terça-feira, 10 de agosto de 2021

São João Fisher: lampejos heroicos da Igreja até quando é traída por todos

São João Fisher, vitral dos Santos Mártires, catedral Santa Maria, Sheffield
São João Fisher, vitral dos Santos Mártires, catedral Santa Maria, Sheffield
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







São João Fisher foi bispo de Rochester e Cardeal, que o rei apóstata Henrique VIII Tudor mandou degolar em ódio à fé católica e ao primado do Romano Pontífice, no século XVI.

São João Fisher foi companheiro de martírio de São Tomás Moro, mas seu mérito é tanto mais louvável quanto ele estava inteiramente isolado.

Na Igreja da Inglaterra houve uma defecção geral e um dos aspectos mais pavorosos da protestantização do reino foi a indolência e a facilidade com que a massa dos católicos passou para o protestantismo.

Por um interesse político, de conveniência pessoal e de carreira, esses ou aqueles eclesiásticos mudaram infamemente de religião.

Sem dramas de consciência nem nada, o que prova que toda a estrutura religiosa da Inglaterra estava podre.

Essa podridão vinha desde o tempo do mártir São Tomás Becket.

O movimento que ele liderou foi derrotado e a igreja inglesa ficou nas mãos do rei da Inglaterra.

Santo Tomás Moro e São João Fisher, mártires do protestantismo
Santo Tomás Moro e São João Fisher, mártires do protestantismo
Passou a ser uma seita protestante, os atuais anglicanos, que após breve crise previa por comodismo se colocou nas mãos temporais.

Ela tinha feito um pacto com as molezas e vantagens do mundo, que a deixou prestes a aceitar a temporalização e a laicização.

Tomou uma atitude pré-revolucionária, inteiramente infestada do espírito revolucionário.

Quando veio Henrique VIII e fez o cisma contra o Papa, a igreja inglesa caiu preparada por uma longa putrefação prévia.

Excetuaram-se alguns mártires num número maior do que se costuma dizer.

Não foram apenas São Tomás Moro e São João Fisher, mas houve mártires como, por exemplo, os cartuxos decapitados por ordem do rei.

Mas, assim mesmo, o número de mártires não mudou a história.

Dessas noções, a gente depreende alguns ensinamentos.

O primeiro é: como as sucessivas traições vêm de longe preparando as grandes catástrofes.

Medeiam séculos entre São Tomás Becket e Henrique VIII e, entretanto, naquele tempo já começou a putrefação.

Martírio de São João Fischer
A hierarquia eclesiástica e a nobreza que era toda católica foi calando inteira. Quando chegou a tentação, eles se deixaram arrastar por completo.

Segundo: é uma coisa parecida com a situação contemporânea da Igreja.

Porque antes de aparecer o liturgicismo e o progressismo, houve um emboloramento do elemento católico pela inércia em face da Revolução Francesa.

A adesão sem “arrière pensée” às formas democráticas cheias do espírito de Rousseau; a adesão à separação entre a Igreja e o Estado; a aceitação preguiçosa e míope da atmosfera moderna que invadia a sociedade.

Então, a atonia, a indiferença doutrinária, a simpatia para com toda espécie de erro, foi criando uma combustibilidade que pegaria fogo logo que aparecesse a primeira chama do progressismo.

Então, a massa do movimento católico imerge, hoje também, num erro novo e tremendo.

Esse erro operou pelas concessões uma mudança da religião no movimento católico w preparou por meio de concessões.

A história se repete: os grandes processos de atonia e tibieza, de perda da dedicação e da militância católicos, de indiferentismo, preparam a massa católica para fazer as maiores defecções.

São João Fischer, vitral em Harvington
São João Fisher, vitral em Harvington
Terceiro: ao lado disto, há a santidade que permanece na Igreja.

Apesar de todas estas tristezas, ficam os mártires; homens de um caráter admirável, que preferem tudo a ceder diante do adversário.

Eles expõem a própria vida e tudo quanto têm para se manter fiéis à verdadeira tradição e à continuidade eclesiástica.

Quer dizer, até quando a putrefação invade os meios católicos, a santidade da Igreja produz frutos, em verdade excepcionais, mas tão maravilhosos como não se encontram fora da Igreja.

Então a Igreja, ao mesmo tempo em que é traída, renegada, deita uns lampejos que provam a divindade dEla.

É uma afirmação contínua da assistência do Divino Espírito Santo.

Este é um dos melhores exemplos do martírio de São João Fisher.



(Autor: excertos de palestra de Plinio Corrêa de Oliveira em 28-05-1969. Apud PlinioCorreadeOliveira.info).

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