhora da Esperança, Belmonte
Nossa Senhora da Esperança, Belmonte
Em 1903, o Bel. Alberto de Carvalho trouxe para o Brasil parte dos restos mortais de Pedro Álvares Cabral, que foram depositados em uma urna na capela-mor da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.

Pouco conhecida é a história de um grande descobridor. Mais do que descobrir terras, ele comandou uma expedição que iniciou a evangelização dos índios, trazendo incontáveis almas para a Igreja de Cristo.

Intrépido batalhador, desejava dilatar a Fé e expandir o império. Sabia ser gentil e amável, como o foi com os índios brasileiros, mas também sabia guerrear contra os inimigos de Cristo, como o fez com mouros que o traíram na Índia.

Devoção mariana: virtude do Descobridor e de sua família


Em sua nau capitânia, Cabral levava consigo uma pequena imagem da Senhora da Esperança, até hoje venerada em Belmonte, certo de ser Ela o melhor refúgio nas inconstâncias do mar tenebroso.

Foi diante dessa imagem que ele, no momento em que seus companheiros celebravam o descobrimento do Brasil, se ajoelhou e agradeceu a Deus o sucesso do empreendimento.(6)

Quando retornou de sua viagem, o nosso descobridor mandou construir uma capela para a Senhora da Esperança. Capela essa ampliada pelos seus descendentes que a iluminaram quotidianamente com um círio.(7)

Pedro Álvares Cabral foi, antes de tudo, um homem de Fé, que se lançou ao mar sob a proteção da Cruz de Cristo, nome com o qual foi primeiramente “batizado” o nosso Brasil, segundo seu desejo, como capitão da esquadra.

Uma esquadra que levava a bandeira da Ordem de Cristo, em cujas velas se estampava a Cruz característica dessa Ordem de Cavalaria, e que chegou ao solo de um país iluminado pelas estrelas do Cruzeiro do Sul.

Que a Senhora da Esperança, a qual tão bem protegeu o descobridor de nosso País, continue a derramar suas bênçãos sobre a Terra de Santa Cruz.


NOTAS:
1. Segundo se acredita, pois não se tem certeza do ano.
2. Sanches de Baêna, O Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral, Lisboa, 1987, pp. 10-22.
3. João de Barros, Décadas da Índia, Década I, Livro V, Cap. 1.
4. Apud O ‘Muy Bom fidalgo’ que descobriu o Brasil, Catolicismo, nº 219, março de 1969.
5. Alguns historiadores, como Gaspar Corrêa em seu livro Lendas da Índia, levantam a hipótese de um desentendimento com Vasco da Gama, que teria exigido ser o comandante, em lugar de Pedro Álvares Cabral, da esquadra que partiria para as Índias em 1502.
6. Cfr. Bueno, Eduardo, A Viagem do Descobrimento, Vol. 1, Coleção Terra Brasilis, Ed. Objetiva, Rio de Janeiro, 1998.
7. Cfr. Cortesão, Jaime, A Expedição de Pedro Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil, Portugália editora, Lisboa, 1967.


(Autor: Frederico R. de Abranches Viotti, “Catolicismo”, março 2000)




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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Afonso de Albuquerque, arrancou Ormuz
da "ímpia e sórdida gentilidade" maometana

Afonso de Albuquerque, Heróis medievais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Edificou o grande capitão Afonso de Albuquerque uma fortaleza em Ormuz.

Coje Atar, que governava em lugar de el-rei Ceifadim, tinha consentido na edificação, mais por medo do que por vontade.

Fez-se juntamente tributário a el-rei de Portugal em dezassete mil xerafins cada ano, e usou desta astúcia para divertir a obra e isentar-se do tributo.

Fingiu serem vindos os embaixadores de el-rei de Pérsia, a cobrar o tributo que costumava pagar-lhe, e enviou mensagem ao Albuquerque para que respondesse ele, visto que Ormuz se achava debaixo da vassalagem de el-rei de Portugal.

Suspeitou o Albuquerque o dolo, e disse que lhe remetesse os ditos embaixadores, ou quaisquer outras pessoas em seu nome, para levarem a resposta.

Mandou Coje as que pareceu, por sustentar o estratagema.

Albuquerque lhes encheu as mãos de balas, dardos, ferros de lanças e farpões de setas, e lhes disse: "Bem podeis assegurar lá como nesta moeda pagaremos o tributo, se quiserem vir cobrá-lo".

Não foi este o único rei tributário à soberania do império lusitano.

Outros 28 cetros reconheceram esta vassalagem, e dela podiam gloriar-se, como dizia Ovídio dos inimigos vencidos por Augusto: "Utque tuus gaudet miles, cum vicerit hostem. Sic cur se victum gaudeat hostis habet".

Ormuz: castelo português
Ormuz: castelo português
Bastava ser Ormuz de gente maometana para que, ainda precisa a próspera fortuna e grande valor do ínclito Albuquerque, fosse conquista e troféu das armas portuguesas.

Porque estas foram por Deus especialmente escolhidas para perseguição e estrago daquela ímpia e sórdida gentilidade.

