São Nuno Alvares Pereira, o Santo Condestável. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
As relíquias do Condestável Dom Nuno Alvares Pereira, que, em religião, tomou o nome de Frei Nuno de Santa Maria haviam sido conduzidas em solene e concorridíssima procissão pelas ruas de Lisboa.
A finalidade foi pedir a canonização do Condestável, que já tinha as honras de Bem-aventurado.
O religioso é considerado o maior estratega, comandante e génio militar português de todos os tempos, comandou forças em número substancialmente inferior ao inimigo e venceu todas as batalhas que travou. Cfr. Wikipedia Nuno Álvares Pereira
O anseio popular impulsionado pela fama de santidade do Condestável que se fez simples monge foi felizmente atendido em 26 de Abril de 2009. Desde então é cultuado nas igrejas de todo o mundo como o Santo Condestável – formalmente São Nuno de Santa Maria ou linguagem corrente Nun'Álvares.
Dom Nuno Alvares Pereira foi o restaurador de Portugal no século XIV, quando essa nação corria o perigo de cair sob o domínio espanhol, em consequência de grave crise dinástica.
Nesta difícil conjuntura, foi Dom Nuno o braço forte, que apoiou e firmou a novel casa de Avis.
Que um reino passe para uma coroa estrangeira, isto não tem grande importância, se tudo se realiza no seio da Cristandade.
Nos tempos em que a ideia de Cristandade era viva, e correspondia a uma realidade palpável e fundamental, não havia os pruridos de nacionalismo extremado que faz a desgraça de nossos dias, dividindo o mundo em porções arrogantes que se entrechocam.
Naqueles tempos, a expressão normal do patriotismo era a fidelidade ao príncipe legítimo.
E, por isso, não era nenhuma catástrofe que uma nação recebesse o governo de uma Casa estrangeira, coisa que aconteceu frequentes vezes, sem qualquer desdouro para grandes e ilustres povos da Cristandade.
Haja vista, por exemplo, a Espanha, governada pela Casa d’Áustria antes de ser regida até hoje pela Casa de Bourbon francesa.
Portanto, não foi apenas para impedir que Portugal fosse governado por Castela que a Providência lhe enviou o santo Condestável.
São Nun'Alvares Pereira reza antes da batalha de Aljubarrota, Centro Cultural Rodrigues de Faria, Forjães, Esposende, Portugal. |
Em primeiro lugar, estava-se no início do grande cisma do Ocidente. Portugal havia escolhido a obediência de Urbano VI, mas a Espanha escolhera a de Clemente VII.
Ora, Urbano VI era o Papa legítimo, ao passo que Clemente VII era antipapa.
Portanto, se Portugal passasse para o domínio de Castela, passaria, “ipso facto”, para a obediência do antipapa.
E isto é que os portugueses, que sempre se salientaram pela inquebrantável fidelidade, absolutamente não queriam.
O rei de Castela, por seguir o antipapa, era para eles herege e cismático, e simplesmente não era possível que Portugal tivesse um rei herege e cismático.
Este era um dos motivos da Providência a favor de Portugal; e, deste motivo, os portugueses estavam conscientes.
Mas havia ainda outro motivo, que estava apenas nos desígnios da Providência: o Portugal da Casa de Avis ia ser o grande Portugal missionário, cuja preocupação era o serviço de Deus, e cujo ideal era a dilatação dos limites da Cristandade.
Era para isto, para estabelecer as bases de uma nação apostólica, para confirmar um reino cuja razão de ser era a fé, que a Providência enviou a Portugal o santo Condestável.
Para uma obra santa, era também necessário um santo.
Dom Nuno Alvares Pereira sempre manifestou a sua missão predestinada.
Batalha de Aljubarrota 14 de Agosto de 1385. As tropas de D. João I, comandadas pelo condestável D. Nuno Álvares Pereira, British Library, Royal 14 E IV f. 204 recto |
A sua vida guerreira era o corolário de sua vida religiosa.
O grande general invencível, que não conheceu derrotas, e era o terror de seus inimigos, ia buscar a sua força em Deus, em Deus punha a esperança de suas vitórias e, particularmente, apoiava-se em sua devoção filial à Nossa Senhora, a “Santa Maria” de sua grande devoção.
No auge das batalhas, quando a sorte vacila, e o sucesso é incerto, Dom Nuno afasta-se do combate e, num lugar retirado, queda-se longos momentos em oração contemplativa, enquanto os seus capitães o procuravam ansiosos.
Porém, quando ele volta da oração, é como um Anjo do Céu, radiante e cheio de força, que cai sobre os inimigos, fulminando-os, e decidindo a vitória em poucos instantes: o combate continuava a sua oração sobrenatural.
E enquanto foi preciso lutar, ele lutou. Mas quando veio a paz, e o seu rei estava garantido, ele, que podia ter tudo, tudo abandonou, e foi ser o humilde Frei Nuno de Santa Maria.
O grande guerreiro cristão orava e batalhava, porque assim o dever o exigia; agora que ele venceu todas as batalhas, ele vai apenas orar, porque já não há onde batalhar.
Fosse, porém, necessário e lá estaria ele novamente no campo da honra.
Sirva o grande e santo Condestável de exemplo a todos os católicos, principalmente nestes tempos em que a diminuição humana das verdades divinas desfigurou o ideal cristão, transformando-o, não raro, em ridícula caricatura.
Um santo guerreiro não é uma contradição, como o desfibramento do liberalismo religioso o quer considerar, mas é uma sublime coerência.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, Legionário, 2 de julho de 1944, N. 621, pag. 2, apud PlinioCorrêadeOliveira.info)
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Caríssimo, apesar de sêr totalmente verdade o que diz de Dom Nun'Álvres Pereira como Génio Militar, Comandante e Estratega Superiôr, não foi êle o único em Portugal.
ResponderExcluirTivemos vários, especialmente Vice-Reys das Índias, entre outros, o Grande Dom Afonso de Albuquerque.
Para além disso, tôdos êles, não eram só os maiores de Portugal, mas sim alguns dos maiores de tôdos os Tempos no Mundo.