quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Os Guardas Suíços: “Defensores da liberdade da Igreja”

“Alista-se nos guardas, e aumentarás teu brilho”: este slogan dos regimentos de guarda da Rainha da Inglaterra poderia aplicar-se a todos os corpos de honra dos soberanos atuais ou passados.

Os guardas de honra reais tinham sempre gozado de um grande prestígio junto a seus compatriotas, mesmo quando, às vezes, inspirando medo.

Os ‘Suíços’ de Luís XVI resistiram até o último contra a revolta de 10 de agosto de 1792 em frente às Tulherias; os guardas britânicos participaram da batalha de Waterloo.

A história dessas guardas permite atravessar os mais célebres períodos da historia do mundo.

Os turistas que visitam a Itália e sua capital dirigem sempre seus passos para os mesmos monumentos e museus célebres, mas nenhum fica sem ver os guardas suíços.

Este minúsculo território, o Vaticano, situado no coração de Roma, abriga há mais de cinco séculos, o mais antigo exército da Europa.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A recusa do Infante Dom Diniz

[D. Fernando, rei de Portugal, tomou por mulher a Da. Leonor Telles em 1372. Esta era casada com João Lourenço da Cunha. “Um processo de divórcio por parentesco, julgado por juízes afeitos à D. Leonor ou que sabiam até aonde alcançava a sua vingança, a livrou desse tropeço” (p. 65).

Levantou-se contra o matrimônio real, que estava em vias de se realizar, o povo de Lisboa, estimulado por nobres que o viam como adúltero e ilegítimo. Dentre os quais distinguiu-se o infante D. Dinis, irmão do rei, e também Diogo Lopes Pacheco.

De Lisboa fugiu o rei para Santarém, dando ordem a toda a corte que viesse unir-se a ele. De Santarém foi a Eixo, onde realizou-se o infausto enlace, e de lá ao Porto, para apresentar Da. Leonor como rainha.

É nesta ocasião que se deram os fatos descritos por Herculano, que passamos a transcrever. Mantemos a ortografia original.]

Uma numerosa e esplendida cavalgada vinha da banda do bailiado de Leça. El rei D. Fernando ajuntara em Santarém os seus ricos-homens e conselheiros e, amestrado por Leonor Telles na arte de dissimular, recebera com todas as mostras de boa-vontade o infante D. Dinis e Diogo Lopes Pacheco, ao qual, para maior disfarce, não escaceara mercês.

Os heróis vencedores da batalha de Lechfeld

Magiares ainda pagãos tomam posse do território
Magiares ainda pagãos tomam posse do território
Enquanto em 955 o rei Otton estava em campanha contra os eslavos, um exército húngaro de mais de 100.000 homens abateu-se sobre a Baviera, devastando-a. A vitória que o rei obteve sobre esse inimigo a 10 de agosto em Lechfeld, junto de Augsburgo, é uma das mais formosas, digna de agradecer-se e cheia de conseqüências.

A Alemanha teve desde então tranqüilidade, a derrota trouxe como efeito para os húngaros a conversão ao Cristianismo e, com isso, a entrada no concerto dos reinos católicos.

A derrota de Lechfeld foi a salvação da nação húngara. Se os húngaros tivessem permanecido pagãos, teriam compartilhado a sorte dos hunos e ávaros, os quais finalmente sucumbiram ante os povos civilizados .

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O grande retorno da heroína santa
Santa Joana d’Arc – 8


Segundo uma piedosa tradição o coração de Santa Joana d’Arc ainda palpitava entre as brasas, sendo jogado no rio Sena para fazê-lo desaparecer. Mas, do fundo das águas, ele continua ainda palpitando e preparando o encerramento da missão da santa profetisa de Domrémy.

Com efeito, Santa Joana d’Arc julgava que sua epopeia não foi senão o sinal de uma grande missão que ela realizaria.

