quarta-feira, 5 de setembro de 2018

São Gregório Magno, Papa baluarte da Cristandade nascente

São Gregório Magno

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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“Gregório é certamente uma das mais notáveis figuras da história eclesiástica. Exerceu em vários aspectos uma significativa influência na doutrina, organização e disciplina da Igreja Católica.

“A ele devemos olhar, para a explicação da situação religiosa da Idade Média; com efeito, não se levando em conta seu trabalho, a evolução da forma da Cristandade medieval seria quase inexplicável.

“Tanto quanto o moderno sistema católico é um legítimo desenvolvimento do catolicismo medieval, não sem razão Gregório deve também ser chamado seu pai.

“Quase todos os princípios diretivos do subseqüente Catolicismo são encontrados, pelo menos em gérmen, em Gregório Magno”.(1)
Ele “merece o glorioso título de Magno por todas as razões que podem elevar um homem acima de seus semelhantes: porque foi magno em nobreza e por todas as qualidades que vêm do nascimento e dos ancestrais; magno nos privilégios da graça com que o Céu o cumulou; magno nas maravilhas que Deus operou por seu intermédio; e magno pelas dignidades de Cardeal, de Legado, de Papa, para as quais a divina Providência e seus méritos o elevaram”.(2)
Esmerada e virtuosa educação

Gregório nasceu em Roma no ano 540. Seu pai, Gordiano, era senador. Muito rico, após o nascimento do filho consagrou-se inteiramente a Deus no serviço dos pobres.

Sua mãe, Sílvia, não era menos ilustre nem menos virtuosa, e passou os últimos anos de sua vida em contemplação num pequeno oratório para onde se retirou.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O rei Dom Afonso Henriques, fundador de Portugal

Luis Dufaur
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D. Afonso Henriques, nascido por volta de 1109, era filho do Conde D. Henrique de Borgonha e de sua esposa, D. Teresa. Pelo pai, era neto do Duque Henrique de Borgonha e trineto de Roberto II, Rei de França.

Sua mãe era filha ilegítima de Afonso VI, Rei de Leão e de Castela. Este confiara ao genro o Condado Portucalense, que se estendia do sul do Minho às proximidades do Tejo.

Sucedendo a seus pais no governo do Condado Portucalense (em 1130), o jovem D. Afonso Henriques empenhou-se em fazê-lo independente, por meio de repetidas lutas contra Afonso VII, que sucedera a Afonso VI no trono de Leão.

Desde então começou a intitular-se Rei de Portugal. Afonso VII reconheceu-lhe esse título em 1143, na conferência de Zamora, à qual assistiu o Cardeal Guido de Vico, Legado do Papa Inocêncio II.

Para esse resultado concorreu o juramento de vassalagem que D. Afonso Henriques havia prestado ao Papa na pessoa do Legado, talvez ainda antes da conferência.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

A batalha de Poitiers
contada por um cronista árabe anônimo

Batalha de Poitiers, Museu de Versailles
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“Os muçulmanos golpearam os seus inimigos e atravessaram o rio Garonne, assolando o país e levando inúmeros cativos.

“Aquele exército passou por todos os lugares como uma tempestade devastadora. A prosperidade tornou esses guerreiros insaciáveis.

“Ao cruzarem o rio, Abderrahman arruinou o condado. O conde refugiou-se em sua fortaleza, mas os muçulmanos avançaram contra ele e, entrando à força no castelo, mataram o conde.

“Para tudo cediam suas cimitarras, que eram ladrões de vidas.

“Todas as regiões do reino dos francos temiam aquele exército terrível, assim, os francos recorreram a seu rei Caldus [Carlos Martel] e lhes contaram sobre a destruição feita pelos cavaleiros muçulmanos, e como subjugaram, ao atravessarem, toda a terra de Narbonne, Toulouse e Bordeaux.

“Eles também relataram a morte do conde. Então o rei alegrou-os, declarando que iria ajudá-los...

quarta-feira, 11 de julho de 2018

O Santo Condestável: maior gênio militar português se fez monge

São Nuno Alvares Pereira, o Santo Condestável.
São Nuno Alvares Pereira, o Santo Condestável.
Luis Dufaur
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As relíquias do Condestável Dom Nuno Alvares Pereira, que, em religião, tomou o nome de Frei Nuno de Santa Maria haviam sido conduzidas em solene e concorridíssima procissão pelas ruas de Lisboa.

A finalidade foi pedir a canonização do Condestável, que já tinha as honras de Bem-aventurado.

O religioso é considerado o maior estratega, comandante e génio militar português de todos os tempos, comandou forças em número substancialmente inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travou. Cfr. Wikipedia Nuno Álvares Pereira

O anseio popular impulsionado pela fama de santidade do Condestável que se fez simples monge foi felizmente atendido em 26 de Abril de 2009. Desde então é cultuado nas igrejas de todo o mundo como o Santo Condestável – formalmente São Nuno de Santa Maria ou linguagem corrente Nun'Álvares.

