terça-feira, 11 de julho de 2023

O fomento da cultura, a renascença carolíngia

Carlos Magno: busto relicário. Fundo: cúpula da catedral de Aachen
Carlos Magno: busto relicário. Fundo: cúpula da catedral de Aachen
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Grandes guerras de Carlos Magno

As guerras não impediram Carlos de fomentar a reforma moral no Reino, tanto no âmbito temporal quanto eclesiástico, de impulsionar a cultura e as artes, bem como de estabelecer na estrutura de governo um eficiente sistema de administração e controle.

Para levar a cabo as reformas que desejava implantar, cercou-se em Aix-la-Chapelle (Aachen) — onde praticamente estabeleceu sua capital, vivendo alí a maior parte dos últimos 20 anos de sua vida — dos mais eminentes sábios da época.

Eles provinham de toda a Europa, tais como Alcuíno (inglês), Paulo Diácono (lombardo) e São Rabano Mauro, nascido em Mainz e futuro abade de Fulda, cognominado posteriormente de “Praeceptor Germaniae”.

Alcuíno, que Carlos conheceu em Parma, foi talvez um dos mais importantes “scholars” da corte carolíngia. Nascido por volta de 730, formara-se na escola diocesana de York, da qual se tornou um dos mestres. Uma de suas obras mais notáveis foi a correção da Vulgata de São Jerônimo, adotada pelo Concilio de Trento.

Seu papel enquanto conselheiro pode ser bem notado no texto emblemático da renascença carolíngia, a Capitular intitulada “Admonitio generalis”, de 789.

Nela se encontra o famoso artigo ordenando o estabelecimento de escolas em todas as dioceses e em todos os mosteiros para formar jovens com vocação clerical, que fossem suficientemente instruídos para bem rezar, ensinar e dirigir o povo cristão rumo à salvação.

Nessa linha se insere o empenho de Carlos na correção dos livros litúrgicos e na uniformização da liturgia.

No incremento da cultura, o Imperador incentivou a cópia e difusão das principais obras da Antiguidade. Batalhões de copistas trabalhavam sem cessar em sua corte.

Reforma caligráfica carolíngia: alternando maiúsculas, minúsculas e espaços a leitura ficava facilitada enormemente
Reforma caligráfica carolíngia: alternando maiúsculas,
minúsculas e espaços a leitura ficava facilitada enormemente
Não se deve esquecer que uma folha dupla de pergaminho exigia a pele de uma ovelha. As cópias produzidas nos ateliês de copistas impulsionados por Carlos representaram um investimento de capital imenso, pois custaram rebanhos de milhares de ovelhas.

Uma inovação de grande importância nas cópias de obras clássicas foi a introdução das letras minúsculas, que facilitaram enormemente a leitura, bem como a invenção do sinal de interrogação.

A reforma eclesiástica e administração do Império


Numa época em que se verificava um tremendo relaxamento da disciplina eclesiástica e se multiplicavam os escândalos ocasionados por padres e monges, Carlos Magno deitou especial atenção na reforma dos costumes, porque concebia como parte essencial de seu múnus real a salvação eterna de seus súditos.

Considerada a imensidão de seu Reino, árdua era a tarefa de bem administrá-lo. Era preciso transmitir ordens, verificar o seu cumprimento, retificar o que não estivesse correto, receber informações, mandar instruções, controlar o exercício da justiça e tomar um sem-número de outras providencias.

Para tal, Carlos instituiu os famosos “missi dominici”, que eram constituídos por dois enviados, um clérigo e um leigo, a todas as partes do Império em que era necessário estabelecer um controle, tomar medidas, desenvolver um plano, em suma verificar se as decisões reais, codificadas nas famosas Capitulares, estavam sendo bem aplicadas.

Essa instituição dos “missi dominici” — de tendência nitidamente centralista, cumpre reconhecê-lo — demonstra o desejo de Carlos de, controlando o poder de seus condes, assegurar a unidade e a justiça na administração do Estado, numa época atribulada por restos de barbárie e de tendência para o caos. 



continua no próximo post: Carlos Magno Imperador do Sacro Império



(Autor: Renato Murta de Vasconcelos. CATOLICISMO, fevereiro de 2015

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Um comentário:

  1. Parabéns pelo seu trabalho aqui no blog. Fico bastante satisfeito por obter sua ajuda e boa vontade para com a história medieval. Sucesso em sua cruzada!

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