terça-feira, 22 de junho de 2021

São Leão IX: a Cristandade precisa lutar! E converte os normandos

São Leão IX, fonte em Eguisheim
São Leão IX, fonte em Eguisheim
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Continuação do post anterior: São Leão IX: Deus não abandona quem luta com coragem



No tempo de São Leão IX, os normandos, os famosos vikings, vinham pelo Mar do Norte, pelo Atlântico, entravam pelo estreito de Gibraltar atacavam o sul da Itália; depois havia ainda restos de bárbaros nos países eslavos; os maometanos atacavam de todos os lados.

A Cristandade precisava lutar. Mas no momento se apresentava debilitada por essa venda de cargos eclesiásticos que causava uma decadência de toda a vida espiritual da Cristandade.

Ele então começou imediatamente a punir e depor os bispos que não prestassem e a nomear outros bons no lugar.

Quando ele estava nessa luta feroz ele recebeu um aviso de que os normandos tinham invadido seu território. Então foi à toda pressa à Alemanha pedir ao Imperador, que era parente dele, que mandasse um exército para defendê-lo.

O Imperador prometeu e ele desceu até a famosa Abadia de Monte Cassino. Qual não foi a surpresa dele quando chega, e há apenas 500 lorenos que não eram propriamente alemães. O exército imperial desistiu de descer os Alpes.

No caminho tinham se incorporado alguns contingentes italianos, mas os normandos eram muito mais numerosos e começaram a fazer uma carnificina tremenda; o exército italiano do Papa fugiu e os lorenos lutaram heroicamente.

Mas não adiantava de nada. O rei dos normandos, Roberto Giscard, resolveu cessar a batalha pois estavam derrotados.

E o Papa?

Ele vai sozinho ao campo dos normandos. Quando chega é tal a impressão que produz que os normandos com o rei à testa, se prosternam e dizem que querem se batizar.

E carregaram o papa em triunfo à cidade de Benevento e depois à Roma, onde receberam a instrução religiosa com as famílias, se batizaram e receberam residências no sul da Itália.

Foi uma conversão em massa produzida pela presença de um só homem.

O que foram os normandos poderiam bem ser hoje os comunistas.

Um Papa imbuído da teologia de hoje, quantas concessões faz aos comunistas e quanto cede e colabora?

Um homem de Deus que se aproximasse e se apresentasse aos comunistas, convertê-los-ia como a Roberto Giscard e aos normandos?

Reencenamento histórico das guerras dos normandos pagãos (vikings), Dinamarca
Reencenamento histórico das guerras dos normandos pagãos (vikings), Dinamarca
Deus pode tudo, mas também não seria provável, porque a maldade dos comunistas é incomparavelmente pior do que a maldade dos normandos.

Mas Deus nunca abandona os que lutam por ele com coragem e com destemor. Ainda mais quando é seu próprio Vigário.

Comparemos São Leão IX com Paulo VI! Comparem os normandos bárbaros capazes de olhar para um santo e se converterem com os comunistas de hoje que coisa terrível!

Não é apenas verdade que os católicos de hoje são muito piores do que os católicos daquele tempo; mas é verdade também que os bárbaros de hoje são incomparavelmente piores do que os bárbaros daquele tempo.

Mas é verdade também que naquele tempo Deus suscitava santos que convertiam o povo. Onde estão hoje em dia?

Deus está longe, distante. Esses grandes milagres quase não se realizam.

A graça brota no fundo de certas almas; no resto é um mundo que Deus rejeitou, que está marcado para o castigo, para a ruína e para a destruição.

A Idade Média era um mundo agitado, mas que ia subindo; hoje o mundo angustiado está no fundo de um abismo. E para que outros abismos vai descendo!

“A doença doce mensageira da felicidade eterna veio anunciar-lhe que sua hora tinha chegado. No dia 12 de fevereiro de 1054, ele celebrou pela última vez o Santo Sacrifício da Missa e dirigiu à multidão uma exortação comovedora”.

Como essa expressão “A doença doce mensageira” é contrária do paganismo higiênico que tem horror da doença em nossos dias.

Deve-se combater a doença, é evidente, mas há “combater” e “combater” a doença. A expressão é linda! É de quem pensa no além, no Céu, em Deus.

“No dia seguinte sabendo que sua hora estava próxima, ele quis ser transportado da cidade Benevento para Roma. Os normandos reivindicaram a honra de o levar numa liteira”.

“Foi assim que o Papa voltou ao palácio de Latrão no mês de abril de 1054. Era a época na qual habitualmente ele reunia o Sínodo dos Bispos das províncias eclesiásticas circunvizinhas de Roma. Ele as convocou para o dia 17 de abril.

“Reunidos, ele lhes disse: Eu me recomendo à Vossa fraternidade porque o tempo de minha dissolução chegou”.

