quarta-feira, 18 de julho de 2012

Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 2

Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
Coroação de Balduino IV, rei de Jerusalém
continuação do post anterior

Coragem e resignação ante a devastação da lepra

Balduíno continuou a infligir derrotas aos islamitas, embora não pudesse vencer a luta que se travava em seu próprio corpo entre a lepra e as partes sãs. Aquela o deformava de tal maneira, que assim é descrito por um historiador, em 1183:

“Do belo menino louro, que nove anos antes havia recebido com fausto a coroa, não restava senão um inválido, um ser decaído, repugnante.

O belo rosto não era senão placas de carne marrom, fechando três quartas partes das órbitas, das quais todo olhar fugira para sempre, cortando-o do mundo, mergulhando-o numa noite eterna.

Suas mãos elegantes estavam reduzidas ao estado de cotos. Seus dedos amortecidos haviam caído uns após outros, putrefatos. Seus pés haviam tido a mesma sorte e estavam como encolhidos pelo mais cruel dos torcionários chineses.

Coberto de placas e bolhas, o resto do corpo não estava diferente para se ver. [...]

Ao preço de esforços por vezes espantosos, ele continuava a assumir seu papel de rei.

Jamais havia faltado a um combate, jamais fugido a uma responsabilidade”(7).

Veja vídeo
Montgisard: Balduino IV e
500 templários desfazem
o exército de Saladino
Balduíno IV, o rei heróico e virtuoso, semelhante ao admirável monarca francês São Luís IX, e cuja vida não foi senão uma lenta agonia, entregou a Deus sua alma pura no mês de março de 1185, aos 24 anos de idade.

“Tendo mantido até seu último suspiro a autoridade monárquica e a integridade do reino, soube também morrer como rei”.(8)

* * *
Notas:
(1) René Grousset, Histoire des Croisades et du Royaume Franc de Jérusalem, Paris, Librairie Plon, Les Petits-Fils de Plon et Nourrit, 1935, p. 610.
(2) Id., ib., pp. 610-611.
(3) Id. ib., pp. 632-633.
(4) Id. ib., p. 658.
(5) Michel le Syrien, III, p. 375. apud René Grousset, op. cit., p. 657.
(6) René Grousset, op. cit., p. 663.
(7) Dominique Paladilhe, Le Roi Lépreux, Perrin, Paris, 1984, apud Gregório Lopes, Catolicismo, abril/1992.
(8) René Grousset, op. cit., p. 744.

(Fonte: Lepanto)





GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISORAÇÕES E MILAGRES MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Balduíno IV, de Jerusalém, o Rei Leproso – 1


Esse jovem monarca, quase desconhecido na História, foi entretanto dos mais heróicos cruzados e protótipo de soberano virtuoso, comparável a São Luís IX.

Balduíno, filho de Amaury I de Jerusalém e de Inês de Courtenay, nasceu no ano de 1160 na Cidade Santa, Jerusalém. Apesar de o casamento de Amaury ter sido anulado por questão de parentesco, os filhos dele nascidos, isto é, Amauri e Sibila, foram considerados legítimos herdeiros da Coroa.

Um dia em que Balduíno brincava de guerra com outros meninos de sua idade, seu preceptor notou que, enquanto os demais gritavam quando eram atingidos, ele parecia nada sentir.

Perguntando-lhe a razão disso, o menino respondeu que os outros não o feriam, e por isso não manifestava dor e não gritava. Mas, reparando o preceptor em suas mãos e braços, percebeu que estavam adormecidos.

O rei foi informado e mandou vir os melhores médicos, que ministraram emplastros, ungüentos e outras medicinas à criança, sem alcançar entretanto resultado algum. Era o começo de uma doença que iria progredir à medida que Balduíno fosse crescendo.

Em suma, esse menino tão belo, tão ajuizado e já tão sábio fora atingido por um mal terrível, que se revelou logo: a lepra, que lhe valerá o trágico cognome de o Leproso.

Dificuldades: doença, divisão interna e Islã