Dom Nuno Alvares Pereira foi o restaurador de Portugal no século XIV, quando essa nação corria o perigo de cair sob o domínio espanhol, em consequência de grave crise dinástica.

Nesta difícil conjuntura, foi Dom Nuno o braço forte, que apoiou e firmou a novel casa de Avis.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

São Casimiro: príncipe real virgem e cerimonioso mas guerreiro sagaz

São Casimiro. Catedral de Vilnius, Lituânia
Luis Dufaur
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São Casimiro, príncipe polonês nascido em 1458, foi o terceiro filho de Casimiro III, rei da Polônia, e Isabel da Áustria, filha do imperador Alberto III.

O jovem príncipe, criança ainda, dedicou-se a prática de mortificação e piedade, usava um cilício sobre seus trajes, o corpo e seu espírito era tão muito unido a Deus que sua paz interior se manifestava numa grande serenidade do rosto, amava profundamente a Igreja e uma coisa lhe tornava cara a partir do momento em que a glória de Deus fosse dela objeto.

Devoto da Paixão de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, compôs em honra da Mãe de Deus um hino que recitava e cantava frequentemente, pedindo que ao morrer colocassem uma copia dele junto ao seu túmulo.

Ao completar Casimiro 13 anos, os húngaros descontentes com seu rei Matias, quiserem levar o santo ao trono de seu país. Seguiu o jovem à frente de um exercito para a Hungria para sustentar os direitos dessa eleição.

Mas na fronteira deste país soube que o rei húngaro reconquistara a estima de seus filhos, e que além disso o papa Sixto IV se declarava pelo rei destronado e reprovava a expedição.

São Casimiro voltou atrás e para não aumentar o desgostoso de seu pai que planejara aquele empreendimento, retirou-se para o castelo de Dobsq, onde se entregou a austeras penitências durante três meses. Ao fim desse tempo voltou ao palácio real onde já encontrou tudo em paz.

São Casimiro faleceu ao 24 anos de idade em 1483, tendo até o fim de sua vida se recusado a casar. Predisse a sua morte e para ele preparou-se particularmente.

Cento e vinte anos após a sua morte, seu corpo e as ricas vestes com que fora enterrado foram encontrados intactos, construindo-se riquíssima capela de mármore para conservação dessa relíquia. É padroeiro da Polônia e modelo de pureza para a juventude.

Morte São Casimiro. Capela de São Casimiro na Catedral de Vilnius, Lituânia.
Morte São Casimiro. Capela de São Casimiro na Catedral de Vilnius, Lituânia.
Há uma categoria de santos que nascem e se tornam exímios na prática de uma virtude para dar exemplo a toda a Igreja.

Mas, para que a atenção dos fiéis não se desvie deste ponto central, estes santos morrem relativamente cedo, e a sua vida fica circunscrita à prática daquela virtude.

Estes santos nos mostram uma ação de presença na Igreja difundindo o aroma dessa santidade não só enquanto estão vivos, mas depois de mortos.

A vida deles tão precocemente imolada e, em geral, oferecida em benefício da Igreja Católica é um elemento preciosíssimo para a salvação das almas.

A ação, agir, é precioso, mas não é o mais precioso de tudo.

O valor de uma realização interior que justifica inteiramente a existência, embora externamente não se tenha feito nada, isto é o ensinamento que santos como São Domingos Sávio, São Casimiro, São Luís Gonzaga, e tantos outros nos trazem à mente.

É um aspecto desse sol de santidade que é a Igreja Católica Apostólica Romana.

Há outro aspecto: a atitude de São Casimiro vestindo roupas régias, e levando cilício por baixo.

Há ai o equilíbrio do verdadeiro santo. Ele quer fazer penitência, mas sua condição lhe impõe que se vista com pompa principesca.

Urna com os restos de São Casimiro. Vilnius, Lituânia
Urna com os restos de São Casimiro. Vilnius, Lituânia
Como ele não é um progressista, como ele não é um filho das trevas, ele usa tudo quanto é necessário para seu estado. A penitência ele faz também, mas como coisa oculta.

Este santo teve dificuldades com o pai. O pai dele queria que ele conquistasse a Hungria.

São Casimiro, porém, compreendeu por uma razão que para o pai dele parecia frívola, que o Papa dava razão a um outro.

Então, invadindo a Hungria, ele seria um usurpador, e não queria conquistá-la. Havia uma oposição entre a atitude do pai e o desejo do Papa. Como resolvê-la?

Ele foi muito jeitoso. Ele ficou rezando três meses fora até que as coisas acalmassem e depois voltou.