É uma palavra de São Paulo, que desejava ter separada a alma do corpo para se unir a Jesus Cristo.

“Na última noite - em visão - a glória da Pátria celeste me foi manifestada. Eu reconheci, entre os grupos de mártires, aqueles que morreram na Apúlia em defesa da Igreja...”

Os lorenos valentes que morreram na Apúlia em defesa da Igreja, estavam esperando a ele no Céu, na qualidade de mártires. E ele os viu antes de subir ao céu. Que linda reminiscência desse episódio admirável da vida dele.

“Venha, lhe disseram eles, e permanece entre nós, porque foi por teu intermédio que nós conseguimos a eterna felicidade. Mas uma voz, ao mesmo tempo, se fez entender, dizendo: Não já, mas daqui a três dias somente.

“No dia seguinte, ele reuniu de novo os Bispos, se colocou numa liteira, e conduzido pelos seus fiéis normandos, em procissão, ele foi à Basílica de São Pedro”.

Foi para morrer lá. Um Papa deitado numa liteira, os Bispos formando o cortejo, cantando com velas, e o tropel dos normandos armados caminhando para a Basílica de São Pedro.

Qual procissão ou qual desfile militar pode ser mais bonito do que esse? Não há.

“Prosternado diante do túmulo do Príncipe dos Apóstolos, ele fez uma oração pela Igreja e pela conversão dos pecadores.

“Quando ele acabou, um aroma delicioso, cujo perfume era superior ao perfume mais puro se exalava da sepultura de São Pedro”.

Era São Pedro manifestando seu agrado diante desse sucessor digno dele.

“O Papa permaneceu mais ou menos durante uma hora em contemplação silenciosa”.

“Depois ele mandou trazer pão e vinho. Ele os abençoou, comeu três pedaços de pão, bebeu um pouco de vinho e distribuiu o resto aos assistentes. Ninguém comeu. Todo mundo guardou como relíquia os pedaços de pão que ele distribuiu”.

“Levantando-se então, ele se dirigiu para o túmulo que ele mesmo tinha feito preparar para si na Basílica, e disse para os Bispos:

“Vede, meus irmãos, como é miserável, frágil e efêmera a glória humana; que esse exemplo jamais saia de vossas memórias. Do nada, eu fui levado, um dia, ao que há de mais alto; e agora, eu vou ser reduzido novamente a nada. Terei como moradia esse cárcere escuro e estreito; hoje ainda convosco carne e sangue, amanhã serei poeira e cinza”.

Que linda pregação! Os Bispos em volta, os normandos e todo mundo olhando e um homem ainda em vida dizendo isso. Que anúncio maravilhoso da morte!

“Todos os assistentes se puseram em prantos. E o Papa os despediu e disse: Venham, amanhã, assistir meu último suspiro.

“São Leão retirou-se ao palácio próximo, onde passou toda a noite em oração. Na manhã seguinte, sustentado por dois assistentes, ele voltou para a Basílica, e veio se prosternar diante do altar-mor. Estendeu-se sobre uma cama que tinham preparado junto ao altar, fez sinal com a mão para impor silêncio e dirigiu ao povo uma última exortação.

“Depois chamou os Bispos para junto de si e fez a confissão de seus pecados. Sob sua ordem, um dos Bispos celebrou a Missa e deu-lhe a Comunhão.

“Depois do que, o Papa, tendo comungado, disse: ‘Fazei silêncio, porque parece que eu vou dormir’. Inclinando a cabeça, ele adormeceu, com uma calma celeste, e acordou no Céu.

“Ele morreu diante do altar de São Pedro, no dia 19 de abril do ano da graça de 1057”.


Não se deve comparar santo com santo, mas assim como se pode dizer que Luís XIV foi o rei, que São Luís Rei foi o rei santo por excelência e Felipe II foi o espanhol, assim São Gregório VII foi o Papa

Quando se fala “o Papa”, vem ao espírito São Gregório VII. E ele era o secretário dele São Leão IX.

Que coisa linda ver um santo como São Gregório VII, moço ainda, e vendo a alma de São Leão IX subindo ao Céu!

Quando a leitura acaba tem-se a impressão de voltar para o charco.

Lendo-a nós respiramos um pouco o odor das virtudes de São Leão IX. Que ele reze por nós.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 29 de outubro 1974, sem revisão do autor. Apud PlinioCorreadeOliveira.info)






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terça-feira, 15 de junho de 2021

São Leão IX: Deus não abandona quem luta com coragem

São Leão IX, Eguisheim
São Leão IX, Eguisheim
Luis Dufaur
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Eis uma ficha bem-feita, mas de uma biografia não bem-feita, de um grande Papa da Idade Média: São Leão IX, Papa.

“São Leão IX nasceu no ano de 1002 nos confins da Alsácia. Seu pai era conde Eguisheim e primo-irmão do Imperador Conrado, o Sálico. Sua mãe lhe deu o nome de Bruno.

