São Leão Magno, vitral da Universidade Católica de America, Washington DC |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
São Leão nasceu em Roma, de pais toscanos, no final do século IV ou começo do V. Já na juventude distinguiu-se nas letras profanas e na ciência sagrada.
Um antigo concílio geral diz dele:
“Deus, que o havia destinado a obter brilhantes vitórias contra o erro e a submeter a sabedoria do século à verdadeira fé, tinha posto em suas mãos as armas da ciência e da verdade”.(2)
Tornando-se arcediago da Igreja romana, serviu sob os Papas São Celestino I e Sixto III.
Hábil diplomata, era ele bem conhecido, pois foi por sua sugestão que Cassiano escreveu em 430 ou 431 sua obra De Incarnatione Domini contra Nestorium (“Sobre a Encarnação do Senhor, contra Nestório”).
E também nesse mesmo ano São Cirilo de Alexandria a ele se dirigiu para interessá-lo em seu favor contra o mesmo herege Nestório.
São Leão foi designado para várias missões delicadas na época.
Em uma delas, em 440, foi enviado pelo Imperador Valentiniano III à Gália, para tentar reconciliar dois dos mais famosos personagens do Império: o comandante militar da Província, Aécio, e o principal magistrado, Albino.
Os dois chefes militares não pensavam senão em suas desavenças em vez de voltar-se contra os bárbaros que estavam às portas do vasto Império.
São Leão encontrava-se nessa missão quando, falecendo o Papa Sixto, foi eleito para sucedê-lo.
Leão foi sagrado no dia 29 de setembro de 440. Um mês depois, pedia ao povo romano, reunido na basílica de São João de Latrão:
“Eu vos conjuro, pelas misericórdias do Senhor, que ajudeis com vossas orações àquele que haveis chamado com vossos desejos, a fim de que o espírito da graça permaneça sobre mim e não tenhais que arrepender-vos de vossa eleição”.(3)
Incansável defensor da ortodoxia
São Leão Magno. Afresco em Subiaco, Itália |
Foi ele extremamente enérgico para a manutenção da disciplina, e muitos de seus sermões e decretos vão nesse sentido.
Esforçava-se principalmente em sustentar a ortodoxia naqueles tempos difíceis para a Igreja e de decadência geral.
“De sua primeira carta, escrita a Eutiques em 1º de junho de 448, à sua última carta ao novo Patriarca de Alexandria, Timóteo Salophaciolus, em 18 de agosto de 460, não podemos senão admirar a clara, positiva e sistemática maneira pela qual Leão, fortificado pela primazia da Santa Sé, teve parte nessa difícil confusão”.(4)
Pouco depois de sua elevação ao sólio pontifício, começou a combater energicamente as heresias que surgiam no Oriente.
Assim, por exemplo, soube que em Aquiléia sacerdotes, diáconos e clérigos, que tinham sido aderentes da heresia de Pelágio, haviam sido readmitidos à comunhão da Igreja sem ter feito abjuração explícita de sua heresia.
O Papa, além de condenar severamente o fato, ordenou que um sínodo provincial se reunisse naquela cidade, no qual tais pessoas fossem intimadas a abjurar publicamente a heresia e a subscrever uma confissão de fé inequívoca.
Outro grave problema que teve de enfrentar foi contra nova onda da heresia maniquéia.
Hordas e hordas de maniqueus, que fugiram da África por causa da invasão dos vândalos, haviam se estabelecido em Roma, onde fundaram uma comunidade maniquéia secreta.
O Papa ordenou aos fiéis que denunciassem esses hereges aos sacerdotes. Em 443, junto aos senadores e presbíteros, conduziu uma investigação pessoal contra a seita, sendo então seus líderes julgados e condenados.
Por influência do Papa, o Imperador Valentiniano III promulgou um edito pelo qual estabeleceu punições contra os maniqueus.
São Leão Magno. Basílica de Santa Ana, Altötting, Alemanha. |
São Leão defrontou-se também com a questão da heresia monofisista no Oriente, defendida por Eutiques, monge de Constantinopla.
Ensinava o monge que em Jesus Cristo havia somente uma natureza; e não duas –– a humana e a divina –– como é o ensinamento correto.
Eutiques já havia sido excomungado por São Flaviano,(5) Patriarca de Constantinopla, e apelou ao Papa. Leão I, depois de investigar a questão, escreveu uma carta dogmática a São Flaviano, com uma exposição serena e profunda da cristologia católica.
No caos das discussões, este foi o guia seguro para os espíritos sinceros, estabelecendo e confirmando a doutrina da Encarnação e da união das naturezas divina e humana de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele urgiu que um concílio se reunisse para julgar o concílio ilegalmente realizado em Éfeso –– que condenara e depusera São Flaviano, inocentando Eutiques – e ao qual denominou de “Concílio de Ladrões”.
Foi assim reunido o Concílio de Calcedônia, sob os auspícios dos imperadores Marciano e Santa Pulquéria, que condenou Eutiques e Dióscoro, patriarca de Alexandria.
continua no próximo post: O leão que afastou o “flagelo de Deus” das portas de Roma
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