Houve aqui um santo apuro e depois um santo ardil, que devem servir para nós de inspiração.


(Comentário: Plinio Corrêa de Oliveira, 04/03/1964, sem revisão do autor)




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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Os 800 heróicos Mártires de Otranto

Nossa Senhora na capela dos mártires, igreja de Santa Caterina a Formiello, Otranto
Nossa Senhora na capela dos mártires,
igreja de Santa Caterina a Formiello, Otranto
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Em 1480, a Itália celebrava a festa da Assunção com liturgias espetaculares, procissões e, claro, banquetes.

Com a exceção de Otranto, uma pequena cidade da Puglia, na costa do Adriático, onde 800 homens ofereceram suas vidas a Cristo.

Eles foram os Mártires de Otranto.

Poucas semanas antes, a frota turca atracara em Otranto. Sua chegada era temida há muitos anos.

Desde a queda de Constantinopla, em 1454, era apenas uma questão de tempo até que os turcos otomanos invadissem a Europa.

Otranto está mais próxima do lado leste do Adriático controlado pelos otomanos.

São Francisco de Paula reconheceu o perigo iminente para a cidade e seus cidadãos cristãos e pediu reforços para proteger Otranto.

Ele predisse: “Ó, cidadãos infelizes, quantos cadáveres vejo cobrindo as ruas? Quanto sangue cristão vejo entre vocês?”

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Santo Odilon (III), leão pela causa da Igreja e escravo de Nossa Senhora

Luis Dufaur
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Santo Odilon, abade de Cluny, foi exemplo de uma mobilidade e de uma resistência física pouco comuns. Viajava muito, com numerosa escolta.

Jamais deixou-se reter, nem pelas neves abundantes, nem pelas chuvas diluvianas, nem pelos rios transbordados.

É sempre ele que estimula sua tropa, submetendo-a às piores provas de coragem e de resistência.

Verdadeiro condutor de homens, ele o foi nas estradas tanto quanto nos claustros.

Ele o é ainda mais pela continuidade no esforço.

Não somente não se detém nunca, mas tem-se a impressão de que, ao longo de toda sua vida, ele persegue sua missão, imperturbável, quaisquer que sejam suas dificuldades, quaisquer que sejam as infelicidades dos tempos.

Capaz de defender seus direitos, sabe também fazer acomodações, a fim de e-vitar ressentimentos; renunciar por um tempo às suas pretensões legítimas, se julga mais útil contemporizar.

Sobressai nele ainda essa facilidade para se adaptar a cada um, qualquer que seja sua posição, o que Jotsaud considera uma característica da justiça, mas que é também habilidade e senso das realidades.

Este homem de princípios, que durante uma longa vida perseguiu fins precisos, soube entretanto conciliar todos os espíritos e guardar sua independência.

O escravo de Nossa Senhora

Quando era já adulto, entrou numa igreja dedicada à Mãe de Deus, para ali se consagrar a Nossa Senhora. Pôs-se diante de seu altar para a mancipation du col – quer dizer, ele passou uma corda no pescoço e pôs a extremidade sobre o altar – pronunciando a seguinte fórmula de mancipação:

“Ó terníssima Virgem e Mãe do Salvador de todos os séculos. A partir de hoje e para sempre, tomai-me a vosso serviço. A partir de agora, em todas as circunstâncias, sede minha misericordiosíssima advogada. Vinde sem cessar em meu auxílio. Com efeito, depois de Deus, não quero amar ninguém mais do que a vós. Com minha inteira vontade, como vosso próprio servo, entrego-me à vossa dominação”.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Santo Odilon (II), um abade que modelou a Cristandade

Luis Dufaur
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Das palavras de Santo Odilon defluía a alegria. Quando contava qualquer coisa, era de tal modo vivo que nos forçava a rir.

Mas ele, que prendia bem as rédeas, nos indicava logo um capítulo da Regra: “Detestar o riso estúrdio e cadenciado”.

Ou ainda: “O monge não deve ser leviano e pronto a rir, porque está escrito: É o tolo que estoura a rir”.

De um modo ou de outro, prendia nossa hilaridade, mas seu gozo espiritual nos havia sido comunicado e dilatava nossa alma. “Eu me esforçarei – dizia ele – por ser veraz antes que eloqüente. Nosso ministério não se pode permitir as pequenas glórias de um discurso pomposo. Nós nos esforçamos por ser, e não por parecer”.

A temperança vem por último, na lista das virtudes. Por definição, ela guarda a medida e a ordem de tudo aquilo que é preciso dizer e fazer. Santo Odilon a praticava de modo excelente. Em seus atos ou em suas ordens, ele guardava a medida, mantinha a ordem, mostrava uma admirável discrição.