“Quando atingiu idade de 5 anos foi confiado, pelos pais, à educação do venerável Bispo de Toul, Bertoldo, que dirigia então uma escola no próprio palácio episcopal”.

“Bruno foi confiado particularmente, no colégio, a um seu primo, chamado Aderico, que era filho do príncipe de Luxemburgo. Os dois se tomaram de uma íntima amizade.

“Esse filho do príncipe de Luxemburgo era modelo de todas as virtudes e serviu extraordinariamente para formar Bruno”.

Começa com uma pequena mas rica nota medieval, patriarcal: uma escola episcopal funcionando no palácio do Bispo, e dirigida por ele.

As pessoas da Idade Média, da mais alta categoria social, e de virtude extraordinária faziam uma aliança entre a grandeza terrena e o serviço de Deus inteiramente diverso de nossa época.

Na nossa época quanto mais se sobe, mais as pessoas estão ao serviço da Revolução.

“O bispo de Toul lhe conferiu as sagradas ordens e pouco depois Bruno foi ser clérigo na capela imperial do palácio do Imperador Conrado, o Sálico”.

Todos os imperadores tinham um conjunto de capelães que asseguravam o culto na capela pessoal do Imperador.

Era, uma situação de alta confiança, porque dava oportunidade de contato com o Imperador.

O imperador tinha como elemento central de sua vida e de sua corte o Ofício Divino: a Missa, o Ofício etc.

Por quê?

Por causa da convicção profunda de que a Igreja Católica é o centro de todas as coisas.

Portanto, na Corte imperial o elemento central tinha que ser a capela, onde está o Rei dos reis.

Quer dizer, o Santíssimo Sacramento, realmente presente Nosso Senhor Jesus Cristo. Onde se cultua Nossa Senhora com o culto de hiperdulia etc.

Tão diferente também dos grandes da terra hoje em dia, tão laicos, tão separados de tudo quanto é verdadeiro.

“Nessa capela Bruno é imediatamente bem-visto pelo Imperador, que se impressiona com as virtudes dele e começa a tratá-lo de ‘meu sobrinho’.”

Era uma honra extraordinária nas Cortes antigas ser tratado de primo ou de sobrinho do rei.

Ele de fato era parente do rei, mas não num grau tão próximo. Era filho de primos do rei e não filho de irmãos. Não era sobrinho.

O imperador tratando-o de sobrinho como que o elevava à categoria de príncipe da Casa Imperial. E a razão dessa honraria era a virtude dele.

A Idade Média uma época em que a posse do estado de graça na maior parte das pessoas criava um ambiente onde a virtude era bem-vista.

Não era um título para perseguição, mas era um título para ascensão, para exercer sua influência.

Ao contrário de hoje em dia, em que a virtude atrai toda espécie de ódios e cerceia a influência que a pessoa quer exercer.

“Algum tempo depois, no ano de 1026, o Imperador recebeu a visita de clérigos da diocese de Toul, de onde tinha sido originário Bruno, anunciando-lhe que o Bispo tinha morrido e que a população inteira pedia para ser designado, para a diocese vaga, a Bruno.

“Conrado cedeu, se bem que Bruno não tivesse ainda a idade canônica”.

A nomeação de um bispo nunca deixou de ser privilégio exclusivo do Papa. Mas o Papa pode receber indicações, que ele é livre de aceitar ou recusar, para tal ou tal diocese.

Na Idade Média se estabeleceu com frequência que o povo da diocese podia propor um nome para o Papa aceitar ou não.

No Sacro Império, os imperadores tomaram hábito também de proporem bispos ao papa.

Então, o povo propunha ao imperador um nome e este, se estava de acordo, propunha ao Papa; se o papa estava de acordo, nomeava Bispo.

O imperador aceitou que Bruno fosse indicado e de fato, ele foi nomeado Bispo pela Santa Sé embora ele não tivesse a idade suficiente.

“Ele se destacou pela capacidade e virtude com que ele dirigia a diocese.

“Durante 22 anos Bruno governou pacificamente e com brilho a Diocese de Toul. No ano de 1048 morreu o para Dâmaso II e os romanos mandaram uma deputação ao imperador Henrique III para lhe pedir para designar um novo papa.

“Henrique III reuniu, para esse efeito, uma Dieta em Worms, em que participavam todos os bispos do Império. Todas as vozes designaram Bruno, Bispo de Toul. Mas ele não queria ser papa de nenhum modo, por humildade e pediu alguns dias para refletir”.

“Terminado o prazo, diante de toda a Dieta de Worms disse que ia fazer uma confissão pública de eus pecados, para perceberem como ele não merecia ser papa. Ajoelhou-se e fez a confissão pública”.

