terça-feira, 4 de maio de 2021

Casal imperial viveu em perfeita castidade:
Santo Henrique II e Santa Cunegundes

Santo Henrique II e Santa Cunegundes imperadore
Santo Henrique II e Santa Cunegundes imperadore
Luis Dufaur
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Pelos fins do século décimo, nascia Cunegundes, filha dos condes de Luxemburgo e futura imperatriz.

Seu pai, o conde Sigefredo, e sua mãe, a condessa Hedwiges, soberanos de Luxemburgo, favorecidos pela fortuna, muito se esmeraram na educação dessa princesa, cuja beleza e inteligência cresciam com a idade.

Desde a sua infância, o traço característico de seu caráter foi uma constante inclinação às coisas santas.

O desejo de servir a Deus e a Maria Santíssima em perfeita castidade, brotou espontâneo de seu coração.

Deus satisfez milagrosamente esse seu santo desejo.

Não podendo se furtar aos deveres de seu nascimento, aceitou como esposo a Henrique, Imperador da Alemanha, e com o seu esposo recebeu a coroa imperial das próprias mãos do Papa Benedito VIII, em Roma.

Santa Cunegundes, com cerca de 20 anos, esposou o Duque de Baviera, o qual em 1002 foi coroado Rei da Alemanha e em 1014 Imperador.

terça-feira, 20 de abril de 2021

São Gregório VII: 2ª excomunhão do imperador Henrique IV

São Gregório VII
Luis Dufaur
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O imperador Henrique IV levantou-se contra o Papa São Gregório VII. O príncipe pretendia ter poder sobre o Papa com base em sofismas e uma capciosa interpretação das Escrituras.

Pretendia ainda, entre muitas coisas, ter poder para nomear bispos e destituí-los e até de depor o Sumo Pontífice.

São Gregório VII excomungou-o uma primeira vez. Sentido-se abandonado pelos seus, Henrique IV foi pedir a absolvição ao Papa que se encontrava a bom resguardo no castelo da condessa Matilde, na Toscana.

O imperador destituído passou três dias na neve, vestido de saco, implorando o perdão.

Porém, seu coração era falso e São Gregório VII percebia.

A Corte pontifícia e até a própria condessa Matilde não perceberam e intercederam por ele. No fim, o santo Papa achou melhor suspender a excomunhão.

De volta, na Alemanha, o imperador recomeçou tudo. Em conseqüência, São Gregório VII renovou a condenação no Concílio Romano, em 7 de março de 1080.

Foi a segunda excomunhão formulada nos seguintes termos, onde brilha a santidade da Igreja e a heróica força de alma de um digno Vigário de Jesus Cristo:

terça-feira, 6 de abril de 2021

São Bonifácio: monge intrépido que converteu Alemanha

São Bonifácio, Mogúncia
São Bonifácio, Mogúncia
Luis Dufaur
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“São Bonifácio viveu de 675 a 754, portanto na alta Idade Média. Nasceu na Inglaterra, seu nome de batismo foi Winfried, mudado mais tarde pelo Papa para Bonifácio. Aos sete anos entrou no mosteiro de Betlex, sentindo depois claramente que sua vocação era converter os povos pagãos. Dedicou-se especialmente a evangelizar os anglo-saxões da Germânia, disto sendo encarregado por Gregório II. Auxiliou Carlos Martelo na reforma da Igreja da França e convocou concílios para reprimir a simonia. Foi martirizado em Docom (Frísia). Seu corpo repousa em Fulda (Hesse), onde é objeto de veneração de toda a Alemanha católica, da qual ele é patrono”. (Rohrbacher)



São Bonifácio foi monge numa época em que o que a Igreja tinha de mais dinâmico era o monaquismo. Quer dizer, grandes conventos onde os frades viviam recolhidos.
 

O próprio do convento beneditino era de situar-se em solidões e eles atraiam os homens às solidões, e as cidades se formavam em torno deles.

terça-feira, 23 de março de 2021

Santa Genoveva: heroína que salvou Paris dos bárbaros

Santa Genoveva
Luis Dufaur
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Em 451, Átila à testa de sua horda de hunos ameaçou Paris.

“A grama não volta a crescer onde pisa meu cavalo”, vangloriava-se o chefe bárbaro. Pois, ele tudo arrasava.

Santa Genoveva (419/422 ‒ 502/512) tinha só 28 anos mas, pela sua virtude e força de caráter, convenceu os habitantes de Paris de não abandonarem a cidade nem a entregarem aos pagãos.