“O sinal que Deus me deu é levantar o sítio dessa cidade e fazer sagrar o rei em Reims” – atestou ter ouvido dela Frei Pierre Seguin O.P. Numa carta aos ingleses, conclamando-os a saírem da França, a heroína escreveu: “Se vós ouvirdes [a Donzela], ainda podereis vir em companhia dela, lá onde os franceses farão a mais bela ação jamais feita pela Cristandade”.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A virgem guerreira na fogueira
Santa Joana d’Arc – 7

Santa Joana d'Arco na fogueira, últimos momentos
Santa Joana d'Arco na fogueira, últimos momentos


continuação do post anterior

A Donzela na fogueira

Na segunda-feira, 28 de maio, a santa foi imediatamente conduzida ao tribunal, que formalizou sua condenação final. Dois dias depois, por volta das 9 da manhã, ela foi levada ao local da execução: a Praça do Velho Mercado.

Num estrado estavam os chefes do tribunal – D. Pierre Cauchon, bispo de Beauvais, o juiz Fr. Jean Lemaître O.P., Enrique de Beaufort, cardeal da Inglaterra e os bispos de Thérouanne e de Noyon. O escrevente Guillaume Manchon registrou que

“Joana foi conduzida ao suplício por uma grande escolta de soldados, por volta de 80, armados de espadas e varas. Na praça havia uma formação de 700 a 800 soldados. Eles rodeavam tão estreitamente a Joana que ninguém tinha coragem de lhe falar, com exceção de frei Ladvenu [o confessor] e [o escrevente] mestre Jean Massieu. Eu vi como a subiam à pira”.

Ato contínuo foi lido o acórdão final:

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Juízes venais, filosoficamente igualitários, condenam a santa
Santa Joana d’Arc – 6

Santa Joana d'Arco: o poder vem de Deus  e Deus só o concede aos reis legítimos
Santa Joana d'Arco: o poder vem de Deus
e Deus só o concede aos reis legítimos


continuação do post anterior

A sentença iníqua

Os incríveis sucessos de armas e a sagração do rei em Reims constituíam crimes para os ingleses. Mas esses fatos eram a negação dos erros doutrinários dos legistas reunidos em tribunal sob a égide do bispo Cauchon.

Eles execravam toda ideia de que o poder vem de Deus para os príncipes e defendiam a tese de que ele vem por meio do povo. Santa Joana d’Arc devia ser queimada, concluíam.

Previamente lucubrada, a sentença foi pronunciada em 12 de abril de 1431. Entre outras coisas, dizia:

“Essas aparições e revelações de que ela se ufana e afirma receber de Deus por meio dos anjos e das santas não aconteceram como ela disse, mas constituem decididamente ficções de invenção humana, procedentes do espírito maligno; [...] mentiras fabricadas, inverosimilhanças levianamente admitidas por essa mulher; adivinhações supersticiosas; atos escandalosos e irreligiosos; dizeres temerários, presunçosos e cheios de jactância; blasfêmias contra Deus e os santos; impiedade em relação aos pais, idolatria ou pelo menos ficção errônea; proposições cismáticas contra a autoridade e o poder da Igreja, veementemente suspeitas de heresia e malsoantes [...] ela merece ser considerada suspeita de errar na fé [...] de blasfemar [...]”, etc.

Os juízes um por um aprovaram o acórdão, aduzindo agravantes.

Frei Isambard de la Pierre, O.P., que acompanhou todo o processo, depôs por escrito:

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sagração do rei em Reims
Santa Joana d’Arc – 5


Vontade de Deus: sagrar o rei em Reims

O rei Carlos VII encontrava-se em Loches quando lhe chegou a notícia da libertação de Orleans. Em sua companhia encontravam-se vários nobres e bispos. Joana bateu na porta. Dunois narra o fato:

“Quase imediatamente ela entrou e se pôs de joelhos e, enquanto abraçava as pernas do rei, disse: ‘Gentil Delfim, não percais mais tempo em tão intermináveis conselhos, mas vinde a Reims o mais cedo possível para receber a coroa digna de vós’”.

