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| Santa Joana d'Arco: o poder vem de Deus e Deus só o concede aos reis legítimos |
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continuação do post anterior
A sentença iníqua
Os incríveis sucessos de armas e a sagração do rei em Reims constituíam crimes para os ingleses. Mas esses fatos eram a negação dos erros doutrinários dos legistas reunidos em tribunal sob a égide do bispo Cauchon.
Eles execravam toda ideia de que o poder vem de Deus para os príncipes e defendiam a tese de que ele vem por meio do povo. Santa Joana d’Arc devia ser queimada, concluíam.
Previamente lucubrada, a sentença foi pronunciada em 12 de abril de 1431. Entre outras coisas, dizia:
“Essas aparições e revelações de que ela se ufana e afirma receber de Deus por meio dos anjos e das santas não aconteceram como ela disse, mas constituem decididamente ficções de invenção humana, procedentes do espírito maligno; [...] mentiras fabricadas, inverosimilhanças levianamente admitidas por essa mulher; adivinhações supersticiosas; atos escandalosos e irreligiosos; dizeres temerários, presunçosos e cheios de jactância; blasfêmias contra Deus e os santos; impiedade em relação aos pais, idolatria ou pelo menos ficção errônea; proposições cismáticas contra a autoridade e o poder da Igreja, veementemente suspeitas de heresia e malsoantes [...] ela merece ser considerada suspeita de errar na fé [...] de blasfemar [...]”, etc.
Os juízes um por um aprovaram o acórdão, aduzindo agravantes.
Frei Isambard de la Pierre, O.P., que acompanhou todo o processo, depôs por escrito:
“Os juízes, tanto na condução do processo quanto na elaboração da sentença, procederam mais por malícia e desejo de vingança do que por zelo da justiça”.
No processo foi exigido da virgem guerreira um ato de submissão, ao que ela acedeu. O escrevente Guillaume Manchon perguntou ao bispo Cauchon se devia anotar esse ato. O presidente do tribunal disse que não.
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| Santa Joana d'Arco: conduzida ao tribunal presidido pelo bispo Cauchon |
“Na hora, Joana disse ao bispo: ‘Ah! Vós escreveis bem o que se faz contra mim e vós não quereis escrever o que é por mim’. Acredito que a declaração de Joana não foi registrada e na assembleia se levantou um grande murmúrio”, contou Frei Isambard.
Em parecer favorável à condenação elaborado pela Universidade de Paris, reduto de legistas revolucionários, o tribunal acrescentou uma nova agravante em 23 de maio:
“Por zelo pela salvação de vossa alma e de vosso corpo, eles [os juízes] transmitiram o exame da matéria à Universidade de Paris que é a luz das ciências e a extirpadora das heresias. Após receber as deliberações dessa agremiação, os juízes deliberaram que deveis ser novamente advertida sobre os vossos erros, escândalos e defeitos [...] Não escolhais voluntariamente a via da perdição eterna como os inimigos de Deus que cada dia se esforçam em perturbar os homens, adotando a máscara de Cristo, dos anjos e dos santos, [...] recusai pelo contrário semelhantes imaginações e aceitai a opinião dos doutores da Universidade de Paris e dos outros que conhecem a lei de Deus e as Santas Escrituras”.
Abjuração obtida mediante fraude
No dia seguinte, Santa Joana d’Arc foi conduzida ao cemitério de Saint-Ouen, onde o pregador Guillaume Erard, doutor em teologia, a increpou furiosamente. Depois deblaterou contra Carlos VII:
“Carlos, que se diz rei, como herético e cismático que é, ligou-se a uma malfeitora mulher, infame e cheia de toda desonra, e não somente ele, mas todo o clero que lhe obedece”.
Cardeal de Winchester interroga Santa Joana d'Arco na prisão.
A sentença fora "arranjada" previamente com os invasores.
Paul Delaroche, Rouen, Museu des Beaux-Arts
Com o dedo em riste contra a santa guerreira, acrescentou: “É a ti, Joana, que eu falo, e eu te digo que teu rei é herético e cismático”.
Ela respondeu: “Pela minha fé, meu senhor, com toda reverência, eu ouso vos dizer e jurar sob pena de minha vida que não há um cristão mais nobre entre todos os cristãos e que melhor ame a Fé e a Igreja, e em nada é o que vós dizeis”.