Ela exortou os parisienses a resistir à invasão:

terça-feira, 9 de março de 2021

São Pedro de Alcântara: co-padroeiro do Brasil e arquétipo da penitência

São Pedro de Alcántara, Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
São Pedro de Alcántara,
Igreja de São Francisco, Salvador, Bahia.
Luis Dufaur
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São Pedro de Alcântara (1499 —1562), confessor, é padroeiro da Família Imperial do Brasil, co-padroeiro do Brasil e também padroeiro da Adoração Noturna do Santíssimo Sacramento.

Foi um religioso franciscano espanhol que nasceu de nobre estirpe espanhola, sendo modelo do penitente.

Quer dizer de uma prática elevada das virtudes em alguns santos que é exemplo e apoio para o comum dos fiéis, os quais devem admirar, mas não sempre imitar

Foi beatificado pelo Papa Gregório XV em 18 de abril de 1622, e canonizado pelo papa Clemente IX 28 de abril de 1669. Sua festa litúrgica se comemora o 18 de outubro

Ele foi a própria personificação da penitência na Igreja Católica no século XVI, época em que ajudou muito Santa Teresa de Jesus para as fundações dos Carmelos.

Na Igreja não todos devem ser contemplativos, mas é conveniente que todos tenham uma certa dose de contemplação.

E para ensinar a contemplação cumpre que algumas Ordens levem o espírito da contemplação tão longe quanto possível.

Essas ordens sustentam a nota contemplativa que deve caber na vida comum de todos os homens que querem se santificar.

Assim também a penitência. Não é possível todos os homens praticarem a penitência que os grandes penitentes praticam. Nem seria desejável.

O próprio São Francisco Assis no século XIII fundou ordens terceiras para por cobro à generalização do desejo de entrar para a ordem franciscana.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Santa Escolástica: alma chave na construção da Europa

Santa Escolástica, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro
Santa Escolástica, Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro
Luis Dufaur
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Santa Escolástica foi virgem, irmã gêmea e discípula de São Bento, fundadora das beneditinas e viveu entre os anos 480 e 542.

Eles nasceram no Reino Ostrogótico fundado por godos, ou germanos, que invadiram a Itália, a França, a península ibérica e a Sérvia até serem derrotados pelos exércitos cristãos do Império Romano de Oriente.

Santa Escolástica fez uma obra entrelaçada com a de São Bento fundando as beneditinas, como Santa Clara fundando as franciscanas fez com seu irmão São Francisco.

São Bento é o padroeiro da Europa.

Geograficamente falando a Europa é uma pequena península da Ásia. Entretanto fatos importantíssimos da História mundial aí se passaram.

Em tempos passados este continente deu uma correspondência grande à pregação da Igreja Católica.

Daí partiu a Civilização Cristã e com ela um embebimento da ordem temporal pelas energias sobrenaturais da graça dispensadas pela Igreja Católica.

Só a Igreja ensina a verdadeira moral e por meio dos sacramentos, dá força para que seja praticada pelos homens.

Ora, só por meio da verdadeira moral os homens conhecem e praticam a verdadeira ordem, porque a moral é a ordem no procedimento dos homens.

Concluindo: só existe verdadeira e perfeita ordem entre os homens onde existe a verdadeira Igreja.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

São Fernando de Castela só usou a espada por Cristo

São Fernando III el Santo,(Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
São Fernando III el Santo, Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
Luis Dufaur
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ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

Rei Imortal dos séculos, misericordioso Jesus, meu Salvador, Redentor e Advogado:

Chefe das Potestades e dos Principados do Céu; Rei dos reis, Senhor dos senhores e dono absoluto de tudo o que tem ser sobre a terra;

Dominador do universo: Justiça, Santificação e Redenção dos homens;

Santo dos Santos, e Santíssimo Santificador dos escolhidos, entre os quais condecoraste vosso Servo São Fernando com as sublimes virtudes, prerrogativas e excelências que outorgaste aos Santos Reis Davi, Josias e Ezequias,

Reunindo nele os dons e as graças dos outros santos líderes de vosso antigo povo escolhido.

Vós que o encontraste tão à medida de Vosso Coração, porque cumpriu Vossa santíssima vontade em tudo, e atendeu completamente Vossos desígnios soberanos:

Rogo-vos humildemente que, pela sua intercessão e pelos seus méritos, Vós conserveis sempre a Religião e a Piedade neste Reino Católico, preservando-o da impiedade e do erro;

Que Vós façais prosperar nossos Reis Católicos, com sua Família Real e seu corajoso exército;

E que, imitando o próprio Santo, vivamos em santidade e justiça todos os dias de nossas vidas, para que depois possamos ver-Vos e desfrutar de Vós por todo e sempre no Reino da Glória.

