Santa Clotilde, estátua no jardim do Luxembourg, Paris. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Santa Clotilde: esposa apostólica
Aconselhado pelos bispos católicos, Clóvis, rei dos Francos, pediu a mão da princesa Clotilde, sobrinha do rei Borguinhão, o qual havia assassinado os próprios pais para apoderar-se do trono.
Segundo uma tradição, o rei havia dado seu consentimento, mas depois arrependeu-se e mandou uma escolta atrás de Clotilde.
Esta, entretanto, conseguiu chegar ilesa até a fronteira franca, onde Clóvis a aguardava.
Esse casamento foi providencial, pois tanto o rei burguinhão quanto o dos visigodos eram arianos e oprimiam seus súditos, que eram na maioria católicos.
Ora, Clotilde mantivera-se fiel filha da Igreja, e começou a trabalhar junto a seu marido para convertê-lo à verdadeira fé.
Santa Clotilde, estátua na igreja de Saint-Germain-l'Auxerrois, Paris. |
A conversão de Clóvis
Entretanto a graça ia trabalhando a alma de Clóvis. Em 496, durante a batalha de Tolbiac contra os alamanes, o rei franco viu que seu exército estava a ponto de ser aniquilado.
Lembrou-se então do "Deus de Clotilde".
Ajoelhou-se e, com os braços para o céu, prometeu a Jesus Cristo que, se Este lhe concedesse a vitória, nEle creria.
Imediatamente a batalha tomou outro rumo, e os alamanes foram derrotados.
A rogos de Santa Clotilde, São Remígio encarregou-se de instruir Clóvis e seus francos na fé católica.
Contam as crônicas que, quando o santo Arcebispo narrava a Paixão de Cristo àqueles bárbaros, Clóvis ficava indignado com as sevícias que infligiram ao Salvador e, batendo com sua lança no solo, exclamava:
"Ah! Por que não estava eu lá com os meus francos!".
No dia de Natal de 496 foi celebrado solenemente o batismo do rei franco, de sua irmã, e de três mil de seus guerreiros.
Todo o caminho até a catedral de Reims estava engalanado com flores e florões.
O templo sagrado, ricamente adornado, brilhava à luz de uma infinidade de velas em meio a nuvens de incenso.
O rei bárbaro, emocionado, perguntou a São Remígio: "Santo Padre, é este o Céu?"
No momento em que o batizava, disse São Remígio as célebres palavras: "Curva a cabeça, sicambro [um dos nomes dados aos francos]; ama o que queimaste, e queima o que adoraste".
O batismo de Clóvis, escultura em Reims |
Então surgiu no ar uma bela pomba branca, trazendo no bico uma ampola de óleo.
Essa ampola serviu depois para a sagração de todos os reis franceses até Luís XVI, e só foi quebrada pelo deputado Rommé durante a malfadada Revolução Francesa.
Uma alma piedosa extraiu óleo da ampola antes desse crime sacrílego.
Com esse óleo foi reconstituído o bálsamo sagrado e utilizado na sagração do último rei legítimo Luis XVIII.
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