quarta-feira, 13 de março de 2013

Othon I restaurador do Sacro Império

Coroa imperial de Carlos Magno, usada por Othon I
Coroa imperial de Carlos Magno, usada por Othon I
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Othon I, o Grande, restaurador da obra de Carlos Magno



Othon I, segundo os contemporâneos, era um homem grande, de estatura impressionante, de olhos sempre em movimento. Seus olhos estavam constantemente observando todas as coisas.

Logo que subiu ao trono ele encontrou revoltados contra ele e lhe disputando a coroa, o irmão mais velho e o irmão mais moço.

Para resolver a briga, reuniram-se os representantes nobres de toda a nação alemã e decidiram, por eleição, que Othon deveria ser o imperador.

A coroação e unção dele como imperador se deu em Aix-la-Chapelle no ano de 938.

Ele teve guerras em todas as direções. Atacou a França mas não conseguiu conquistá-la. Celebrou a paz com os franceses.

Ao mesmo tempo, ele moveu guerra à Dinamarca e à Polônia nesse tempo pagãs.

O centro do reino de Lotário tinha se deslocado para a Itália e era disputado avidamente por dois carolíngios, Lotário e Besengário. O primeiro morreu e o segundo ficou oprimindo a viúva dele.

Então a viúva de Lotário mandou pedir a Othon que transpusesse os Alpes e fosse em seu socorro na Itália. Ele desceu, libertou a viúva opressa casou-se com ela, ficou rei da Itália e impôs tributo a Besengário. Por esta forma, estendeu seu reino e ficou com seu território consideravelmente ampliado.

Besengário revidou promovendo uma revolta do filho de Othon na Alemanha. O filho era duque da Baviera.

Então ele renunciou a alguns territórios seus em favor da Baviera e lá deixou seu filho. Deu algumas terras a Besengário exigindo que o reconhecesse como rei da Itália e aquietou um pouco essa revolta.

Isto feito, novos inimigos, os húngaros, vinham apontando no horizonte.

Othon I e sua esposa Adelaide, catedral de Meissen
Othon I e sua esposa Adelaide, catedral de Meissen
Os húngaros eram terríveis. No ano 955, somente, é que ele conseguiu, depois de muita luta, acabar com os húngaros. Desta maneira ele estava constantemente em dificuldades por causa da política externa.

Nos ducados étnicos uma porção de duques eram contrários a ele. Othon percebeu que para resolver o caso tinha de depô-los a todos e substituí-los com parentes seus.

Mas era uma tarefa difícil. Primeiro, porque não é fácil tirar-se um duque étnico de um ducado. Segundo, porque os parentes que ele colocou ofereceram muito pouca estabilidade. Estavam sempre se revoltando contra ele.

Foi exatamente o que sucedeu aos parentes do Othon. Não devemos pensar que ele colocava em cada ducado um homem fiel e esse homem aí ficava. Os súditos não gostavam do homem porque ele não era daquele grupo étnico e os homens não agradeciam a Othon como deviam agradecer.

Othon I
A Francônia ele deu a um filho que tinha o nome de Conrado, o Rubro. A Suábia ele acabou tirando a Ludolfo, que era rebelde e deu-o a um genro de Henrique, duque da Baviera. Depois ele também tirou a Baviera de Ludolfo.

Nos flancos dos ducados ele instituiu uma coisa curiosa. Havia os grandes ducados e ele então instituiu, perto dos ducados, os palatinados.

Os palatinados eram territórios que ficavam entre os ducados, mas que constituíam uma espécie de pontos encravados. 
E esses territórios dependiam diretamente dele, eram altamente fortificados e eram as chaves estratégicas para a entrada nos ducados.

De maneira que quando algum ducado fizesse guerra com ele, as tropas dos palatinados marchavam contra o ducado antes mesmo dele ter entrado com suas tropas em ação.

Esse era o mesmo processo com que os imperadores da antiga Pérsia mantinham a unidade do Império. Como o Império era muito extenso eles abriram vias de comunicação magníficas passando todas por pontos estratégicos.

Nesses pontos eles colocaram fortalezas formidáveis em guarnições imponentes. Eles diziam que era para não irritar as cidades.

Mas de fato era impossível a revolta contra eles, porque os pontos de comunicação estavam ocupados. Qualquer revolta que houvesse eles interceptavam e depois debelavam.

Ao mesmo tempo ele era um homem de muito bom gosto e por causa disso compreendeu que se pode muito bem ser, com espírito, com inteligência, com elegância, ao mesmo tempo príncipe espiritual e temporal.

Não ter a situação isolante de muito bispo de hoje que não governa nenhuma terra a não ser espiritualmente. Começou então a instituir principados eclesiásticos.

A parte do rei da Germânia na nomeação dos bispos era muito grande. Ele podia portanto, com seus descendentes colocar em feudos eclesiásticos bispos fiéis a ele e por esta forma ainda agarrar por outro lado o Império.
Trono de Carlos Magno em Aachen, onde foi coroado Othon I

Portanto, sem extinguir os ducados, criando elementos compensadores que evitassem que os ducados extinguissem a própria realeza.

Era uma tendência para instituir o equilíbrio sem destruir o feudalismo. Uma política muito sábia.

Quando Othon se encontrou no ápice de seu poder, ele quis também pensou na sucessão.

O estratagema foi: quando o rei tinha o herdeiro do trono já maduro, ele o fazia eleger como co-rei, de maneira que ficava assegurada a sucessão e a eletividade passava a ser apenas um símbolo.

No ano 961 seu filho Othon, que veio a ser Othon II, foi eleito também rei da Germânia, sagrado em Aix-la-Chapelle.

Othon I, no ano de 962, foi a Roma. E ali ele se fez coroar imperador do Sacro Império Romano Alemão.

Então, neste momento, ele cingia três coroas: a coroa de ferro, que era a coroa de rei da Itália, a famosa coroa da Lombardia; a coroa de prata que era a coroa da Alemanha; e a coroa de ouro que era a coroa de imperador do Sacro Império Romano Alemão.

Este Império abrangia um território muito considerável, o maior território da Europa.


continua no próximo post: Othon I e os problemas no Sacro Império derivados das diversidades étnicas

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