Amém.

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

Hoje temos a festa de São Fernando de Castela. A biografia está tirada de “La Vie des Saints”, pelo Pe. Edouard Daras e outros (L. Vivès, 1899; Nabu Press, 2012):

“Ele foi filho de Afonso, rei de Leão e de Berengária de Castela. Nascido em fins do século XII. Subiu ao trono aos 18 anos, tornando-se um dos grandes soberanos cristãos.

“Aos 27 anos pegou em armas contra os mouros, que mantinham parte da Espanha sob seu jugo e só as depôs quando de sua morte. Foi notável batalhador.

“No dia de São Pedro do ano de 1236 entrou em Córdoba, que os infiéis dominavam há cinco séculos.

“Consagrou a grande mesquita da cidade à Santíssima Virgem e fez transportar nos ombros dos maometanos os sinos de Compostela”.
É, inegavelmente, uma beleza!...

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Oração a um herói: São Fernando rei de Castela

São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
Luis Dufaur
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ORAÇÃO DA NOVENA A SÃO FERNANDO III

Muito fiel, muito piedoso e muito católico Rei San Fernando, ilustre Macabeu da Lei da Graça, vencedor muito forte do Império Maometano:

Conquistador invicto dos Reinos Católicos, Coluna da Fé, perseguidor de seus inimigos e exterminador dos hereges:

Glória, honra e felicidade de nossa Espanha, protetor de seus Monarcas, defensor de seus domínios e conservador de sua religião e de sua fé.

Por causa da mais alta perfeição com a qual vós exercestes esta virtude, e por causa do espírito e fervor com que vós a defendeste de acordo com a vontade de Deus, e para seu grande serviço, imploro que lhe peçais que nos conceda a preservação da Santa Fé neste Reino;

Que eu imite em mim Seus divinos exemplos, que Sua Majestade me conceda o que lhe peço por sua intercessão nesta Novena, se for de acordo com seu divino prazer;

E que depois de uma morte santa eu desfrute de Deus para sempre em eterno êxtase. Amém.

Três Pais nossos e Ave-Marias em honra da Santíssima Trindade, pedindo pela intercessão de São Fernando remédio às necessidades da Santa Igreja no nosso Reino Católico, deste Povo, e pelas necessidades de cada um.

HINO
Fernando, posto que vossa espada
Tornou a Espanha feliz:
Fazei que nela e de raiz
O erro não tenha entrada.
Pai Nosso, etc.

Vós que derrotastes os inimigos
De Deus e de seu Reinado:
Fazei que mortos ao pecado
De Deus vivamos sempre amigos.
Pai Nosso, etc.

O Rei do Céu vos confiou
A defesa de sua honra:
Obtende para todos nós seu Amor
E imitar vosso zelo.
Pai Nosso, etc.

Toda a Espanha com fé piedosa
Vos implora na sua aflição:
Não negues vossa proteção
Àquela que em vós confia,
Pai Nosso, etc.

V. Rogai por nós, abençoado e santo Fernando,
R. Para que possamos receber as promessas de Jesus Cristo.
Amém

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

São Fernando rei de Castela (1199-1252) deixou alguns conselhos a seu filho, Afonso X no “El libro de los doce sábios o Tratado de la nobleza y lealtad”. Neles recomenda:

“Foge dos néscios e de todos aqueles que não são discretos, porque pior do que o traidor é o néscio, e mais demorado emendar-se”.

O arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, que o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – que fez os comentários a seguir – conheceu muito, dizia que preferia ter um inimigo inteligente, do que um aliado néscio.

Com um inimigo inteligente, a gente prevê o que ele vai fazer e se defende. Mas com um aliado cretino, que defesa há?...

“Quando vires crescer o dano não esperes o tempo da vingança.

“Não esperes fazer amigo aquele que se faz teu inimigo sem causa e por desordenada vontade, nem esperes emenda daquele que errar muitas vezes”.
Cada um desses conselhos é o oposto daquela “atitude sentimental que se manifesta sobretudo na piedade adocicada e na posição doutrinal relativista, que procura justificar-se com uma falsa ‘caridade’ para com o próximo”. (“O Cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira”, Roberto de Mattei, Ed. Civilização, Porto, 1998, tópico 7).

