terça-feira, 22 de junho de 2021

São Leão IX: a Cristandade precisa lutar! E converte os normandos

São Leão IX, fonte em Eguisheim
São Leão IX, fonte em Eguisheim
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Continuação do post anterior: São Leão IX: Deus não abandona quem luta com coragem



No tempo de São Leão IX, os normandos, os famosos vikings, vinham pelo Mar do Norte, pelo Atlântico, entravam pelo estreito de Gibraltar atacavam o sul da Itália; depois havia ainda restos de bárbaros nos países eslavos; os maometanos atacavam de todos os lados.

A Cristandade precisava lutar. Mas no momento se apresentava debilitada por essa venda de cargos eclesiásticos que causava uma decadência de toda a vida espiritual da Cristandade.

Ele então começou imediatamente a punir e depor os bispos que não prestassem e a nomear outros bons no lugar.

Quando ele estava nessa luta feroz ele recebeu um aviso de que os normandos tinham invadido seu território. Então foi à toda pressa à Alemanha pedir ao Imperador, que era parente dele, que mandasse um exército para defendê-lo.

O Imperador prometeu e ele desceu até a famosa Abadia de Monte Cassino. Qual não foi a surpresa dele quando chega, e há apenas 500 lorenos que não eram propriamente alemães. O exército imperial desistiu de descer os Alpes.

No caminho tinham se incorporado alguns contingentes italianos, mas os normandos eram muito mais numerosos e começaram a fazer uma carnificina tremenda; o exército italiano do Papa fugiu e os lorenos lutaram heroicamente.

Mas não adiantava de nada. O rei dos normandos, Roberto Giscard, resolveu cessar a batalha pois estavam derrotados.

E o Papa?

Ele vai sozinho ao campo dos normandos. Quando chega é tal a impressão que produz que os normandos com o rei à testa, se prosternam e dizem que querem se batizar.

E carregaram o papa em triunfo à cidade de Benevento e depois à Roma, onde receberam a instrução religiosa com as famílias, se batizaram e receberam residências no sul da Itália.

Foi uma conversão em massa produzida pela presença de um só homem.

O que foram os normandos poderiam bem ser hoje os comunistas.

Um Papa imbuído da teologia de hoje, quantas concessões faz aos comunistas e quanto cede e colabora?

Um homem de Deus que se aproximasse e se apresentasse aos comunistas, convertê-los-ia como a Roberto Giscard e aos normandos?

Reencenamento histórico das guerras dos normandos pagãos (vikings), Dinamarca
Reencenamento histórico das guerras dos normandos pagãos (vikings), Dinamarca
Deus pode tudo, mas também não seria provável, porque a maldade dos comunistas é incomparavelmente pior do que a maldade dos normandos.

Mas Deus nunca abandona os que lutam por ele com coragem e com destemor. Ainda mais quando é seu próprio Vigário.

Comparemos São Leão IX com Paulo VI! Comparem os normandos bárbaros capazes de olhar para um santo e se converterem com os comunistas de hoje que coisa terrível!

Não é apenas verdade que os católicos de hoje são muito piores do que os católicos daquele tempo; mas é verdade também que os bárbaros de hoje são incomparavelmente piores do que os bárbaros daquele tempo.

Mas é verdade também que naquele tempo Deus suscitava santos que convertiam o povo. Onde estão hoje em dia?

Deus está longe, distante. Esses grandes milagres quase não se realizam.

A graça brota no fundo de certas almas; no resto é um mundo que Deus rejeitou, que está marcado para o castigo, para a ruína e para a destruição.

A Idade Média era um mundo agitado, mas que ia subindo; hoje o mundo angustiado está no fundo de um abismo. E para que outros abismos vai descendo!

“A doença doce mensageira da felicidade eterna veio anunciar-lhe que sua hora tinha chegado. No dia 12 de fevereiro de 1054, ele celebrou pela última vez o Santo Sacrifício da Missa e dirigiu à multidão uma exortação comovedora”.

Como essa expressão “A doença doce mensageira” é contrária do paganismo higiênico que tem horror da doença em nossos dias.

Deve-se combater a doença, é evidente, mas há “combater” e “combater” a doença. A expressão é linda! É de quem pensa no além, no Céu, em Deus.

“No dia seguinte sabendo que sua hora estava próxima, ele quis ser transportado da cidade Benevento para Roma. Os normandos reivindicaram a honra de o levar numa liteira”.

“Foi assim que o Papa voltou ao palácio de Latrão no mês de abril de 1054. Era a época na qual habitualmente ele reunia o Sínodo dos Bispos das províncias eclesiásticas circunvizinhas de Roma. Ele as convocou para o dia 17 de abril.

