terça-feira, 22 de agosto de 2023

São Lourenço de Brindisi prometeu a vitória
e ordenou atacar

São Lourenço de Brindisi com crucifixo à mão ordena atacar.
São Lourenço de Brindisi com crucifixo à mão ordena atacar.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




continuação do post anterior: São Lourenço de Brindisi líder vitorioso contra os turcos invasores



O Pe. Rohrbacher continua:

“O frade opinou pelo ataque. E, pela segunda vez, assegurou à assembleia uma vitória completa.”

O que evidentemente transmitia uma certeza carismática.

Ele comunicou coragem, naturalmente.

“Tendo diminuído o temor com essa resposta decidiu-se começar a batalha e os soldados foram colocados em posição.”

Ou seja, foi a palavra dele que determinou isso que, humanamente falando, seria possivelmente ou provavelmente uma temeridade.

“Frei Lourenço, a cavalo, colocou-se na primeira linha revestido de seu hábito religioso.”

Não para combater, porque um sacerdote não derrama sangue mas é para estimular com sua presença. Quer dizer, para levar os outros ao combate, para levar os outros à luta.

São Lourenço de Brindisi, piedoso Doutor da Igreja inflamou os exércitos católicos e os levou à vitória contra os turcos invasores.
São Lourenço de Brindisi, piedoso Doutor da Igreja
inflamou os exércitos católicos
e os levou à vitória contra os turcos invasores.
“Então, elevando um Crucifixo que segurava, voltou-se para as tropas e falou-lhes com tanta força que eles não quiseram mais esperar o ataque dos turcos.”

Isso é um orador! E isso é um orador sacro! Quantas vezes os senhores viram alguém, do alto de um púlpito, falar com esse fogo?

“Lançaram-se contra o inimigo com um valor incrível”.

Isso é o que ensina Dom Chautard  na sua obra “A Alma de todo o Apostolado” aplicado a assuntos militares!

Em outros termos, se é um homem de Deus e se tem verdadeiramente vida interior, sua palavra pega fogo e move montanhas. Mas é preciso ser um homem de Deus! Aqui está a precedência da santidade sobre a vida ativa.

“Os turcos, de seu lado, os receberam com firmeza e o choque foi terrível. O irmão Lourenço foi, num momento, rodeado pelos infiéis”.

Os senhores já imaginaram a coragem de ir cavalgando na frente dos outros e sem armas? E, naturalmente, bradando: Avanço! Avanço!

Que atitude magnífica ver esse Capuchinho a cavalo e incentivando todo mundo para a guerra e continuando os seus sermões por meio de exclamações e, de repente, quase cercado pelos infiéis.

“Mas os coronéis Rossburg e Altaim, correndo para defendê-lo, arrancaram-no do perigo e o conjuraram a retirar-se, dizendo que lá não era seu lugar.

“‘Vós vos enganais’, respondeu-lhes em voz alta. ‘É aqui que eu devo estar. Avancemos, a vitória é nossa’.”

São Lourenço de Brindisi, O.F.M. Cap.,
Doutor da Igreja, estátua em Rovigo, Véneto, Itália.
Os senhores já imaginaram o que é isso? Um santo a cavalo no meio da guerra que grita: Avancemos, avancemos, a vitória é nossa! Com o Crucifixo na mão! Isso é lutar! isso é fazer guerra!

“Os cristãos recomeçaram a carga e o inimigo, tomado de terror, fugiu em todas as direções.”

Não tem comentários…!

“Essa batalha deu-se a 11 de outubro de 1611. Uma segunda batalha teve lugar a 14 do mesmo mês; seguida do mesmo sucesso. Os turcos retiraram-se para além do Danúbio após terem perdido trinta mil homens.

“Não se saberia exprimir os sentimentos de admiração que o irmão Lourenço havia inspirado aos generais e soldados.

“O duque de Mercoeur, que comandava sob o arquiduque, declarou que o santo religioso fizera mais nessa guerra do que todas as tropas juntas.”

É evidente que foi mesmo. E é um homem só. Mas um homem no qual está Deus. Aqui está a questão!

“E, depois de Deus e da Virgem Maria, era a ele que se deveria atribuir as duas vitórias conseguidas. Mais uma vez a Europa livrava-se da barbárie do infiel oriental”.

Os senhores podem imaginar o que seria a História do mundo se essas batalhas tivessem sido perdidas? Se as tropas tivessem chegado até Viena? Se tivessem chegado até Roma?

Com aquele pulular de protestantismo e de heresias por toda a Europa? Não podemos imaginar o que poderia ter sido…

Enfim, isso foi salvo por um homem de Deus que não teve medo de fazer dezoito mil homens derramarem o sangue abundantemente pela causa da Igreja. E o resultado magnífico aí está. Vamos nos recomendar, portanto, a ele.