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Santo Edmundo: dedicação e sacrifício na realeza

Santo Edmundo rei mártir, Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Santo Edmundo rei mártir,
Wilton Diptych, National Gallery, Londres
Luis Dufaur
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No livro “Os Santos Militares”, do General Silveira Mello (Dep. Imp. Nacional, 1953, 456pp.) encontramos uma síntese biográfica digna de destaque:

“Edmundo era filho de Opa, rei da Estânglia. É um dos pequenos reinos que compunha a Inglaterra primitiva - e nasceu por volta de 840 quando o cristianismo já estava disseminado nos estados ingleses.

“O rei, seu pai, homem de grande piedade, quando viu o filho com 15 anos, abdicou em seu favor e retirou-se para Roma a fim de consagrar seus últimos dias ao recolhimento e à oração.”

“Edmundo, que fora muito bem-educado na Religião Católica, tornou-se modelo de cristão para seu povo. Justo e bom, era homem de invulgar energia.

“Percebeu cedo o perigo que representava os escandinavos para seu país e preparou-se militarmente, assim como dispôs seu povo, para uma possível guerra.”


Naquele tempo, os escandinavos eram o grande perigo dos povos civilizados. Hoje tão pacíficos, foram no passado os tiranos dos mares.

Eles ocupavam a Escandinávia e iam descendo pela Europa e representavam a última leva das invasões bárbaras.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Saladino derrotado, aceita condições e morre abatido e envergonhado

Luis Dufaur
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Após a libertação de Jaffa, Ricardo Coração de Leão só dispunha de dois mil homens, dos quais só cinquenta eram cavaleiros, aliás desmontados. A debilidade numérica inspirou aos turcos a esperança de tirar revanche.

Assim que o exército de Saladino conseguiu se recuperar em Yazour, ele percebeu a imensa vergonha do pânico do 1º de agosto.

Ele ficou sabendo que a pequena tropa de Ricardo, com uma louca despreocupação, acampava fora dos muros de Jaffa. Passar no sabre esses pedestres parecia fácil.

Na noite do 4 ao 5 de agosto, a cavalaria muçulmana se pôs em marcha sob a luz da lua em direção ao acampamento inglês.

Estourou uma disputa entre os mamelucos que atrasou um pouco a marcha, de maneira que quando eles chegaram diante do acampamento cristão já era de manhãzinha.

Um genovês que se afastara pelos campos viu brilhar as armaduras e deu a alarme. Acordados às pressas, Ricardo e os seus apenas tiveram tempo de pagar nas armas, alguns até tiveram que combater semi-nus.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

O Batismo de Clóvis: um marco na História

Luis Dufaur
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A promessa feita por Clóvis a Nosso Senhor Jesus Cristo nos campos de Toul — “Se me concederes a vitória, crerei em ti e me farei batizar” — precisava ser cumprida.

Clóvis estava disso consciente, e logo após dispersar sua tropa chamou um monge que vivia naquela região, a quem chamavam Vaast, e o encarregou de lhe ensinar a doutrina, que tinha já por verdadeira.

O santo homem atendeu ao pedido do soberano, confirmando seus ensinamentos com um retumbante milagre: a cura de um cego durante o percurso do séquito real de Clóvis até a cidade de Reims.

Chegando Clóvis a Reims, sua esposa Santa Clotilde providenciou que o grande São Remígio concluísse a catequese. Ouvindo a narração das atrocidades cometidas contra nosso Redentor em sua Paixão, Clóvis exclamou, num transporte de santa ira: “Ah, se eu estivesse lá com meus francos!”.

Tal alma não necessitava de maiores provas, e o bispo limitou-se a ensinar-lhe as verdades fundamentais da Fé.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

O alcaide de Faria

O castelo de Faria, ruinas
Luis Dufaur
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A breve distância da vila de Barcelos, nas faldas do Franqueira, alveja ao longe um convento de franciscanos. Aprazível é o sítio, sombreado de velhas árvores. Sentem-se ali o murmurar das águas e a bafagem suave do vento, harmonia da natureza, que quebra o silêncio daquela solidão — a qual, para nos servirmos de uma expressão de Frei Bernardo de Brito — com a saudade de seus horizontes parece encaminhar e chamar o espírito à contemplação das coisas celestes.

