quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Balduíno do Machado, conde truculento e justiceiro ‒ 2


Detiveram-se um instante, e viram efetivamente chegar um cortejo de camponeses acompanhando um novo casal. Balduíno avançou até a esposa, e tirando um anel de seu dedo, entregou-o a ela e disse:

— Posto que o acaso conduziu-me pelo vosso caminho, que este acaso seja para vós uma providência. Se tiverdes alguma vez necessidade de mim, enviai-me este anel e pedi minha assistência, ela não vos faltará.

A exemplo dele, cada um dos cavaleiros que o seguia deu um presente à jovem, e a cavalgada senhorial retomou o caminho do castelo.

A oportunidade de usar o anel não se fez esperar. No meio de seu primeiro sono, o conde foi acordado por um de seus escudeiros. Mostrando-lhe o anel, este lhe disse que um camponês ofegante e coberto de pó acabava de trazê-lo da parte da recém-casada da floresta. Balduíno mandou logo que fosse introduzido o camponês, que era irmão do marido.

Relatou que, quando a recém-casada era conduzida à nova residência do casal, fora raptada pelos seis novos cavaleiros. O esposo e seus amigos quiseram opor resistência, mas como estavam sem armas, foram repelidos.

Dois ou três camponeses haviam recebido ferimentos bastante graves, tanto que a pobre jovem não teve senão tempo de jogar o anel, gritando ao seu marido: “Leve este anel ao Conde Balduíno!”

Mas o marido, que quis vingar-se por si mesmo, dera o anel ao seu irmão, incumbindo-o da missão. Em seguida, chamando toda a aldeia em seu auxílio, preparou-se para perseguir os raptores.