(Autor: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Transcrição de gravação de conferência em 21 de julho de 1966, mantendo o estilo verbal, não revista pelo autor).




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terça-feira, 8 de agosto de 2023

São Lourenço de Brindisi líder vitorioso contra os turcos invasores

São Lourenço de Brindisi enfrenta cimitarra com a Cruz.
São Lourenço de Brindisi enfrenta cimitarra com a Cruz.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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sócio do IPCO,
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A respeito de São Lourenço de Brindisi (1559-1619) diz o Pe. René François Rohrbacher (1789 – 1856) na sua célebre obra “História Universal da Igreja Católica” o seguinte relativo à reconquista da cidade húngara de Székesfehérvár (Alba Regalis) em 1601:

“O imperador Rodolfo II, conhecendo a habilidade do padre Lourenço, empregou-o num trabalho bem difícil. Maomé III, tendo avançado em direção ao Danúbio, anunciava o projeto de invadir a Hungria.”

Rodolfo dizia de Maomé III que este queria penetrar através do Danúbio e da Hungria e da Áustria até a Itália. E que os cavalos de seu exército comessem no altar de São Pedro como se fosse uma manjedoura.

“Rodolfo organizou um exército e convidou todos os príncipes da Alemanha, tanto católicos quanto protestantes, para unirem-se a ele em defesa da Cristandade.

“Mas, temendo que seu convite não fosse bastante eficaz, enviou-lhes o Padre Lourenço. O sucesso do piedoso Capuchinho foi completo. Todos os socorros pedidos foram enviados rapidamente e o arquiduque Matias foi escolhido como generalíssimo do exército cristão.

“Mas não devia terminar aí a missão do bem-aventurado Lourenço. O Senhor lhe reservava um triunfo de outro gênero.

O sultão Maomé III.
O sultão Maomé III.
“A pedido de Matias, do Núncio e de numerosos príncipes confederados, o Papa ordenou-lhe de se unir ao exército a fim de contribuir para o sucesso da campanha com seus conselhos e com suas preces. Ele obedeceu sem resistência. Logo que chegou, postou-se diante dele o exército em ordem de batalha”.

Os senhores precisam imaginar a beleza dessa cena: ele era um Capuchinho, de aspeto venerável e que comparecia então às cortes da Europa central, algumas delas bastante pomposas, para pregar essa nova Cruzada.

É preciso se por em mente os trajes pomposos da época, o fausto das salas, de todo o ambiente e a majestade do Capuchinho que entra com suas sandálias, com seu burel, com seu rosário, com sua longa barba, com seu bastão de viandante, não tendo outra coisa para se impor a não ser a carência de tudo aquilo por onde os outros se impunham, mas com a missão de Nosso Senhor e a grandeza da pobreza franciscana.

Falando então como enviado do Papa e enviado de Deus, tratando de cima para baixo com os maiores da Terra e ouvido como tal… dentro de toda a sua pobreza. Isso é que é compreender e amar!

Depois dele conseguir que os príncipes mandassem numerosas forças, é enviado como a alma do exército, que deve dar os conselhos, orientar a luta etc. Temos, então, essa cena magnífica descrita:

“O santo, logo que ele chegou ao exército, o exército em [formação de] batalha, postou-se diante dele.”

Os senhores podem imaginar a beleza do quadro. Um exército com cavalaria, com couraças, com armas reluzentes, com todos aqueles homens, com aqueles chapéus de plumas, com canhões que os senhores podem ver em gravuras, todos eles de bronze e trabalhados, naquela época da arte e de grande estilo.

A batalha ainda com qualquer coisa de cavalheiresco. Chega o velho Capuchinho e o exército todo se posta diante dele em atitude de batalha: é um acontecimento!

Isso é que é o esplendor da era constantiniana, que já não se conhece hoje, mas nem de longe! Entretanto, ela é a refulgência da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.

“O santo religioso, a cruz na mão, falou aos soldados e assegurou-lhes uma vitória certa”.

“Em seguida, preparou-os para o combate pela prece e pela penitência.”

São Lourenço de Brindisi, O.F.M.Cap. doutor da Igreja
pregador ardoroso contra os turcos invasores
Vimos isso a respeito da vitória de Lepanto também: preparar para a luta não é valendo-se de comedorias, mas é preparar pela penitência e pela oração. Assim é que o homem se torna verdadeiramente lutador.

“No dia da luta o chefe dos turcos apresentou oitenta mil homens em ordem de batalha. O general cristão tinha somente dezoito mil.”

Os senhores estão vendo a desproporção.

“Tocados com essa diferença, alguns oficiais do Imperador, mesmo dos mais intrépidos, aconselharam agir com prudência e retirar-se para o interior do país.”