A confissão mal dava para um pecado venial. Quando ele terminou, todos se levantaram e o aclamaram. Um bispo que tinha uma tal limpeza de consciência, apenas podia ser ele ser o Papa.

Então, ele levantou um problema muito sério: o imperador não tem o direito de nomear papa.

O papa só pode ser eleito pelo clero de Roma, na forma canônica, ouvido, quando queria, o povo de Roma. Então, ele iria a Roma e iria consultar se o clero e o povo o queriam como papa. Tomou o traje de peregrino, e foi de Worms a Roma, a pé.

É extraordinário! Porque tem a passagem dos Alpes, com neves eternas, montanhas escarpadíssimas, estradas que são caminhos de cabras. Ele fez como penitente e foi a pé até Roma.

São Leão IX, imagem em Eguisheim
São Leão IX, imagem em Eguisheim
“Mas esperava chegar como um peregrino desconhecido, quando chegou nas cercanias de Roma encontrou a cidade toda que tinha saído...”

“Ele entrou em Roma sem dar atenção para ninguém, e foi direto ao túmulo de São Pedro e rezou.

“O povo de Roma quis entronizá-lo aclamando-o; ele disse para pensarem ainda. Afinal de contas, o povo estava de tal maneira resolvido, que ele foi entronizado na Sé Romana”.

Comparem isso com as intrigas, as encrencas, as políticas que vieram depois. Aí temos o dinamismo oposto, o que faz tocar com a mão como é praticável que o estado de graça seja abundante em determinada época, ocasionando gestos extraordinários.

“Ele tomou por inspiração divina, o título de Leão, considerando que devia à testa da Igreja, lutar como um verdadeiro leão. E mal se entronizou, começou a lutar contra os verdadeiros inimigos da Igreja”.

Ora, quem São Leão IX considerava os verdadeiros inimigos da Igreja? Era a maior parte dos Bispos e dos padres no tempo.

O abuso péssimo chamado simonia, quer dizer, homens vorazes de cargos lucrativos que pagavam o povo ou ao imperador para serem eleitos bispos; ou um filho, um primo, um sobrinho, financeira e politicamente ligado a eles.

Às vezes subornavam os cardeais, ou o povo para elegerem um papa. E comprava-se até a tiara romana.

Esse processo trazia os piores inconvenientes porque bispos e padres desavergonhados davam um escândalo geral na Cristandade, e um amolecimento dos católicos diante das investidas dos pagãos.



terça-feira, 8 de junho de 2021

Santo Agostinho de Cantuária, o monge que conquistou a Inglaterra

Santo Agostinho de Cantuária, Canterbury
Santo Agostinho de Cantuária, Canterbury
Luis Dufaur
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Antiga tradição inglesa reconhece como introdutor do cristianismo no país nada menos que José de Arimatéia, o rico discípulo do Redentor que depôs seu santíssimo corpo no sepulcro.

Tertuliano (c. 155- c. 222) afirma que a Religião cristã já havia penetrado “na Caledônia” — nome que os romanos davam à Grã-Bretanha — no século II, isto é, no território para além dos limites da província romana.

Essa cristandade já teria seus mártires na perseguição de Diocleciano, e o nome de seus bispos aparecido nos primeiros concílios do Ocidente, como o de Arles (314), no qual três prelados da região haviam participado.

No ano 429, bispos da Grã-Bretanha enviaram um apelo ao continente pedindo reforços para combater os hereges pelagianos. O Papa São Celestino enviou então São Germano de Auxerre e São Lobo de Troyes.

Após combater vitoriosamente os asseclas de Pelágio, São Germano permaneceu algum tempo na Grã-Bretanha, pregando e estabelecendo escolas para a formação do clero.(1) 
 
Quando as legiões romanas deixaram o país, no início do século V, este foi invadido pelos saxões, que se estabeleceram no sul e no leste, e pelos anglos, que fundaram a East-Anglia.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Espada de São Fernando irrita esquerdas em Sevilha

Pendão de Sevilha
Pendão de Sevilha
Luis Dufaur
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Os cavaleiros medievais “batizavam” suas espadas com nomes e até lhes reconheciam feitos prodigiosos que Deus operava por meio delas.

Durante séculos esta crença foi partilhada por nações inteiras e algumas dessas espadas sobreviveram às vicissitudes da história e são exibidas em museus como relíquias.

Figuram como motivo de orgulho em brasões e símbolos heráldicos de famílias, cidades e países.

A disputa pela inclusão da espada do rei São Fernando III de Castela no brasão da cidade de Sevilha suscitou uma aparatosa polêmica na Assembleia Municipal informou o jornal espanhol “ABC”.