O pregador voltou-se para Jean Massieu, oficial de justiça, e mandou: “Faça-a calar a boca”.
Por fim, o teólogo apresentou-lhe uma folha com uma fórmula de abjuração. Joana, que não sabia ler, pediu ao mesmo oficial de justiça, Jean Massieu, para que a lesse.
Ele leu e depois garantiu que o texto dizia que a santa não portaria mais armas, nem roupas e cabelos como os homens e outros pontos menores.
O texto tinha no máximo oito linhas. A santa assinou, a execução foi suspensa e ela foi trancada num cárcere.
Porém, os juízes incluíram no processo uma abjuração extensa, na qual Santa Joana se confessava culpada dos crimes hediondos a ela imputados.
O mesmo oficial de Justiça depôs: “[O texto] não era o mesmo mencionado no processo; a fórmula que li e que Joana assinou era diferente da que foi incluída no processo”.
No mesmo dia, uma delegação de juízes foi visitá-la na prisão, insistindo em que não devia usar mais roupas de homem. O golpe já estava urdido.
Violências no cárcere
No domingo da Trindade, segundo depôs o oficial de Justiça Jean Massieu, quando a virgem acordou, “um dos guardas ingleses pegou seus vestidos femininos e jogou uma roupa de homem sobre seu leito, dizendo: ‘Levanta-te’.
Joana se cobriu com o traje de homem e disse: ‘os Srs. sabem que isso me foi proibido. Eu não quero esta roupa’. Mas eles se recusaram a lhe devolver as outras roupas, e o debate durou até meio dia.
Por fim, precisando atender às suas necessidades, ela ficou constrangida de sair fora usando o traje de homem. Quando voltou, eles não quiseram dar-lhe outro, apesar de suas súplicas e solicitações.
Esta retomada das roupas de homem foi a causa de sua condenação como relapsa, uma condenação injusta pelo que eu vi e pelo que eu conhecia de Joana”.
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| Carcereiros tentam violar a Santa. Fazia parte da manobra arranjada pelos juízes eclesiásticos. |
“os ingleses a maltratavam e praticavam contra ela violências quando usava roupas femininas. Eu a vi acabrunhada, cheia de lágrimas, desfigurada e mudada, a ponto de ficar com pena dela”. Massieu acrescentou: “Ela me disse que o bispo de Beauvais lhe havia enviado uma carpa, que ela comeu e que ela temia ser essa a causa de seu mal-estar”.
O Pe. Martin Ladvenu O.P. ouviu dela “que após a sua abjuração ela foi torturada na prisão, molestada e surrada, e que um lorde inglês tentou violá-la. Ela dizia publicamente que essa era a causa pela qual retomou o traje de homem”.
O mesmo frade estava na cela quando “entraram o bispo de Beauvais [D. Cauchon] e alguns cônegos de Rouen. Quando ela viu o bispo, disse-lhe: ‘Vós sois a causa de minha morte. Vós prometestes me pôr nas mãos da Igreja e vós me entregastes nas mãos de meus piores inimigos’.
“Na presença de todos, esses eclesiásticos a declararam herética, obstinada e relapsa. Ela disse: ‘Se vós, monsenhores da Igreja, me tivésseis conduzido e guardado em vossas prisões, não teria acontecido isto’”. Na época, existiam cárceres eclesiásticos onde os detentos eram tratados com respeito.
Após a visita, o bispo de Beauvais se dirigiu aos ingleses, que aguardavam do lado de fora:
“’Farewell (adeus); jantem bem, está feito’. Eu mesmo vi e ouvi – continua o Pe. Ladvenu – quando o bispo se regozijava com os ingleses e dizia ao conde de Warwick e a outros diante de todo mundo: ‘Ela foi pega’”.
Tudo acontecera como D. Cauchon desejara.
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS ORAÇÕES CONTOS CIDADE SIMBOLOS







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HERÓIS
ORAÇÕES
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Salve, sono Antonio Gabriele Fucilone e scrivo da Roncoferraro (Mantova, Italia).
ResponderExcluirAvete un bel blog.
Su Santa Giovanna d'Arco, ho scritto qualcosa sul mio blog, http://italiaemondo.blogspot.it/2013/06/santa-giovanna-darco-una-sentenza.html.
Cordiali saluti.