É a teoria do “ceder não perder”: por toda parte há gente que tem esse tipo de “prudência”. São os que enterram todas as causas boas.

“O arquiduque, tendo chamado Frei Lourenço ao conselho, fê-lo tomar conhecimento da deliberação”.

Os senhores imaginem o conselho de guerra reunido, interpretando a situação do ponto de vista militar, do qual talvez houvesse razões para achar que era o caso de se retirar. Mas chama-se o homem de Deus.

Então, podemos imaginar a tenda do arquiduque Matias com tudo quanto podia haver de magnífico na tenda de um arquiduque generalíssimo de exército: guardas do lado de fora, mesa de conselho…

Chega lá o Capuchinho, leigo em matéria militar, e que vai dar sua opinião, que é acatada como de um homem de Deus. Porque os homens de Deus já eram raros, mas ainda eram profundamente ouvidos.


continua no próximo post: Quando São Lourenço de Brindisi prometeu a vitória e ordenou atacar


(Autor: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Transcrição de gravação de conferência em 21 de julho de 1966, mantendo o estilo verbal, não revista pelo autor).




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terça-feira, 25 de julho de 2023

Carlos Magno Imperador do Sacro Império

São Leão III coroa Carlos Magno e restaura nele o Sacro Império Romano Alemão
São Leão III coroa Carlos Magno e restaura nele o Sacro Império Romano Alemão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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continuação do post anterior: O fomento da cultura, a renascença carolíngia



De 775 a 800 transcorreu um quarto de século. Durante esse período, praticamente não houve ano em que Carlos Magno não empreendesse uma campanha militar, seja nas marcas (territórios de divisa) espanholas, no sul da Gália ou em outras fronteiras do reino franco.

Relatá-las, ou mesmo referi-las, extravasa os limites deste artigo. Embora já em 799 as marcas espanholas estivessem asseguradas e, no Mediterrâneo, as Ilhas Baleares, Córsega e Sardenha fossem protegidas por tropas carolíngias contra os ataques mouriscos, os saxões continuavam em ebulição.

No início de 800, Carlos encontrava-se em campanha, esperando ajuda de seu filho Luís, o Piedoso, para lhes infligir uma derrota definitiva, quando recebeu notícias de Roma.

O Papa Leão III, que em 795 sucedera a Adriano I, tinha sido gravemente agredido em Roma durante uma procissão no dia 25 de abril de 799, escapando por pouco de ser assassinado.

Preso por sediciosos, o Pontífice conseguiu escapar e procurou socorro junto a Carlos, com quem se encontrou em Paderborn, em agosto do mesmo ano. Leão III permaneceu até o início do outono na corte de Carlos, retornando a Roma com um grande séquito de bispos e soldados.

Dominada a sedição na Cidade Eterna, os chefes do atentado foram presos e condenados à morte. A execução da pena foi adiada até a chegada do rei dos Francos.

Carlos chegou em fins de dezembro do ano seguinte. No dia 1o de dezembro de 800 julgou na Basílica de São Pedro os culpados do atentado contra o Papa, cuja condenação à morte foi confirmada.

Estatueta equestre de Carlos Magno no Museu do Louvre. Fundo: catedral de Metz.
Estatueta equestre de Carlos Magno no Museu do Louvre.
Fundo: catedral de Metz.
Leão III, de própria iniciativa, prestou um juramento de que eram falsas as acusações de que era objeto e pediu que lhes fosse comutada a pena de morte em exílio.

No dia 25 de dezembro, na Basílica de São Pedro, estando Carlos rezando junto ao altar após a Missa solene, Leão III lhe coloca sobre a cabeça a coroa imperial, sob a aclamação dos romanos presentes: “Vida e vitória a Carlos, piedosíssimo Augusto, grande e pacífico monarca coroado por Deus!”.

Eginhardo assevera que Carlos não desejava essa honra e que teria deixado de ir à Basílica de São Pedro, caso soubesse o que iria acontecer.

J. B. Weiss, contudo, é da opinião de que a manifestação de desagrado do Imperador foi mais bem um ato político, uma vez que a dignidade imperial desagradava a muitos de seus súditos, receosos de mais guerras e eventuais problemas diplomáticos com a Corte de Constantinopla.

Seja como for, o gesto de São Leão III coroando Carlos Magno Imperador na noite de Natal de 800, instaurando assim um império de 1000 anos — o Sacro Império só foi abolido por Napoleão Bonaparte em 1804 — teve uma importância incomensurável para a Cristandade.

O peso, a influência, o prestígio do Império deslocavam-se do Oriente, de Constantinopla, para o Ocidente.

É a Cristandade ocidental que vai empreender a epopeia da cristianização dos povos bárbaros, das cruzadas contra os infiéis, do descobrimento do Novo Mundo, das missões na África e na Ásia — tudo isso a partir do impulso que a restauração do Império Romano proporcionará à civilização cristã ocidental.