Por fim, até o esquerdista PSOE votou em seu favor ao lado dos partidos conservadores PP e Ciudadanos, mas enfrentando uma enraivecida oposição das agrupações de esquerda e extrema-esquerda.

terça-feira, 18 de maio de 2021

São Nicolau de Flue, oração do guerreiro, místico e camponês perfeito

São Nicolau de Flue, o guerreiro perfeito, místico e camponês
São Nicolau de Flue, o guerreiro perfeito, místico e camponês
Luis Dufaur
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No livro do Pe. Charles Profillet “Les Saints Militaires” (Nabu Press, 2012), lemos a respeito do santo patrono da Suíça.

“Nicolau de Flue nasceu no dia 25 de março de 1417, falecendo no mesmo dia no ano de 1487.

“Era natural do cantão de Untervalden, na Suíça. Filho de modestos agricultores, demonstrou desde criança, aptidões invulgares de inteligência e piedade.

“Por isso seus pais procuraram dar-lhe uma educação um pouco melhor do que a que seria ministrada a um futuro lavrador.

“Nicolau sentia enorme inclinação para a vida contemplativa. Tinha visões que o convidavam a isso.

“Mortificava-se tão violentamente que sua mãe temeu por sua saúde e procurou orientá-lo nesse sentido.

“Mesmo com tal vocação, Nicolau casou-se, tendo numerosa prole e atingindo seus descendentes as mais altas dignidades do país.

“Casado, continuou com seu gênero de vida; levantava-se cada noite para rezar e todos os dias recitava o Saltério em honra de Nossa Senhora.

“Aos 23 anos foi ele chamado a lutar contra o cantão de Zurique, que se rebelara contra a confederação Helvética”.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Casal imperial viveu em perfeita castidade:
Santo Henrique II e Santa Cunegundes

Santo Henrique II e Santa Cunegundes imperadore
Santo Henrique II e Santa Cunegundes imperadore
Luis Dufaur
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Pelos fins do século décimo, nascia Cunegundes, filha dos condes de Luxemburgo e futura imperatriz.

Seu pai, o conde Sigefredo, e sua mãe, a condessa Hedwiges, soberanos de Luxemburgo, favorecidos pela fortuna, muito se esmeraram na educação dessa princesa, cuja beleza e inteligência cresciam com a idade.

Desde a sua infância, o traço característico de seu caráter foi uma constante inclinação às coisas santas.

O desejo de servir a Deus e a Maria Santíssima em perfeita castidade, brotou espontâneo de seu coração.

Deus satisfez milagrosamente esse seu santo desejo.

Não podendo se furtar aos deveres de seu nascimento, aceitou como esposo a Henrique, Imperador da Alemanha, e com o seu esposo recebeu a coroa imperial das próprias mãos do Papa Benedito VIII, em Roma.

Santa Cunegundes, com cerca de 20 anos, esposou o Duque de Baviera, o qual em 1002 foi coroado Rei da Alemanha e em 1014 Imperador.

terça-feira, 20 de abril de 2021

São Gregório VII: 2ª excomunhão do imperador Henrique IV

São Gregório VII
Luis Dufaur
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O imperador Henrique IV levantou-se contra o Papa São Gregório VII. O príncipe pretendia ter poder sobre o Papa com base em sofismas e uma capciosa interpretação das Escrituras.

Pretendia ainda, entre muitas coisas, ter poder para nomear bispos e destituí-los e até de depor o Sumo Pontífice.

São Gregório VII excomungou-o uma primeira vez. Sentido-se abandonado pelos seus, Henrique IV foi pedir a absolvição ao Papa que se encontrava a bom resguardo no castelo da condessa Matilde, na Toscana.

O imperador destituído passou três dias na neve, vestido de saco, implorando o perdão.

Porém, seu coração era falso e São Gregório VII percebia.

A Corte pontifícia e até a própria condessa Matilde não perceberam e intercederam por ele. No fim, o santo Papa achou melhor suspender a excomunhão.

De volta, na Alemanha, o imperador recomeçou tudo. Em conseqüência, São Gregório VII renovou a condenação no Concílio Romano, em 7 de março de 1080.

Foi a segunda excomunhão formulada nos seguintes termos, onde brilha a santidade da Igreja e a heróica força de alma de um digno Vigário de Jesus Cristo:

terça-feira, 6 de abril de 2021

São Bonifácio: monge intrépido que converteu Alemanha

São Bonifácio, Mogúncia
São Bonifácio, Mogúncia
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“São Bonifácio viveu de 675 a 754, portanto na alta Idade Média. Nasceu na Inglaterra, seu nome de batismo foi Winfried, mudado mais tarde pelo Papa para Bonifácio. Aos sete anos entrou no mosteiro de Betlex, sentindo depois claramente que sua vocação era converter os povos pagãos. Dedicou-se especialmente a evangelizar os anglo-saxões da Germânia, disto sendo encarregado por Gregório II. Auxiliou Carlos Martelo na reforma da Igreja da França e convocou concílios para reprimir a simonia. Foi martirizado em Docom (Frísia). Seu corpo repousa em Fulda (Hesse), onde é objeto de veneração de toda a Alemanha católica, da qual ele é patrono”. (Rohrbacher)



São Bonifácio foi monge numa época em que o que a Igreja tinha de mais dinâmico era o monaquismo. Quer dizer, grandes conventos onde os frades viviam recolhidos.
 

