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Mas "seu Senhor” queria muito confiar a guarda desse reino ao rei, ela o levaria a Reims para ser coroado.
Para provar o caráter divino de sua missão, em particular revelou a Carlos VII um segredo que somente ele e Deus poderiam saber.
A retumbante vitória que Joana alcançou, fazendo levantar o cerco de Orleans, conseguiu mudar o quadro de então. O caminho para a sagração em Reims estava praticamente aberto.
Após essa vitória, a donzela foi ter com Carlos VII para apressá-lo a se fazer sagrar em Reims, porque — explicava ela — “eu durarei um ano, e não mais”, como lhe haviam dito as "Vozes". Era preciso, pois, apressar-se.
Após a sagração do rei Carlos VII na Catedral de Reims, Joana afirmou ao Arcebispo daquela cidade:
-- “Praza a Deus, meu Criador, que eu possa agora partir, abandonando as armas, e ir servir meu pai e minha mãe guardando suas ovelhas, com minha irmã e irmãos, que terão grande alegria em me rever!”.
No auge de sua glória, ela não desejava senão retirar-se para a sombra.
No dizer de Dunois, o Bastardo de Orléans, isso fez com que aqueles que a viram e ouviram nesse momento compreendessem que ela vinha da parte de Deus.
Mas Joana cria que sua missão consistia em reconquistar pelas armas todo o território francês sob domínio inglês.
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Entretanto o rei, não lhe deu o apoio necessário. Os soldados insistiram com ela para que continuasse a comandar as tropas. Aquiesceu, mas limitou-se a comandar seguindo os conselhos dos generais, pois suas "Vozes" não mais lhe indicavam o que fazer. Elas se limitavam a lhe dizer que seria feita prisioneira e vendida aos ingleses, mas que confiasse, pois Deus não a abandonaria.
No dia 23 de maio de 1430, em Compiègne, apesar de prodígios de valor, Joana caiu nas mãos dos borguinhões, que a venderam a preço de ouro para os ingleses.
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Consciente de que havia feito bem o que lhe fora pedido, acrescentou: “Tudo o que as vozes me ordenaram, eu o fiz do melhor modo que pude, segundo minhas forças e minha inteligência. Essas vozes não me ordenaram nada sem a permissão e o beneplácito de Deus, e tudo o que eu fiz obedecendo-as, creio ter bem feito”.
Após a farsa de processo, em que essa adolescente analfabeta respondeu perguntas que confundiam até teólogos, ela foi condenada à fogueira.
Morreu a 30 de maio de 1431, lançando um supremo brado de fé e de confiança: "As vozes não mentiram! Jesus! Jesus! Jesus!"
Seu corpo foi inteiramente consumido pelas chamas, mas seu coração, por mais que o carrasco acrescentasse lenha, enxofre e carvão, permaneceu intacto, vermelho e cheio de sangue. Junto com as outras cinzas, foi posto num saco e jogado no rio Sena, por ordem dos ingleses, para que o povo que assistiu comovidíssimo ao suplício não pudesse colher relíquias.
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Uma piedosa tradição reza que esse coração será reencontrado, quando houver a plena restauração religiosa, espiritual e moral do Reino Cristianíssimo.
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A vitória final, com o reembarque dos últimos ingleses, ocorreu em outubro de 1453, 23 anos após o sacrifício que comprou de Deus as graças necessárias para a inteira libertação da França.
Entretanto, os inquéritos preparatórios para a reabilitação de Santa Joana d'Arc já haviam começado um ano antes.
Incentivada e com o apoio do rei Carlos VII, Isabelle Romée, mãe da santa, “resolveu prosseguir a reabilitação de sua filha. Reclamou de Roma a revisão da horrível iniqüidade, e a obteve. Antes de fechar os olhos, teve a augusta alegria de ver o Papa Calixto III reformar, abrogar, anular como mentirosa, ilegal, injusta, a sentença do bispo de Beauvais”.
O Papa designou uma comissão formada pelo Arcebispo de Reims, os bispos de Paris e de Coutances para rever o processo iníquo que condenou Joana d’Arc.
A comissão, após ter estudado todo o processo e ouvido inúmeras testemunhas, concluiu afirmando:
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“Declaramos que Joana, assim como seus próximos implicados, não incorreram na ocasião dessas sentenças em nenhuma nota nem marca infamantes, que ela é pura dessas sentenças e, tanto quanto podemos, nós a inocentamos inteiramente”.
Mas a maior glorificação da donzela de Orleans procederia da Igreja, que a beatificou em 18 de abril de 1909, no reinado do grande Pontífice São Pio X.
Bento XV a canonizou em 1920.
video: Santa Joana d'Arco, estátua em Paris
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