E assim, enquanto os portugueses seguirem com justo direito esta vocação, podem esperar felicíssimo êxito de suas empresas.



(Autor: Padre Manuel Bernardes, "Nova Floresta" - Lello & Irmão, Porto, 1949)



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terça-feira, 5 de outubro de 2021

“El Cid Campeador” homem-símbolo dos heróis espanhóis

Estátua de El Cid, Balboa Park,San Diego, Califórnia
Estátua de El Cid, Balboa Park, San Diego, Califórnia
Luis Dufaur
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No primeiro olhar épico do Cid estavam contidos Santo Inácio e Santa Teresa, de pé, pregando e rezando contra o Protestantismo.

O Cid, como que viu a Inquisição e outras grandes realizações da Espanha católica.

A Espanha autêntica descende do Cid, de Isabel a Católica, de Colombo, de Filipe II.

É a Espanha de Santa Teresa, Santo Inácio e São Domingos; a Espanha dos soberbos castelos, das suntuosas catedrais, das grandes universidades.

Santa Teresa de Jesus O.C.D.
Santa Teresa de Jesus O.C.D.
A outra é uma Espanha que mereceria propriamente o nome de anti-Espanha: um grupo de espanhóis que querem desfigurar sua pátria, arrancando-lhe do patrimônio moral todas as tradições, mutilando-lhe a gloriosa e tradicional fisionomia.

A Espanha era católica e agora a querem atéia.

Era cavalheiresca, aristocrática, saturada de fidalguia até nos seus últimos recantos, e querem-na plebéia, vulgar, suja e feia como a camisa suarenta e furada de um estivador.

A Espanha era intelectualmente “raffinée” com uma cultura fortemente impregnada de caráter nacional por famosas universidades.

A anti-Espanha quereria a destruição dessas universidades, para substituí-las por estabelecimentos de ensino anódinos, internacionais e sovietizados, tão banais e tão sem fisionomia quanto um guichê de uma agência de turismo.

El Cid, Burgos
A Reconquista da Espanha foram 800 anos de altos e baixos, de depurações e de frustrações, até a queda de Granada.

A Espanha da Contra-Reforma saiu do movimento da Reconquista.

A Espanha, em parte teve todo aquele vigor contra o protestantismo porque ela nasceu do heroísmo do Cid.

Jazigo do "El Cid" na catedral de Burgos
E porque houve uma alma catolicamente intransigente como “El Cid” que a Espanha esteve pronta para combater Calvino e Lutero.

A glória da Espanha do Cid afinal reintegrada em Granada brilhou na hora de enfrentar Lutero na ponta da lança.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 26.11.1983. Sem revisão do autor)









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terça-feira, 21 de setembro de 2021

“El Cid Campeador”: herói que marcou Espanha para sempre

Monumento a El Cid, Burgos
Luis Dufaur
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A Espanha produziu um mundo de personagens capazes de inspirar os homens cultos, o que é mais do que produzir cultura, como é mais produzir História do que produzir historiadores.

Dentre esses heróis sobressai a figura histórica ‒ com sua projeção mítica, psicológica e religiosa ‒ de Rodrigo (Ruy) Diaz de Vivar, “El Cid Campeador”. (Cid = do árabe ‘Senhor’)

O “Cid Campeador” apareceu num momento decisivo da História espanhola.

Boa parte da Espanha estava invadida por muçulmanos vindos da África do Norte.

E o país estava dividido entre os que queriam se acomodar com os invasores, incluso do ponto de vista religioso, e os que queriam resistir defendendo a ortodoxia católica.

No norte da África houve grandes civilizações como a dos egípcios e dos cartagineses.

O Egito foi mais ou menos assumido pelo Império Romano do Oriente. Cartago passou a ser uma colônia do Império Romano do Ocidente. Santo Agostinho nasceu em Cartago, nesse período.

El Cid, Valladolid
O cristianismo espalhou-se por toda essa zona, inclusive pelo Egito, que se tornou todo ele católico.

Quando os muçulmanos vieram para dominar, encontraram uma massa despersonalizada que não era nada.

E aquelas antigas e veneráveis civilizações sumiram da História, e não se sabe que fim levaram...

As cristandades que povoaram o norte da África foram engolidas pelo Islã porque antes mesmo de chegarem os islâmicos tinham virado conjuntos de povos-ninguém.

Eles foram levados para onde o invasor quis, porque estavam completamente vazios de mentalidade.

Da mesma maneira, quando os muçulmanos invadiram a Espanha, eles encontraram duas Espanhas:

‒ a Espanha que logo virou a dos mozárabes ‒ amálgama inglória e heterodoxa entre Cristandade e Islã ‒ que lentamente foi se habituando ao domínio islâmico e iria se reduzir a nada;

‒ a Espanha do Cid, que caminhava para a reação.

Se tivesse prevalecido a Espanha dos mozárabes, a Espanha teria desaparecido. Porém como a tendência Cid prevaleceu, então houve a Espanha de São Fernando e tudo o que veio depois.


continua no próximo post: “El Cid Campeador” homem-símbolo dos heróis espanhóis







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