A Corte ficou perplexa e pediu explicações. Joana, segundo Dunois, disse então:

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Uma donzela que desfez o melhor exército da época
Santa Joana d’Arc – 4


As vozes no campo de batalha

O príncipe Jean de Valois (1409-1476), duque de Alençon, chefe dos exércitos reais, foi uma dos mais importantes testemunhas da condução de Santa Joana d’Arc na guerra. Ele a acompanhou lado a lado nos principais episódios de sua epopeia.

Quando a santa entrou na Guerra dos Cem Anos, o pretendente inglês e seu aliado, o Duque de Borgonha, dominavam grande parte da França.

Carlos VII, o legítimo pretendente à coroa francesa, era apelidado de “reizinho de Bourges”, de tal maneira seu território estava reduzido. Seu exército estava dizimado, desmoralizado, mal vestido e mal alimentado.

A batalha decisiva travava-se em volta de Orleans, sobre o rio Loire. A cidade era fiel a Carlos VII, mas os ingleses construíram bastiões e linhas que impediam levar alimentos e munições aos defensores. Orleans ia cair pela fome.

“Tendo visto depois as fortificações construídas pelos ingleses, posso dizer que os bastiões do inimigo foram tomados mais por milagre do que pela força das armas. Isso é verdadeiro, sobretudo quanto ao forte de Les Tourelles, na extremidade da ponte, e ao forte dos Agostinianos”, declarou o príncipe Jean.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Missão profética da Donzela de Orleans
Santa Joana d’Arc – 3


As vozes e o rei da França

D. Cauchon prometera aos ingleses que faria Joana cair em suas rédeas. Estes, por sua vez, precisavam comprovar que as vozes – que guiaram todo o percurso épico e empolgante da Santa – provinham do demônio.

Essas vozes sobrenaturais levaram a Donzela de início até o pretendente legítimo ao trono da França, o qual se encontrava no castelo de Chinon.

Quando ela entrou para falar com ele, um cavaleiro riu de sua virgindade. O confessor de Joana, Pe. Jean Pasquerel, viu o fato:

“‘Ah! – disse-lhe Joana – em nome de Deus, renega isso, tu que estás tão próximo da morte!’. Menos de uma hora depois, esse homem caiu na água e se afogou”.

É bem conhecido o episódio ocorrido depois: a fim de testar a autenticidade da missão da Pucelle, o rei colocou um cortesão no lugar em que se encontrava e fingiu ser apenas um dos presentes.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Tribunal tenta enganar a heroína.
Santa Joana d’Arc – 2

Santa Joana d'Arco: estátua equestre na Califórnia
Santa Joana d'Arco: estátua equestre na Califórnia


continuação do post anterior

Procura de pretextos

O tribunal devia declará-la ré de contatos com o demônio para desmoralizar sua imensa fama. D. Cauchon procurava um pretexto para declará-la herética, tendo-lhe exigido várias vezes: “Fala teu Pai Nosso”. A santa respondia sempre: “Ouvi-me em confissão, eu vo-lo direi com muito gosto”.

Incomodado pelo pedido, respondeu encolerizado o mau eclesiástico: “Joana, você está proibida de sair da prisão sem nossa aprovação, sob pena de ser assimilada a um culpado convicto de heresia”.

– “Eu não aceito essa proibição. Se eu fugir, ninguém terá direito de dizer que violei a palavra dada porque não a engajei a pessoa alguma”.

– “Em meu país [Domrémy, Lorena] me chamam de Joaninha. Na França, desde que cheguei me chamam de Joana. Minha mãe me ensinou o Pai Nosso, a Ave Maria e o Credo. Eu não aprendi minha fé de mais ninguém senão de minha mãe”.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A epopeia gloriosa de Santa Joana d’Arc
entra pelo III milênio
Santa Joana d’Arc – 1

Santa Joana d'Arc: estátua em Paris, do escultor Frémiet
Estátua em Paris, de Frémiet


Em 6 de janeiro de 2012 comemorou-se o sexto centenário do nascimento de Santa Joana d’Arc na hoje quase esquecida aldeia de Domrémy-la-Pucelle, na França.