O próprio do convento beneditino era de situar-se em solidões e eles atraiam os homens às solidões, e as cidades se formavam em torno deles.

terça-feira, 23 de março de 2021

Santa Genoveva: heroína que salvou Paris dos bárbaros

Santa Genoveva
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Em 451, Átila à testa de sua horda de hunos ameaçou Paris.

“A grama não volta a crescer onde pisa meu cavalo”, vangloriava-se o chefe bárbaro. Pois, ele tudo arrasava.

Santa Genoveva (419/422 ‒ 502/512) tinha só 28 anos mas, pela sua virtude e força de caráter, convenceu os habitantes de Paris de não abandonarem a cidade nem a entregarem aos pagãos.

Ela exortou os parisienses a resistir à invasão:

terça-feira, 9 de março de 2021

São Pedro de Alcântara: co-padroeiro do Brasil e arquétipo da penitência

São Pedro de Alcántara, Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
São Pedro de Alcántara,
Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
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São Pedro de Alcântara (1499 —1562), confessor, é padroeiro da Família Imperial do Brasil, co-padroeiro do Brasil e também padroeiro da Adoração Noturna do Santíssimo Sacramento.

Foi um religioso franciscano espanhol que nasceu de nobre estirpe espanhola, sendo modelo do penitente.

Quer dizer de uma prática elevada das virtudes em alguns santos que é exemplo e apoio para o comum dos fiéis, os quais devem admirar, mas não sempre imitar

Foi beatificado pelo Papa Gregório XV em 18 de abril de 1622, e canonizado pelo papa Clemente IX 28 de abril de 1669. Sua festa litúrgica se comemora o 18 de outubro

Ele foi a própria personificação da penitência na Igreja Católica no século XVI, época em que ajudou muito Santa Teresa de Jesus para as fundações dos Carmelos.

Na Igreja não todos devem ser contemplativos, mas é conveniente que todos tenham uma certa dose de contemplação.

E para ensinar a contemplação cumpre que algumas Ordens levem o espírito da contemplação tão longe quanto possível.

Essas ordens sustentam a nota contemplativa que deve caber na vida comum de todos os homens que querem se santificar.

Assim também a penitência. Não é possível todos os homens praticarem a penitência que os grandes penitentes praticam. Nem seria desejável.

O próprio São Francisco Assis no século XIII fundou ordens terceiras para por cobro à generalização do desejo de entrar para a ordem franciscana.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Santa Escolástica: alma chave na construção da Europa

Santa Escolástica, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro
Santa Escolástica, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro
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Santa Escolástica foi virgem, irmã gêmea e discípula de São Bento, fundadora das beneditinas e viveu entre os anos 480 e 542.

Eles nasceram no Reino Ostrogótico fundado por godos, ou germanos, que invadiram a Itália, a França, a península ibérica e a Sérvia até serem derrotados pelos exércitos cristãos do Império Romano de Oriente.

Santa Escolástica fez uma obra entrelaçada com a de São Bento fundando as beneditinas, como Santa Clara fundando as franciscanas fez com seu irmão São Francisco.

São Bento é o padroeiro da Europa.

Geograficamente falando a Europa é uma pequena península da Ásia. Entretanto fatos importantíssimos da História mundial aí se passaram.

Em tempos passados este continente deu uma correspondência grande à pregação da Igreja Católica.

Daí partiu a Civilização Cristã e com ela um embebimento da ordem temporal pelas energias sobrenaturais da graça dispensadas pela Igreja Católica.

Só a Igreja ensina a verdadeira moral e por meio dos sacramentos, dá força para que seja praticada pelos homens.

Ora, só por meio da verdadeira moral os homens conhecem e praticam a verdadeira ordem, porque a moral é a ordem no procedimento dos homens.

Concluindo: só existe verdadeira e perfeita ordem entre os homens onde existe a verdadeira Igreja.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

São Fernando de Castela só usou a espada por Cristo

São Fernando III el Santo,(Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
São Fernando III el Santo, Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
Luis Dufaur
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ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

Rei Imortal dos séculos, misericordioso Jesus, meu Salvador, Redentor e Advogado:

Chefe das Potestades e dos Principados do Céu; Rei dos reis, Senhor dos senhores e dono absoluto de tudo o que tem ser sobre a terra;

Dominador do universo: Justiça, Santificação e Redenção dos homens;

Santo dos Santos, e Santíssimo Santificador dos escolhidos, entre os quais condecoraste vosso Servo São Fernando com as sublimes virtudes, prerrogativas e excelências que outorgaste aos Santos Reis Davi, Josias e Ezequias,

Reunindo nele os dons e as graças dos outros santos líderes de vosso antigo povo escolhido.