O monte que se alevanta ao pé do humilde convento é formoso, mas áspero e severo, como quase todos os montes do Minho. Da sua coroa descobre-se ao longe o mar, semelhante a mancha azul entornada na face da terra. O espectador colocado no cimo daquela eminência volta-se para um e outro lado, e as povoações e os rios, os prados e as fragas, os soutos e os pinhais apresentam-lhe o panorama variadíssimo que se descobre de qualquer ponto elevado da província de Entre-Douro e Minho.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2

Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Robert Bruce, "o bom rei Roberto", consolidou o reino da Escócia
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1



Em 1296, o famoso William Wallace iniciou um levante popular e Bruce uniu-se a ele. Os ingleses revidaram tomando vários castelos importantes como Edimburgo e Berwick, e Wallace acabou sendo executado.

Robert Bruce tinha um temperamento duro, estava convencido que sua família tinha sido privada da coroa escocesa e era o campeão natural da nação escocesa. Fez-se coroar em 27 de março de 1306 em Scone.

Mas logo foi derrotado por uma pequena tropa inglesa em Methven, nos arredores de Perth. Ele fugiu e com um pequeno número de homens resolutos enfrentou as forças inglesas que o perseguiam, obtendo vitórias e sofrendo derrotas.
Bruce não se intimidou com os fracassos porque encarnou o espírito escocês que diz: “combater é uma grande coisa, realizar uma grande vida é ter participado de uma grande guerra. O homem alcança a plenitude quando ele é um herói e expõe a sua vida por uma causa justa. Ainda que seja ferido, que fique inválido, ainda que morra, em lutar e em ter sido corajoso eu me realizei”.

A guerra de independência durou de 1306 a 1314 e Bruce de chefe da guerrilha passou a líder nacional.

A situação de início não lhe foi favorável, pois o reino era assaltado pelas tropas inglesas e o norte da Escócia lhe era hostil.

Robert Bruce, medalha comemorativa
Robert Bruce, medalha comemorativa
Mas em 1307 Bruce desembarcou perto de seu castelo de Turnberry, encontrando a área coberta de tropas inglesas. Porém, na colina de Loudon em Lanarkshire, ele os venceu tomando cavalos, e armas.

O rei inglês estava doente e tinha ordenado vencer Bruce, mas o exército não chegou à Escócia, porque o monarca morreu nos arredores do rio Solway amaldiçoando os escoceses.

Bruce foi recuperando castelo a castelo e em 1324 tinha todos os castelos da Escócia em suas mãos, exceto o de Stirling, último bastião inglês ao Norte.

Ele reuniu seu primeiro Parlamento e depois de suas grandes vitórias em 1310-1314 teve o controle do norte, dos castelos de Edimburgo e Roxburgh.

Bruce teve o apoio da Igreja e afinal derrotou em 1314 em Bannockburn o exército de Eduardo II que tentava perfurar o bloqueio ao castelo-fortaleza de Stirling.

A vitória foi espetacular. O exército inglês contava com 10 mil cavaleiros e 50 mil infantes, três vezes mais que Bruce.

A “Declaração de Arbroath” em 1320, reafirmou a independência da Escócia e o controvertido papa João XXII de Avignon reconheceu-o como rei da Escócia em 1322.

Robert invadiu ainda duas vezes a Inglaterra e fez guerras contra o rei Eduardo II e seu filho Eduardo III. Em 1328, os dois países assinaram o Tratado de York ou de Northampton, que reconhecia a independência da Escócia e o direito que tinha Bruce de nomear herdeiro ao trono.

Túmulo do rei Robert Bruce na abadia de Dunfermline
O herói morreu pouco depois. Ele fez mais pelo seu reino do que numerosos outros reis anteriores, pois uniu a Escócia constantemente dividida em guerras internas entre seus poderosos clãs familiares.

A partir dele, até chegar a desgraça do protestantismo, cessaram os conflitos de lealdade com o vizinho do Sul.

Foi graças a Bruce que a Escócia não desapareceu da história. Se Bruce não tivesse se empenhado na independência, muito provavelmente a Escócia não existiria hoje como país.

Correspondeu às seitas presbiteriana e anglicana entre outras, a péssima tarefa de rachar o país, prostra-lo moral e animicamente e entregar a coroa a uma rainha herética do sul.

Sinal do fundo do espírito do herói escocês: Bruce sempre quis partir em Cruzada contra os muçulmanos.

Quando morreu seu coração foi posto num cofre de prata e levado por Sir James Douglas, que se uniu às tropas do rei de Castela e morreu em luta contra os mouros.

