Santo Eduardo III o Confessor |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: Santo Eduardo o Confessor, Rei da Inglaterra – 1
Tempos “melhores e mais felizes da Inglaterra”
“Bem merece [Santo Eduardo] que se considere seu reinado de 24 anos como um dos melhores e mais felizes da Inglaterra.
“Os próprios dinamarqueses, donos [do território] por tanto tempo, foram submetidos para sempre no interior e contidos no exterior pela postura do valente príncipe”.4
Pois os antigos vencedores, estabelecidos na Inglaterra havia 40 anos, pretendiam ter um “direito de conquista”, mas temiam, amavam e respeitavam o novo soberano. Aos poucos foram totalmente integrados na população do país.
Enquanto a Divina Providência zelava pelo reino, uma ameaça vinha da Noruega. O rei Sweyn quis reconquistar o trono inglês que seu pai, Canuto, antes ocupara.
Santo Eduardo colocou o país em estado de alerta, e esperou o pior. Mas um ataque do rei da Dinamarca à Noruega fez abortar o premeditado plano de invasão da Inglaterra.
Mais tarde Suenon, rei da Dinamarca, preparou-se também para reconquistar a Inglaterra.
Dotado do dom da profecia, Santo Eduardo estava um dia assistindo à Missa quando entrou em êxtase, derramando copiosas lágrimas. Terminado o Santo Sacrifício, seus nobres lhe perguntaram o que sucedera.
O santo revelou então que vira Suenon morrendo afogado no mar, no momento de embarcar para a Inglaterra. O que livrou o país de nova invasão.
Pouco mais tarde, em 1046, piratas dinamarqueses sitiaram Sandwich e depois as costas de Essex. Mas a pronta intervenção dos oficiais de Eduardo forçou-os a afastar-se do país.
Santo Eduardo empreendeu apenas uma guerra, para recolocar Malcolm, filho de Duncan, no trono da Escócia. Duncan fora assassinado e despojado por Macbeth, o usurpador cuja infâmia foi imortalizada por Shakespeare.
“Não se alegrava com a abundância”
Santo Eduardo III o Confessor e São Francisco de Assis, Londres |
De acordo com seu primeiro biógrafo, Santo Eduardo “era pobre nas riquezas, sóbrio nas delícias, humilde na púrpura e, sob a coroa de ouro, desprezador do mundo.
“Apreciava tão pouco as riquezas, que seu tesouro parecia mais o erário dos pobres e a coisa pública de todo mundo.
“Não se alegrava com a abundância, nem se entristecia na necessidade. Era sobretudo liberal com as igrejas e mosteiros”,5 e a essa liberalidade se deve a fundação da grande abadia de Westminster, que seria o panteão dos reis e dos grandes homens da Inglaterra.
Os antigos cronistas colocam Santo Eduardo entre os melhores reis de seu tempo, dizendo que foi bom, piedoso, compassivo, pai do povo, protetor dos débeis, amigo mais de dar do que receber, de perdoar mais do que castigar.
Para atender às imposições dos que o rodeavam, Eduardo teve que contrair matrimônio. Sua escolha recaiu sobre Edite, filha do infame Godwin.
Ao contrário do pai, ela era piedosa, generosa, com uma delicadeza de espírito que a levou a aceitar a proposição do rei de viverem como irmãos, porquanto Eduardo havia feito voto de castidade.
Código: “Leis de Eduardo, o Confessor”
“Estando despido de ambição pessoal, o único objetivo de Eduardo foi o bem-estar de seu povo. Ele anulou o odioso ‘danegelt’ (tributo que se pagava anualmente aos dinamarqueses), o qual continuava a ser pago desnecessariamente.
“E, apesar de pródigo em esmolas para os pobres e para fins religiosos, fez seu próprio patrimônio real suficiente, sem impor ao povo novas taxas.
“Tal era o contentamento provocado pelas ‘leis do bom Santo Eduardo’, que sua aplicação foi repetidamente pedida pelas futuras gerações, quando se viram oprimidas”.6
Com efeito, “Santo Eduardo tornou-se sobretudo célebre por suas leis. Ele adotou o que havia de útil nas que existiam então, e fez as mudanças e adições que julgou necessárias.
“Depois, seu código tornou-se comum em toda a Inglaterra sob o nome de ‘Leis de Eduardo, o Confessor’, título pelo qual elas se distinguem das que sancionaram os reis normandos. Elas fazem ainda parte do direito britânico [século XIX], excetuando-se alguns pontos que sofreram mudanças.
“Reconhecem poucos crimes puníveis com a pena de morte e as multas são determinadas de maneira fixa, não dependem da vontade dos juízes. Elas proviam à segurança pública e garantiam a cada particular a propriedade que possuía”.7
Santo Eduardo faleceu no dia 5 de janeiro de 1066 e foi canonizado por Alexandre III em 1161.
Seu “sagrado corpo foi levantado da terra 36 anos depois de sua morte, achando-se tão inteiro e fresco, com todos os membros tão flexíveis, como se estivesse vivo, e com os trajes tão novos, como se acabassem de lhos fazer”.8
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Notas:
1. E.F. Saxton, Canute, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
2. Cfr. Edelvives, El Santo de Cada Dia, Editorial Luis Vives, S.A., Saragoça, 1955, vol. 5, pp.433 a 441.
3. Fr. Justo Perez de Urbel, in Año Cristiano, Ediciones Fax, Madri, 1945, vol. IV, p. 96.
4. D. Próspero Guéranger, El Año Litúrgico, Editorial Aldecoa, Burgos, 1956, vol. V, p. 607.
5. Urbel, op. cit. p. 97.
6. G.E. Phillips, Saint Edward, the Confessor, The Catholic Encyclopedia, CD Rom edition.
7. Les Petits Bollandistes, Vies des Saints, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo 12, p. 319.
8. Pe. José Leite, Santos de Cada Dia, Editorial A. O., Braga, 1987, tomo III, p. 167.
(Autor: Plinio Maria Solimeo, CATOLICISMO, outubro 2012
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