Vós que o encontraste tão à medida de Vosso Coração, porque cumpriu Vossa santíssima vontade em tudo, e atendeu completamente Vossos desígnios soberanos:

Rogo-vos humildemente que, pela sua intercessão e pelos seus méritos, Vós conserveis sempre a Religião e a Piedade neste Reino Católico, preservando-o da impiedade e do erro;

Que Vós façais prosperar nossos Reis Católicos, com sua Família Real e seu corajoso exército;

E que, imitando o próprio Santo, vivamos em santidade e justiça todos os dias de nossas vidas, para que depois possamos ver-Vos e desfrutar de Vós por todo e sempre no Reino da Glória.

Amém.

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

Hoje temos a festa de São Fernando de Castela. A biografia está tirada de “La Vie des Saints”, pelo Pe. Edouard Daras e outros (L. Vivès, 1899; Nabu Press, 2012):

“Ele foi filho de Afonso, rei de Leão e de Berengária de Castela. Nascido em fins do século XII. Subiu ao trono aos 18 anos, tornando-se um dos grandes soberanos cristãos.

“Aos 27 anos pegou em armas contra os mouros, que mantinham parte da Espanha sob seu jugo e só as depôs quando de sua morte. Foi notável batalhador.

“No dia de São Pedro do ano de 1236 entrou em Córdoba, que os infiéis dominavam há cinco séculos.

“Consagrou a grande mesquita da cidade à Santíssima Virgem e fez transportar nos ombros dos maometanos os sinos de Compostela”.
É, inegavelmente, uma beleza!...

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Oração a um herói: São Fernando rei de Castela

São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






ORAÇÃO DA NOVENA A SÃO FERNANDO III

Muito fiel, muito piedoso e muito católico Rei San Fernando, ilustre Macabeu da Lei da Graça, vencedor muito forte do Império Maometano:

Conquistador invicto dos Reinos Católicos, Coluna da Fé, perseguidor de seus inimigos e exterminador dos hereges:

Glória, honra e felicidade de nossa Espanha, protetor de seus Monarcas, defensor de seus domínios e conservador de sua religião e de sua fé.

Por causa da mais alta perfeição com a qual vós exercestes esta virtude, e por causa do espírito e fervor com que vós a defendeste de acordo com a vontade de Deus, e para seu grande serviço, imploro que lhe peçais que nos conceda a preservação da Santa Fé neste Reino;

Que eu imite em mim Seus divinos exemplos, que Sua Majestade me conceda o que lhe peço por sua intercessão nesta Novena, se for de acordo com seu divino prazer;

E que depois de uma morte santa eu desfrute de Deus para sempre em eterno êxtase. Amém.

Três Pais nossos e Ave-Marias em honra da Santíssima Trindade, pedindo pela intercessão de São Fernando remédio às necessidades da Santa Igreja no nosso Reino Católico, deste Povo, e pelas necessidades de cada um.

HINO
Fernando, posto que vossa espada
Tornou a Espanha feliz:
Fazei que nela e de raiz
O erro não tenha entrada.
Pai Nosso, etc.

Vós que derrotastes os inimigos
De Deus e de seu Reinado:
Fazei que mortos ao pecado
De Deus vivamos sempre amigos.
Pai Nosso, etc.

O Rei do Céu vos confiou
A defesa de sua honra:
Obtende para todos nós seu Amor
E imitar vosso zelo.
Pai Nosso, etc.

Toda a Espanha com fé piedosa
Vos implora na sua aflição:
Não negues vossa proteção
Àquela que em vós confia,
Pai Nosso, etc.

V. Rogai por nós, abençoado e santo Fernando,
R. Para que possamos receber as promessas de Jesus Cristo.
Amém

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

São Fernando rei de Castela (1199-1252) deixou alguns conselhos a seu filho, Afonso X no “El libro de los doce sábios o Tratado de la nobleza y lealtad”. Neles recomenda:

“Foge dos néscios e de todos aqueles que não são discretos, porque pior do que o traidor é o néscio, e mais demorado emendar-se”.

O arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, que o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – que fez os comentários a seguir – conheceu muito, dizia que preferia ter um inimigo inteligente, do que um aliado néscio.

Com um inimigo inteligente, a gente prevê o que ele vai fazer e se defende. Mas com um aliado cretino, que defesa há?...

“Quando vires crescer o dano não esperes o tempo da vingança.

“Não esperes fazer amigo aquele que se faz teu inimigo sem causa e por desordenada vontade, nem esperes emenda daquele que errar muitas vezes”.
Cada um desses conselhos é o oposto daquela “atitude sentimental que se manifesta sobretudo na piedade adocicada e na posição doutrinal relativista, que procura justificar-se com uma falsa ‘caridade’ para com o próximo”. (“O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira”, Roberto de Mattei, Ed. Civilização, Porto, 1998, tópico 7).

