terça-feira, 9 de março de 2021

São Pedro de Alcântara: co-padroeiro do Brasil e arquétipo da penitência

São Pedro de Alcántara, Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
São Pedro de Alcántara,
Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






São Pedro de Alcântara (1499 —1562), confessor, é padroeiro da Família Imperial do Brasil, co-padroeiro do Brasil e também padroeiro da Adoração Noturna do Santíssimo Sacramento.

Foi um religioso franciscano espanhol que nasceu de nobre estirpe espanhola, sendo modelo do penitente.

Quer dizer de uma prática elevada das virtudes em alguns santos que é exemplo e apoio para o comum dos fiéis, os quais devem admirar, mas não sempre imitar

Foi beatificado pelo Papa Gregório XV em 18 de abril de 1622, e canonizado pelo papa Clemente IX 28 de abril de 1669. Sua festa litúrgica se comemora o 18 de outubro

Ele foi a própria personificação da penitência na Igreja Católica no século XVI, época em que ajudou muito Santa Teresa de Jesus para as fundações dos Carmelos.

Na Igreja não todos devem ser contemplativos, mas é conveniente que todos tenham uma certa dose de contemplação.

E para ensinar a contemplação cumpre que algumas Ordens levem o espírito da contemplação tão longe quanto possível.

Essas ordens sustentam a nota contemplativa que deve caber na vida comum de todos os homens que querem se santificar.

Assim também a penitência. Não é possível todos os homens praticarem a penitência que os grandes penitentes praticam. Nem seria desejável.

O próprio São Francisco Assis no século XIII fundou ordens terceiras para por cobro à generalização do desejo de entrar para a ordem franciscana.

São Pedro de Alcántara aparece a Santa Teresa e essa escreve 'deve se ter salvo porque estava envolto em glória'
São Pedro de Alcántara aparece a Santa Teresa e essa escreve:
'deve se ter salvo porque estava envolto em glória'
A vida civil corria o risco de ficar abandonada e então, fundou a ordem terceira, que inspirou outras ordens terceiras em outras famílias religiosas.

O mesmo se pode dizer da penitência. Deve haver uma certa medida de penitência na vida do homem comum que quer se santificar imitando os grandes santos penitentes.

Os grandes santos sofredores, pelo exemplo e pelo deslumbramento da penitência, mantêm nos outros, o espírito de penitência conveniente.

A esse título, eles são pilares da Igreja. Porque, como um sal que evita a podridão, eles conservam na sociedade civil, nas outras ordens religiosas e nos mais altos degraus da Hierarquia eclesiástica, o exemplo do espírito de penitência.

Isto fez São Pedro de Alcântara numa época em que o espírito de penitência era abominado pela Renascença que tomava conta do mundo.

A explosão do orgulho e de sensualidade queria transformar a vida num ininterrupto prazer.

O que é a penitência?

Antes de tudo penitência é a que Deus manda, e da qual nós não podemos fugir. As doenças, os infortúnios, os desastres, as humilhações; as incompreensões.

Todas essas coisas são penitências porque nos fazem sofrer e é Deus que manda.

Além disso, existem as penitências voluntárias, que nós nos impomos a nós mesmos por amor de Deus.

Eu faço uma bonita penitência apagando-me e permitindo que os outros sejam honrados para, por esta maneira eu sofrer e me desapegar de alguma coisa para dar glória a Deus Nosso Senhor.

Estas duas formas de penitência são a realização da promessa de Nosso Senhor: Aquele que deixasse, na Terra, tudo por amor dEle, Ele daria o cêntuplo nesta Terra e daria depois a vida eterna.

Na Terra há almas felizes. E há almas infelizes.

É feliz, é alegre, é cheia de bom humor, a alma que compreende que é natural sofrer.

Quando lhe acontece um sofrimento, não otoma como um bicho de sete cabeças, não se revolta, não se apavora, mas compreende que o próprio da condição humana é sofrer.

Quando uma alma assim, recebe um sofrimento não começa a fritar. Compreende que a razão de ser do homem, nesta Terra é de dar glória a Deus, e que não se dá glória a Deus sem sofrimentos.

Ela aguenta o sofrimento com firmeza, decisão, como Nosso Senhor Jesus Cristo aguentou sua Cruz.

São Pedro de Alcántara  confesando a Santa Teresa, José García Hidalgo  (1646–1717), Museo del Prado
São Pedro de Alcántara  confesando a Santa Teresa,
José García Hidalgo  (1646–1717), Museo del Prado
Essas almas são dotadas de bom gênio. Elas estão prontas a perdoar; a obedecer; estão longe de ser insensíveis, mas são sensíveis para o bem que se lhse faz e não são sensíveis para o mal que se lhes faz.

Elas saltam na defesa da Igreja caso os princípios sejam atingidos. São almas doutrinárias; que sabem o que é a procura do absoluto, que sabem que o único que vale é defender as semelhanças de Deus na Terra e, por isso e mais que tudo, a Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Pelo contrário, a alma que não quer o sofrimento vive sofrendo. Porque, cada coisa que lhe acontece é para ela um bicho de sete cabeças.

Então. Ela sai à rua, por exemplo, e tropeça: resmunga contra o calçamento. Ela pega um taxi e acha um bicho de sete cabeças ter que explicar a estrada para o motorista.

É um fritar contínuo de dissabores e de aborrecimentos até à noite.

Donde é que vem isto?

As primeiras almas têm espírito de mortificação e acham natural que venham sofrimentos.

As outras almas não querem o sofrimento e são as que sofrem.

As primeiras recebem o cêntuplo nesta vida e mais ainda.

São Pedro de Alcántara. Mena, Valladolid, Espanha
São Pedro de Alcántara. Mena, Valladolid, Espanha

O sofrimento bem levado dá alegria, serenidade, a nobre tristeza de alma que os antigos chamavam consolação.

Ela é muito mais feliz do que a série de loucos e de tarados que vivem fugindo do sofrimento e não conhecem nada.

Nos povos onde mais se procura o prazer e mais se foge do sofrimento há maior número de psicoses.

São Pedro de Alcântara e os santos penitentes nos dão exemplos para nós admirarmos, termos uma dessas venerações que varam a alma de lado a lado pelos que sofrem com grandeza, com realização, com entusiasmo.

Das formas de sofrimento, uma das mais profundas e importantes é a gente aguentar a luta contra o mal.

E não apenas aguentar, mas ter espírito de ataque, de intrepidez e de iniciativa na luta contra o mal.

O espírito militante de um São Miguel Arcanjo, de espada na mão, pronto a correr sobre todos os adversários, a ser o primeiro em todas as batalhas, a dizer não a todos os adversários, trabalhos e lutas.

Esse heroísmo e intrepidez na luta é a fina ponta do espírito de sofrimento.

Então, peçamos a São Pedro da Alcântara que nos alcance esse espírito no dia de hoje.



(Fonte: excertos de palestra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, 19.10.1964, sem revisão do autor)



GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário! Comente sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.