terça-feira, 14 de novembro de 2023

O invicto São Fernando III, Rei de Leão e Castela ‒ 2

São Fernando, altar de Sevilha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Continuação do post anterior

Reconquistando os reinos mouros para Cristo

Após a vitória cristã em Navas de Tolosa os reinos muçulmanos da Espanha entraram em decadência, favorecendo a incorporação de muitos deles ao domínio de São Fernando por meio de pactos ou conquistas.

Os contemporâneos descrevem três grandes virtudes nesse grande guerreiro: a rapidez, a prudência e a perseverança. Quando os inimigos o criam em um lado, ele aparecia no outro. E sabia prolongar os assédios para economizar sangue.4

Foram inúmeras as campanhas guerreiras de São Fernando em sua reconquista da Espanha para Nosso Senhor Jesus Cristo.

O rei-santo tinha apenas 25 anos quando entrou pela primeira vez na Andaluzia. O rei mouro de Baeza veio oferecer-lhe obediência, dizendo-lhe que estava pronto a render sua cidade e assisti-lo com dinheiro e alimentos.

Em 1235, enquanto São Fernando se apoderava de Ubeda e as Ordens militares conquistavam com outras praças Trujillo e Medellin, com apenas 1500 homens.

Simultaneamente seu filho, o Infante D. Afonso – mais tarde Afonso X, o Sábio –, vencia em Jerez de la Frontera o exército do rei mouro de Sevilha, composto de sete corpos de soldados.

O que foi considerado por todos como um feito verdadeiramente milagroso.

Num dia do ano de 1236 estava o rei-guerreiro com sua mãe à mesa para o almoço, em Benavente, cerca de León, quando chegou um cavaleiro a toda brida para avisá-lo de que alguns cristãos haviam conseguido apoderar-se do bairro de Ajarquia, nos arrabaldes de Córdoba, antiga capital do império muçulmano, na época com 300.000 habitantes.

Sitiados, pediam socorro ao monarca para enfrentar os inúmeros mouros que os cercavam.

Sem provar nenhum alimento, São Fernando levantou-se imediatamente e foi reunir seus guerreiros para socorrer os bravos súditos. Isso feito, eles cercaram a cidade de Córdoba.

São Fernando, urna com o corpo do santo, Sevilha
O soberano foi apertando cada vez mais o cerco, até que no dia 29 de junho, festa dos gloriosos Apóstolos São Pedro e São Paulo, o exército cristão entrou na antiga capital dos califas, havia 525 anos em poder dos infiéis.

A mesquita maior da cidade foi purificada pelo bispo de Osma e transformada em igreja dedicada a Nossa Senhora.

Um fato simbólico: tendo o mouro Almanzor dois séculos antes conquistado a Galícia, havia feito transportar os sinos do santuário de Santiago de Compostela até Córdoba em ombros de cristãos.

Pois bem, em reparação por esse ultraje, São Fernando mandou que os sinos fossem restituídos ao seu local de origem em ombros de mouros!

Triunfo da Cruz sobre o crescente

O cerco de Sevilha, em 1247, foi uma das mais notáveis empresas daqueles tempos. Durante 20 meses os mouros resistiram, pois o calor e as enfermidades pareciam lutar em seu favor.

Contudo, o rei-santo não desistiu. Tanto mais que não tinha pressa, tendo ele e seus guerreiros chamado suas mulheres e filhos para o cerco.

São Fernando havia trazido até mesmo os futuros povoadores para Sevilha, homens de todas as regiões e de todos os ofícios.

Finalmente Sevilha capitulou. Cantando hinos religiosos e portando um andor com a imagem da Virgem vitoriosa, um estupendo cortejo de cem mil homens entrou na cidade conquistada.

Foi um brilhante triunfo da Santa Cruz sobre o Islã. De todo o antigo império mouro restava apenas o reino de Granada.

São Luís, rei de França, congratulou-se com seu primo pelo sucesso e enviou-lhe um fragmento da coroa de espinhos e outras preciosíssimas relíquias que São Fernando mandou colocar na catedral de Sevilha — outra grande ex-mesquita purificada e consagrada ao culto cristão.

Havendo, com exceção do reino de Granada, expulsado os mouros de quase toda a Espanha, São Fernando preparava-se para ir plantar a fé na África quando foi acometido por mortal doença, apesar de ter somente 52 anos de idade.

Depois de receber todos os sacramentos da Igreja, faleceu piedosamente no dia 30 de maio de 1252, indo receber no Céu a recompensa demasiadamente grande que Deus reserva para os seus eleitos.

Assim um autor o descreve: “Elevada estatura, agilidade de movimentos, distinção e majestade nos modos, doce e forte ao mesmo tempo, amável com firmeza, reúne em maravilhosa harmonia as qualidades do guerreiro e as de homem de Estado”.5

(Fonte: Plinio Maria Solimeo, “Catolicismo” nº 725, maio de 2011)


Notas:
1. Cfr. Edelvives, El Santo de Cada Día, Editorial Luis Vives, S.A., Zaragoza, 1947, tomo III, p. 302.
2. Fr. Justo Pérez de Urbel, O.S.B., Año Cristiano, Ediciones Fax, Madrid, 1945, tomo II, p. 481.
3. Edelvives, op. cit. p. 304; Urbel, p. 482.
4. Urbel, id. ib. p. 484.
5. Urbel, op. cit., p. 487.
Outras obras consultadas:
- João Batista Weiss, Historia Universal, Tipografia La Educación, Barcelona, 1929, tomo VI, pp. 595 e ss.
- Carlos R. Eguía, Fernando III de Castilla y León, El Santo, in Gran Enciclopedia Rialp, Ediciones Rialp, Madri, 1972, tomo X, 41 e ss.






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