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Santo Edmundo: dedicação e sacrifício na realeza

Santo Edmundo rei mártir, Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Santo Edmundo rei mártir,
Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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No livro “Os Santos Militares”, do General Silveira Mello (Dep. Imp. Nacional, 1953, 456pp.) encontramos uma síntese biográfica digna de destaque:

“Edmundo era filho de Opa, rei da Estânglia. É um dos pequenos reinos que compunha a Inglaterra primitiva - e nasceu por volta de 840 quando o cristianismo já estava disseminado nos estados ingleses.

“O rei, seu pai, homem de grande piedade, quando viu o filho com 15 anos, abdicou em seu favor e retirou-se para Roma a fim de consagrar seus últimos dias ao recolhimento e à oração.”

“Edmundo, que fora muito bem-educado na Religião Católica, tornou-se modelo de cristão para seu povo. Justo e bom, era homem de invulgar energia.

“Percebeu cedo o perigo que representava os escandinavos para seu país e preparou-se militarmente, assim como dispôs seu povo, para uma possível guerra.”


Naquele tempo, os escandinavos eram o grande perigo dos povos civilizados. Hoje tão pacíficos, foram no passado os tiranos dos mares.

Eles ocupavam a Escandinávia e iam descendo pela Europa e representavam a última leva das invasões bárbaras.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Saladino derrotado, aceita condições e morre abatido e envergonhado

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Após a libertação de Jaffa, Ricardo Coração de Leão só dispunha de dois mil homens, dos quais só cinquenta eram cavaleiros, aliás desmontados. A debilidade numérica inspirou aos turcos a esperança de tirar revanche.

Assim que o exército de Saladino conseguiu se recuperar em Yazour, ele percebeu a imensa vergonha do pânico do 1º de agosto.

Ele ficou sabendo que a pequena tropa de Ricardo, com uma louca despreocupação, acampava fora dos muros de Jaffa. Passar no sabre esses pedestres parecia fácil.

Na noite do 4 ao 5 de agosto, a cavalaria muçulmana se pôs em marcha sob a luz da lua em direção ao acampamento inglês.

Estourou uma disputa entre os mamelucos que atrasou um pouco a marcha, de maneira que quando eles chegaram diante do acampamento cristão já era de manhãzinha.

Um genovês que se afastara pelos campos viu brilhar as armaduras e deu a alarme. Acordados às pressas, Ricardo e os seus apenas tiveram tempo de pagar nas armas, alguns até tiveram que combater semi-nus.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

O Batismo de Clóvis: um marco na História

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A promessa feita por Clóvis a Nosso Senhor Jesus Cristo nos campos de Toul — “Se me concederes a vitória, crerei em ti e me farei batizar” — precisava ser cumprida.

Clóvis estava disso consciente, e logo após dispersar sua tropa chamou um monge que vivia naquela região, a quem chamavam Vaast, e o encarregou de lhe ensinar a doutrina, que tinha já por verdadeira.

O santo homem atendeu ao pedido do soberano, confirmando seus ensinamentos com um retumbante milagre: a cura de um cego durante o percurso do séquito real de Clóvis até a cidade de Reims.

Chegando Clóvis a Reims, sua esposa Santa Clotilde providenciou que o grande São Remígio concluísse a catequese. Ouvindo a narração das atrocidades cometidas contra nosso Redentor em sua Paixão, Clóvis exclamou, num transporte de santa ira: “Ah, se eu estivesse lá com meus francos!”.

Tal alma não necessitava de maiores provas, e o bispo limitou-se a ensinar-lhe as verdades fundamentais da Fé.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

O alcaide de Faria

O castelo de Faria, ruinas
Luis Dufaur
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A breve distância da vila de Barcelos, nas faldas do Franqueira, alveja ao longe um convento de franciscanos. Aprazível é o sítio, sombreado de velhas árvores. Sentem-se ali o murmurar das águas e a bafagem suave do vento, harmonia da natureza, que quebra o silêncio daquela solidão — a qual, para nos servirmos de uma expressão de Frei Bernardo de Brito — com a saudade de seus horizontes parece encaminhar e chamar o espírito à contemplação das coisas celestes.

O monte que se alevanta ao pé do humilde convento é formoso, mas áspero e severo, como quase todos os montes do Minho. Da sua coroa descobre-se ao longe o mar, semelhante a mancha azul entornada na face da terra. O espectador colocado no cimo daquela eminência volta-se para um e outro lado, e as povoações e os rios, os prados e as fragas, os soutos e os pinhais apresentam-lhe o panorama variadíssimo que se descobre de qualquer ponto elevado da província de Entre-Douro e Minho.