* * *

Carlos Magno faleceu no dia 28 de janeiro de 814, tendo recebido o Viático no dia anterior. Ele foi o homem certo no lugar certo, no momento propício. E houve um Papa, São Leão III, que profeticamente soube discernir as vias da Providência.


(Autor: Renato Murta de Vasconcelos. CATOLICISMO, fevereiro de 2015



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terça-feira, 11 de julho de 2023

O fomento da cultura, a renascença carolíngia

Carlos Magno: busto relicário. Fundo: cúpula da catedral de Aachen
Carlos Magno: busto relicário. Fundo: cúpula da catedral de Aachen
Luis Dufaur
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continuação do post anterior: Grandes guerras de Carlos Magno

As guerras não impediram Carlos de fomentar a reforma moral no Reino, tanto no âmbito temporal quanto eclesiástico, de impulsionar a cultura e as artes, bem como de estabelecer na estrutura de governo um eficiente sistema de administração e controle.

Para levar a cabo as reformas que desejava implantar, cercou-se em Aix-la-Chapelle (Aachen) — onde praticamente estabeleceu sua capital, vivendo alí a maior parte dos últimos 20 anos de sua vida — dos mais eminentes sábios da época.

Eles provinham de toda a Europa, tais como Alcuíno (inglês), Paulo Diácono (lombardo) e São Rabano Mauro, nascido em Mainz e futuro abade de Fulda, cognominado posteriormente de “Praeceptor Germaniae”.

Alcuíno, que Carlos conheceu em Parma, foi talvez um dos mais importantes “scholars” da corte carolíngia. Nascido por volta de 730, formara-se na escola diocesana de York, da qual se tornou um dos mestres. Uma de suas obras mais notáveis foi a correção da Vulgata de São Jerônimo, adotada pelo Concilio de Trento.

Seu papel enquanto conselheiro pode ser bem notado no texto emblemático da renascença carolíngia, a Capitular intitulada “Admonitio generalis”, de 789.

Nela se encontra o famoso artigo ordenando o estabelecimento de escolas em todas as dioceses e em todos os mosteiros para formar jovens com vocação clerical, que fossem suficientemente instruídos para bem rezar, ensinar e dirigir o povo cristão rumo à salvação.

Nessa linha se insere o empenho de Carlos na correção dos livros litúrgicos e na uniformização da liturgia.

No incremento da cultura, o Imperador incentivou a cópia e difusão das principais obras da Antiguidade. Batalhões de copistas trabalhavam sem cessar em sua corte.

Reforma caligráfica carolíngia: alternando maiúsculas, minúsculas e espaços a leitura ficava facilitada enormemente
Reforma caligráfica carolíngia: alternando maiúsculas,
minúsculas e espaços a leitura ficava facilitada enormemente
Não se deve esquecer que uma folha dupla de pergaminho exigia a pele de uma ovelha. As cópias produzidas nos ateliês de copistas impulsionados por Carlos representaram um investimento de capital imenso, pois custaram rebanhos de milhares de ovelhas.

Uma inovação de grande importância nas cópias de obras clássicas foi a introdução das letras minúsculas, que facilitaram enormemente a leitura, bem como a invenção do sinal de interrogação.

A reforma eclesiástica e administração do Império


Numa época em que se verificava um tremendo relaxamento da disciplina eclesiástica e se multiplicavam os escândalos ocasionados por padres e monges, Carlos Magno deitou especial atenção na reforma dos costumes, porque concebia como parte essencial de seu múnus real a salvação eterna de seus súditos.

Considerada a imensidão de seu Reino, árdua era a tarefa de bem administrá-lo. Era preciso transmitir ordens, verificar o seu cumprimento, retificar o que não estivesse correto, receber informações, mandar instruções, controlar o exercício da justiça e tomar um sem-número de outras providencias.

Para tal, Carlos instituiu os famosos “missi dominici”, que eram constituídos por dois enviados, um clérigo e um leigo, a todas as partes do Império em que era necessário estabelecer um controle, tomar medidas, desenvolver um plano, em suma verificar se as decisões reais, codificadas nas famosas Capitulares, estavam sendo bem aplicadas.

Essa instituição dos “missi dominici” — de tendência nitidamente centralista, cumpre reconhecê-lo — demonstra o desejo de Carlos de, controlando o poder de seus condes, assegurar a unidade e a justiça na administração do Estado, numa época atribulada por restos de barbárie e de tendência para o caos. 



continua no próximo post: Carlos Magno Imperador do Sacro Império



(Autor: Renato Murta de Vasconcelos. CATOLICISMO, fevereiro de 2015

GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES CONTOS CIDADE SIMBOLOS
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