Antes de morrer, jogou o cofrezinho com o coração de Robert Bruce no meio do alvoroço da batalha e gritou: “Vá adiante, coração valente, como sempre fez e eu o seguirei ou morrerei!” O cofre foi recuperado e voltou à Escócia. De alguma maneira seu catolicíssimo sonho se realizou!

Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Robert Bruce, estátua en Bannockburn
Bruce é lembrado como o Bom Rei Roberto e seu legado foi confirmar a Escócia não apenas como um reino mas uma nação.

Deixou o reino mais forte do que nunca, com Parlamentos regularmente convocados, impostos recolhidos, havia paz entre os magnatas e o serviço devido ao rei pelos barões regularizado e em ordem.

Mais ainda do que sua gloriosa participação na história escocesa, Bruce deixou – entre mil misérias pessoais – um ensinamento para seu povo:

“Se Deus existe, a gente enfrenta tudo por amor de Deus, por amor da causa católica, do país, e quando o país está empenhado na guerra a gente deve defende-lo com virtude católica. Então sim, a gente pode dizer: que beleza e que magnífica realização!”




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terça-feira, 6 de outubro de 2020

O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 1

Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Robert Bruce, estátua em Bannockburn
Luis Dufaur
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Robert Bruce VII, ou Robert I, rei da Escócia, nasceu nas terras ancestrais, provavelmente no castelo de Turnberry, em Ayrshire, em 11 de julho de 1274 e morreu em 7 de junho de 1329.

Ele foi conde de Carrick, tinha ascendência real, e foi coroado rei da Escócia em 1306 e está sepultado na Abadia de Dunfermline.

Ele foi um dos mais famosos e corajosos guerreiros de sua geração. Comandou os escoceses durante as Guerras de Independência Escocesa contra a Inglaterra.

Malgrado um temperamento difícil, Bruce encarnou a Escócia brumosa, montanhosa, dos aguardentes como o gin e o whisky, a Escócia dos lagos que mantém suas tradições, lendas e mitos no norte da Europa e da ilha britânica, um pouco longe dos grandes ventos da civilização.

Sua educação foi típica dos jovens nobres e cavaleiros da época, treinado nas artes cavalheirescas, na espada e na luta corporal.

Eles eram preparados para fazer a guerra num ambiente de proeza e de façanha. A façanha valia mais do que as temidas frechas e as incipientes armas de fogo.

De ali a importância para os guerreiros escoceses da gaita-de-fole que incute heroísmo se expondo às balas e mandando avançar.

Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Turnberry: do castelo onde nasceu só ficam ruínas
Nele convergiam a velha cultura gaélica e a nova anglo-normanda, que com raízes na França, vinha por meio da Inglaterra.

As casas reais da Escócia e da Inglaterra tinham um longo passado de parentesco.

Porém, a Escócia era vista como a irmã pobre da ilha, mais atrasada e rural do que a Inglaterra.

De jovem, Robert viajou muito entre as terras e castelos da família, Lochmaben em Annandale e Turnberry e Loch Doon em Carrick.

Mas, também passou temporadas nas terras inglesas, o que era comum, pois muitos lordes possuíam terras na nação vizinha.

Robert frequentou a corte de Eduardo I da Inglaterra desde muito jovem e lhe jurou fidelidade em 1296 enquanto conde de Carrick, seguindo o estilo feudal.

Era letrado e falava o latim, língua da Igreja Católica, o francês, falado na Corte da Inglaterra, e o gaélico escocês.

A Escócia foi um reino independente até 1286 quando morreu o rei Alexandre III deixando o trono vago.

Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Turnberry, reconstituição artística, por Andrew Spratt.
Houve disputas pela sucessão e, para preservar o trono e a ordem, os nobres escoceses e a Igreja Católica procuraram um sucessor e encontraram candidatos nas famílias dos Balliol e dos Bruces.

Então teve início uma longa briga pela sucessão.

A 17 de novembro de 1292, Eduardo I da Inglaterra favoreceu John Balliol que foi coroado com ampla pompa e falta de apoio dos Bruces.

Os conflitos entre os aliados dos Balliol e dos Bruces acenderam o pavio da guerra pela independência.

Eduardo I se viu obrigado a combater os Balliol, e os Bruces apoiaram, pois se recusavam a lutar pelo rei que julgavam ilegítimo.

A guerra pela independência ia começar.


continua no próximo post: O bom rei Roberto Bruce: consolidou o reino da Escócia – 2


Vídeo: Marcha dos arqueiros de Robert Bruce executada na entrada de Santa Joana d'Arco em Orléans





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