Seguia o conselho de São Jerônimo: como um cocheiro, conduzia seus jejuns, segundo suas forças ou sua estafa. Assim, ele tomava um pouco de tudo que lhe traziam, para evitar o escrúpulo, mas se regrava, sem dar ocasião a ninguém de louvar suas privações.

Suas vestes eram somente as necessárias, sem mais. Elas não podiam ser consideradas nem muito belas nem muito miseráveis. Já que nada vale mais que o exemplo, para fazer entender as coisas, não será fora de propósito contar a história de Guiges, Conde de Albon. Ele foi salvo pela discrição de Santo Odilon, em circunstâncias pouco comuns.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Santo Odilon (I), modelo das virtudes de um abade medieval

Luis Dufaur
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A abadia de Cluny, na Borgonha, França, está comemorando seu 1.100 aniversário.

Ela foi a alma e a cabeça do monasticismo medieval tendo chegado a estar à testa de um conjunto de 30.000 abadias e casas monásticas na Europa toda.

Na construção desse imenso patrimônio moral e cultural destacaram-se certas almas de elite, verdadeiros heróis dos claustros que seguiam as pegadas do grande São Bento.

Esses claustros irradiavam a espiritualidade, a cultura e a civilização para toda a Cristandade.

Dentre esses heróis pouco conhecidos, destacou-se Santo Odilon, quinto abade de Cluny (962-1048). Ele provinha da nobreza de Auvergne. Mesmo antes de completar o ano de provação ele foi eleito coadjutor do Abade São Mayeul.

 E, pouco depois da morte desse santo, foi eleito em 994 abade da gloriosa Cluny. Nesse momento ainda não tinha recebido o sacramento da Ordem.

O pontificado de Santo Odilon estendeu-se por mais de meio século e modelou para sempre o perfil moral de Cluny.

quarta-feira, 7 de março de 2018

A poesia épica medieval captou o maravilhoso que latejava na realidade


Luis Dufaur
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Aquele que pretendeu que os franceses não tinham «a cabeça épica» ignorava a Idade Média. Nenhuma literatura é mais épica do que a nossa.

Não só se inicia com a Chanson de Roland [Canção de Rolando], mas compreende mais de cem outras obras que são tão boas como ela e que continuam um tesouro a explorar.

Todas, ou quase todas, testemunham essa simplicidade na grandeza, esse sentido das imagens, que fazem do autor da Chanson um dos maiores poetas de todos os tempos.

O caráter da epopéia francesa é precisamente este tom simples e despojado que é o de toda a nossa Idade Média: os heróis não são nela semideuses, são homens, cujo valor guerreiro não exclui as fraquezas humanas.

Rolando ou Guilherme de Orange são seres todos cheios de contrastes, cuja valentia arrasta alternadamente desmesura e humildade, excesso e desalento.

Nossas epopeias não são um monótono desfile de indivíduos heroicos e de façanhas prodigiosas.

A valentia é nela estimada acima de tudo, mesmo a dos inimigos e dos traidores, e com ela o sentimento da honra, a fidelidade ao vínculo feudal.

Por isso os heróis da Chanson de Roland [Canção de Roldão] permanecem tão ricos em cores na nossa imaginação:

Rolando, bravo mas temerário, Turpin, o arcebispo piedoso e guerreiro, Olivier, o sábio, e Carlos, alto e poderoso imperador, mas cheio de piedade pelos seus barões massacrados e abatido por vezes pelo peso de sua existência «penosa».

O autor soube evocar esses personagens por imagens e gestos, não por descrições.

Todos os pormenores que ele dá são «vistos» e fazem ver; esse estandarte completamente branco, cujas franjas de ouro lhe descem até aos joelhos, coloca melhor Rolando na beleza resplandecente do seu trajo do que o faria uma descrição minuciosa à maneira moderna.

Os feitos e os gestos dos heróis, seus pensamentos e preocupações são tratados em pinceladas claras e rápidas, com uma arte infinita nos pormenores como tal silhueta, cor, reflexo de um cobre ou o som de um tambor.

São as cintilações que jorram dos «elmos claros» durante a confusão de um combate, os rubis que luzem nas «maças dos mastros» da armada sarracena, ou ainda essa luva que Rolando estende a Deus no seu arrependimento e que o Arcanjo Gabriel agarra.


(Autor: Régine Pernoud, “Luz sobre a Idade Média”, excertos).



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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Antes de ir para o Céu, a Primeira Comunhão do cruzado Vivien


Luis Dufaur
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No campo de Aliscans, o exército cristão, comandado por Guilherme d’Orange – Guilherme do Nariz Curvo – tinha sido derrotado pelos sarracenos. Podiam-se contar apenas quatorze sobreviventes.

Próximo a uma fonte, em um prado, jazia um jovem, quase menino. Apesar disto era um guerreiro que nunca havia recuado.

Tratava-se de Vivien, sobrinho de Guilherme, a quem ele amava como a um filho.