Pastorinha chamada por Deus para realizar um feito sem igual no Novo Testamento, ela restaurou a França, país então sem esperança, arruinado pelo caos político-religioso e ocupado em larga medida pelos ingleses.

Reinstalou no trono o rei legitimo e levou à vitória seus desanimados exércitos.

Considerada como profetisa do Novo Testamento, a santa gravou o nome de Jesus na bandeira com que conduzia as tropas ao combate.

Dois séculos e meio depois, o Sagrado Coração viria pedir a Luis XIV, rei da França, mediante aparição à vidente Santa Margarida Maria Alacoque, que gravasse sua imagem nas bandeiras reais.

Aprisionada por ocasião de uma escaramuça, Santa Joana d’Arc foi julgada por um tribunal iníquo que a condenou a ser queimada como bruxa na cidade de Rouen, em 1431.

Hoje, porém, a história da santa, canonizada em 1920, faz vibrar o mundo.

Muitos eclesiásticos e inúmeros de seus devotos estão certos de que sua missão não terminou.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 2

Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
continuação do post anterior

Coragem e resignação ante a devastação da lepra

Balduíno continuou a infligir derrotas aos islamitas, embora não pudesse vencer a luta que se travava em seu próprio corpo entre a lepra e as partes sãs. Aquela o deformava de tal maneira, que assim é descrito por um historiador, em 1183:

“Do belo menino louro, que nove anos antes havia recebido com fausto a coroa, não restava senão um inválido, um ser decaído, repugnante.

O belo rosto não era senão placas de carne marrom, fechando três quartas partes das órbitas, das quais todo olhar fugira para sempre, cortando-o do mundo, mergulhando-o numa noite eterna.

Suas mãos elegantes estavam reduzidas ao estado de cotos. Seus dedos amortecidos haviam caído uns após outros, putrefatos. Seus pés haviam tido a mesma sorte e estavam como encolhidos pelo mais cruel dos torcionários chineses.

Coberto de placas e bolhas, o resto do corpo não estava diferente para se ver. [...]

Ao preço de esforços por vezes espantosos, ele continuava a assumir seu papel de rei.

Jamais havia faltado a um combate, jamais fugido a uma responsabilidade”(7).

Veja vídeo
Montgisard: Balduino IV e
500 templários desfazem
o exército de Saladino
Balduíno IV, o rei heróico e virtuoso, semelhante ao admirável monarca francês São Luís IX, e cuja vida não foi senão uma lenta agonia, entregou a Deus sua alma pura no mês de março de 1185, aos 24 anos de idade.

“Tendo mantido até seu último suspiro a autoridade monárquica e a integridade do reino, soube também morrer como rei”.(8)

* * *
Notas:
(1) René Grousset, Histoire des Croisades et du Royaume Franc de Jérusalem, Paris, Librairie Plon, Les Petits-Fils de Plon et Nourrit, 1935, p. 610.
(2) Id., ib., pp. 610-611.
(3) Id. ib., pp. 632-633.
(4) Id. ib., p. 658.
(5) Michel le Syrien, III, p. 375. apud René Grousset, op. cit., p. 657.
(6) René Grousset, op. cit., p. 663.
(7) Dominique Paladilhe, Le Roi Lépreux, Perrin, Paris, 1984, apud Gregório Lopes, Catolicismo, abril/1992.
(8) René Grousset, op. cit., p. 744.

(Fonte: Lepanto)





GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 1


Esse jovem monarca, quase desconhecido na História, foi entretanto dos mais heróicos cruzados e protótipo de soberano virtuoso, comparável a São Luís IX.