“Reunidos, ele lhes disse: Eu me recomendo à Vossa fraternidade porque o tempo de minha dissolução chegou”.

É uma palavra de São Paulo, que desejava ter separada a alma do corpo para se unir a Jesus Cristo.

“Na última noite - em visão - a glória da Pátria celeste me foi manifestada. Eu reconheci, entre os grupos de mártires, aqueles que morreram na Apúlia em defesa da Igreja...”

Os lorenos valentes que morreram na Apúlia em defesa da Igreja, estavam esperando a ele no Céu, na qualidade de mártires. E ele os viu antes de subir ao céu. Que linda reminiscência desse episódio admirável da vida dele.

“Venha, lhe disseram eles, e permanece entre nós, porque foi por teu intermédio que nós conseguimos a eterna felicidade. Mas uma voz, ao mesmo tempo, se fez entender, dizendo: Não já, mas daqui a três dias somente.

“No dia seguinte, ele reuniu de novo os Bispos, se colocou numa liteira, e conduzido pelos seus fiéis normandos, em procissão, ele foi à Basílica de São Pedro”.

Foi para morrer lá. Um Papa deitado numa liteira, os Bispos formando o cortejo, cantando com velas, e o tropel dos normandos armados caminhando para a Basílica de São Pedro.

Qual procissão ou qual desfile militar pode ser mais bonito do que esse? Não há.

“Prosternado diante do túmulo do Príncipe dos Apóstolos, ele fez uma oração pela Igreja e pela conversão dos pecadores.

“Quando ele acabou, um aroma delicioso, cujo perfume era superior ao perfume mais puro se exalava da sepultura de São Pedro”.

Era São Pedro manifestando seu agrado diante desse sucessor digno dele.

“O Papa permaneceu mais ou menos durante uma hora em contemplação silenciosa”.

“Depois ele mandou trazer pão e vinho. Ele os abençoou, comeu três pedaços de pão, bebeu um pouco de vinho e distribuiu o resto aos assistentes. Ninguém comeu. Todo mundo guardou como relíquia os pedaços de pão que ele distribuiu”.

“Levantando-se então, ele se dirigiu para o túmulo que ele mesmo tinha feito preparar para si na Basílica, e disse para os Bispos:

“Vede, meus irmãos, como é miserável, frágil e efêmera a glória humana; que esse exemplo jamais saia de vossas memórias. Do nada, eu fui levado, um dia, ao que há de mais alto; e agora, eu vou ser reduzido novamente a nada. Terei como moradia esse cárcere escuro e estreito; hoje ainda convosco carne e sangue, amanhã serei poeira e cinza”.

Que linda pregação! Os Bispos em volta, os normandos e todo mundo olhando e um homem ainda em vida dizendo isso. Que anúncio maravilhoso da morte!

“Todos os assistentes se puseram em prantos. E o Papa os despediu e disse: Venham, amanhã, assistir meu último suspiro.

“São Leão retirou-se ao palácio próximo, onde passou toda a noite em oração. Na manhã seguinte, sustentado por dois assistentes, ele voltou para a Basílica, e veio se prosternar diante do altar-mor. Estendeu-se sobre uma cama que tinham preparado junto ao altar, fez sinal com a mão para impor silêncio e dirigiu ao povo uma última exortação.

“Depois chamou os Bispos para junto de si e fez a confissão de seus pecados. Sob sua ordem, um dos Bispos celebrou a Missa e deu-lhe a Comunhão.

“Depois do que, o Papa, tendo comungado, disse: ‘Fazei silêncio, porque parece que eu vou dormir’. Inclinando a cabeça, ele adormeceu, com uma calma celeste, e acordou no Céu.

“Ele morreu diante do altar de São Pedro, no dia 19 de abril do ano da graça de 1057”.


Não se deve comparar santo com santo, mas assim como se pode dizer que Luís XIV foi o rei, que São Luís Rei foi o rei santo por excelência e Felipe II foi o espanhol, assim São Gregório VII foi o Papa

Quando se fala “o Papa”, vem ao espírito São Gregório VII. E ele era o secretário dele São Leão IX.

Que coisa linda ver um santo como São Gregório VII, moço ainda, e vendo a alma de São Leão IX subindo ao Céu!

Quando a leitura acaba tem-se a impressão de voltar para o charco.

Lendo-a nós respiramos um pouco o odor das virtudes de São Leão IX. Que ele reze por nós.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 29 de outubro 1974, sem revisão do autor. Apud PlinioCorreadeOliveira.info)






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