Balduíno, filho de Amaury I de Jerusalém e de Inês de Courtenay, nasceu no ano de 1160 na Cidade Santa, Jerusalém. Apesar de o casamento de Amaury ter sido anulado por questão de parentesco, os filhos dele nascidos, isto é, Amauri e Sibila, foram considerados legítimos herdeiros da Coroa.

Um dia em que Balduíno brincava de guerra com outros meninos de sua idade, seu preceptor notou que, enquanto os demais gritavam quando eram atingidos, ele parecia nada sentir.

Perguntando-lhe a razão disso, o menino respondeu que os outros não o feriam, e por isso não manifestava dor e não gritava. Mas, reparando o preceptor em suas mãos e braços, percebeu que estavam adormecidos.

O rei foi informado e mandou vir os melhores médicos, que ministraram emplastros, ungüentos e outras medicinas à criança, sem alcançar entretanto resultado algum. Era o começo de uma doença que iria progredir à medida que Balduíno fosse crescendo.

Em suma, esse menino tão belo, tão ajuizado e já tão sábio fora atingido por um mal terrível, que se revelou logo: a lepra, que lhe valerá o trágico cognome de o Leproso.

Dificuldades: doença, divisão interna e Islã

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cerimônia de partida de Vasco da Gama – 2

Vasco da Gama (Sines, c. 1460 ou 1468 ou 1469 — Cochim, Índia, 24 de Dezembro de 1524)
Vasco da Gama (Sines, 1460 ou 1468 ou 1469 — Cochim, Índia, 24.12.1524)

Foi escolhido para a partida o sábado, 8 de julho de 1497. Em 7 de julho, O Rei D. Manuel recebeu Vasco da Gama, capitão-mor da frota de quatro navios, e seus capitães em cerimônia solene.

Reunidos em torno do soberano estavam os mais importantes nobres e outros personagens da corte, incluindo os mais elevados membros do clero, todos adornados com os melhores trajes e atavios cerimoniais.

A multidão, dentro e do lado de fora, também estava engalanada, formando uma exuberante colcha de retalhos de vestuário.

Vasco da Gama e seu irmão mais velho, Paulo, o dedicado amigo deles, Nicolau Coelho, e outros altos oficiais da expedição, todos envergavam sua mais vistosa armadura.

Capacetes, peitorais e os punhos elaborados de suas espadas foram polidos até ganhar um lustro muito brilhante. Um por um foram levados à frente, apresentados ao Rei e à Corte, e ficaram em posição de sentido.

Em seu discurso, D. Manuel ressaltou que o propósito dessa busca [das Índias] era difundir a palavra de Jesus Cristo e com isso obter sua recompensa no Céu, e em acréscimo adquirir reinos e novos estados com muitas riquezas.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Epopéia das navegações portuguesas: eco da Idade Média – 1


As explorações portuguesas eram sempre movidas por mais do que império e especiarias, embora isso tenha se tornado a informação-padrão dos livros didáticos.

Os portugueses buscavam igualmente manter contato com bolsões de cristãos há muito perdidos que se sabia existir no Oriente, além de converter pagãos e colonizar novas terras; e, tanto quanto qualquer outra coisa, eram impelidos pelo desejo de conhecimento.

O custo foi enorme, em muitos sentidos incomensurável. “Deus deu aos portugueses um pequeno país como berço, mas o mundo todo como túmulo”, observou o padre Antonio Vieira.

Os oceanos do mundo podem, de fato, ser descritos como um vasto túmulo aquático de marinheiros portugueses.

Embora estivessem tecnicamente no Renascimento, seus corações e pensamentos ainda eram medievais.

Um capitão escreveu, observando a gente que vivia no Brasil – embora pudesse com a mesma facilidade ter dito o mesmo de todos aqueles com que os portugueses depararam – que “se nosso Senhor nos trouxe aqui, acredito que não foi sem propósito”.